II

3.1K 133 11
                                    

Desde pequena minha vida sempre foi uma confusão. Não sabia quem eu era, o quê eu era e o que eu fazia em uma sala policial.
Naquela época eu tinha seis anos de idade.

Eu possuía olhos verde-mar (ainda os possuo), cabelos longos, cacheados, e castanhos quase pretos. Sempre fui um pouco abaixo da altura normal. Media 0,70m. Minha pele era branca bem clarinha, com covinhas rosadas na maçã do rosto.

- Vamos, querida! Vou lhe levar até a sua mãe - disse uma mulher bem alta, em relação a minha visão periférica, de cabelos castanhos curtos e lisos. Ela tinha olhos azuis vivos e era um pouco bronzeada, o que parecia ser o efeito do sol em sua pele. - Confie em mim - disse ela- Não vou deixar ninguém lhe machucar.- ela estendeu a mão para que eu pegasse. Eu hesitei uns momentos antes de lhe dar a minha. Saímos do que parecia ser uma delegacia e fomos para um carro preto que estava estacionado na porta do prédio.

- Entre, Stephanie. - falou a mulher, gentilmente.

- Quem é você? - perguntei

- Susan. Mas agora quero que você entre no carro e durma um pouquinho. Foi uma noite agitada, principalmente para você.

Entrei sem dizer mais nada. Só quando eu sentei no banco percebi como eu estava exausta. Logo que coloquei a cabeça na almofada preta macia, que estava lá no carro, durmi. Foi um sono sem sonhos, mas quando acordei pareciam ter passado horas.

- A bela adormecida acordou! - disse outra mulher que estava no banco do passageiro. Ela era tão alta quando Susan, mas suas semelhanças paravam ali. Essa mulher tinhas cabelos loiros, e cacheados como os meus. Eles eram bem longos. Seus olhos eram verdes parecidos com meus também, mas sua pele era mais rosada que a minha. Logo a reconheci.

- Mamãe! - disse eu entre lágrimas. Ela apenas sorriu.

- Va... olha lá quem acordou! Você está melhor querida? Está com fome? - Susan apercebeu na janela do motorista.

-Um pouco, mas acho que não quero comer nada...- ainda estava me recuperando das lágrimas que insistiam em cair. - Você pode me dar um pouco de água?

- Filha, você tem que comer um pouco. Vai fazer doze horas desde a sua última refeição.

- Sua mãe tem razão, pequena. Vai demorar mais uma hora até chegarmos.

- Okay. Eu como um pouquinho. Mamãe, onde estamos? Para onde vamos?

- Vamos para a escola Safira Black's, é lá que você vai estudar. A mamãe não tem como ficar com você o tempo todo, e daqui algumas horas teremos que nos despedir. Você entende?

Eu estava em uma confusão de sentimentos. Não entendia ao certo o que estava acontecendo. Eu estava dentro de uma bolha de medo, que crescia a todo momento. Só balancei a cabeça em concordância, pois minha mãe usava um tom sério, muito, muito sério para falar aquilo. Tive medo de dizer o que eu pensava. Estava com temor de que ela não me quisesse e essa suposta escola fosse, na verdade, um orfanato frio e medonho.

Nesse meio tempo Susan voltou com uns saquinhos de lanche do McDonald's. Meus olhos brilharam quando percebi que vinha com um brinquedo. E minha mãe sorriu para Susan. O resto da viagem passou como um borrão.

Quando estávamos perto da escola minha mãe disse:

- Ali,filha! - ela apontou para o que parecia ser vários e imensos muros. - Ali foi onde a mamãe estudou também. Você vai adorar o campus, ele é gigantesco e os professores são ótimos. Sem falar que aqui é lindo na primavera. Mas agora, no inverno, tudo fica coberto de neve, e os lagos congelados. Você gosta de patinar?

- Nunca tentei, mãe. Acho que parece ser divertido. Mas eu gosto da neve, é linda!

Ela ficou satisfeita com o enorme sorriso que dei. E ele não era falso, nada do que eu disse era. Amo muito a neve e o inverno. São aconchegantes e desafiantes. E ela tinha razão, adorei o campus.

Quando saímos do carro, fomos em direção ao maior prédio que eu já havia visto.

- Aquele é o prédio da administração. - disse ela - É lá onde fica a sala da diretora, Sra. Hank's. Ela dá medo no início, mas é bem divertida.

Minha mãe tem um senso de humor muito estranho. Quando subimos a escada que levava à sala da diretora e entramos lá, na cadeira atrás da mesa estava uma senhora, não muito velha. Ela tinha cabelos negros, lisos e presos em um rabo de cavalo. Sua pele era bem pálida. E seus olhos castanhos mostravam frieza. Ela não era muito alta. No máximo media 1, 70m. Deduzi que fossa a Sra. Hank's.

- Sejam bem vindas, senhoritas. - disse a senhora - Sou a Sra. Hank's - ela dirigia-se a mim. E fiquei orgulhosa por ter acertado. Mas sua voz era alta, clara e carregava uma certa frieza que fazia com que o ambiente se tornasse mais frio. Sua sala tinha cores pastéis e era bem grande. Ao lada da porta tinham dois homens vestidos de preto. E atrás da mesa havia uma enorme janela. No teto, pendia um lindo candelabro dourado, com imitações, muito boas, de velas. - Você deve ser a Srta. Jackson. É um prazer conhece-lá enfim. - ela me lançou um sorriso medonho. Mas eu escondi meu medo e mantive o olhar alto quando respondi:

- Sim, sou eu. E o prazer é " todo" meu. - dei ênfase para o "todo", pois eu queria desafia-la. Sabia que não devia, mas não pode evitar. Minha mãe percebendo isso, colocou as mãos sobre o meu ombro.

- Sra. Hank's, posso leva-lá ao dormitório? Minha filha teve uma noite agitada, como bem o sabe, e está cansada. - ela deu um sorriso simpático e diplomático.

- Ora, é claro que não! A Srta. Stuart pode leva-la. Preciso falar a sós com você, querida Jane. - ela lançou-me outro olhar desafiante. Mas antes que eu pudesse falar algo, Susan intervil:

- Tudo bem, então. Vamos, Stephanie. - ela pegou minha mão e quase me arrastou para fora daquela sala. Saí sorrindo.

Destino Estranho.Onde histórias criam vida. Descubra agora