- Hã, claro - respondi.
- Bom, vamos de elevador ou escada?
- Se importa de ir pela escada?
- Não. Mas vou avisando, meu quarto fica no sexto andar.
- Maneiro. Vamos?
- O...kay.
Nos dois primeiros andares, subimos em total silêncio, até que eu resolvi falar:
- Andou sozinho todo esse tempo?
- Não sou muito sociável.
- Ow, e por isso está me levando para ver o seu quarto?
- Não. Com você é...diferente.
- Como assim diferente?
- Não sei. Acho que sempre quis falar com você e com o Jason. No início não. Pensei que seria mais uma "donzela em perigo". - ele fez aspas no ar. - Mas, depois que vi você criando sua própria reputação, vi que era independente. Meu pai sempre me falou muito de você. Que, você é uma caixa de surpresa. E possivelmente a mais intrigante que ele já viu.
- O Bolota só sabe falar de mim?
- Haha - riu roucamentente- Ele tem uma enorme afeição por você.
- Isso lhe magoa?
- Não. Acho que também tenho. Quer dizer. Não falávamos muito um com o outro.
- Eu sei. Acho que, nunca falei com você, porque...sei como é querer ficar só.
- Sabe?
- Claro. Tem horas, que não dá para ficar com muitas pessoas ao seu redor. É agonizante. Então, se sente obrigado à encontrar um refúgio. Eu não sei você, mas me sinto muitas vezes assim. Na maior parte do tempo.
- Acho que, penso parecido com você.
- Impressionante.
- O que?
- Como tantos anos uma pessoa igual à você, que se daria tão bem com você e que todo tempo estava ali e você não viu. Nenhum dos dois viu. Mas, agora aqui estamos.
- O destino trás coisas estranhas.
- Não. Ele só não é compreendido. A vida é baseada em escolhas. E essas escolhas regem nosso destino.
- Que profundo.
- Não era você o gótico?
-hahahaha! - rimos juntos.
Despois de mais algumas escadas, chegamos ao dormitório do Jack.
Me vi surpreendida. Era duas vezes maior que o meu. A decoração era incrível, em tons de preto, azul e prata. Tinha uma cozinha, um espaço para a cama e mais uma outra cama na janela, um banheiro e dois closets.
- WOW! - Exclamei.
- Gostou?
- É bem legal! É duas vezes maior que o meu.
- A nobreza trás alguns luxos a mais. Vem, vou lhe mostrar minha biblioteca particular.
Então ele abriu um dos closets e me levou para dentro. Deu dois toques em uma parede e uma passagem secreta se abriu. Lá havia uma biblioteca!
- Isso é...simplesmente incrível!
- Olha, eu não sei quem é seu pai. Mas meu avô me disse que se um dia eu fosse seu amigo, deveria lhe ensinar algumas coisas.
- Que são...?
Ele pegou um livro de capa de couro preta e prata. Com uma lua azul no centro.
- Esse livro conta sobre filhos de semideuses. E filhos de parentes deles. Acho que seu pai deve ser um parente, ou ter alguma coisa haver.
- Sua família não é a única que teve um semideus. Tem os Clow e os Novask e tem uma francesa também.
- Sim. Então, seu pai pode ser de uma dessas famílias.
- Acho pouco provável. - suspirei.
- Ainda assim, meu avô me pediu para fazer uns testes com você.
- Okay. Não tenho a perder mesmo.
- Tá. Então, vamos começar procurando seu parentesco com os deuses. Que pode também vir da sua mãe.
- Está bem.
Ele pegou uma seringa e esperou no meu braço. Tirou um pouco de sangue, e deixou mais um pouco escorrer. O que escorria da minha pele, pingou na capa do livro, que se tornou prata e azul de imediato.
- O que isso significa?
- Que você possui uma herança divina, e como são duas cores, indica que é mais de uma herança. Mas eu tenho que fazer uns testes com seu sangue, para saber de qual deus é.
- Okay.
- Agora vamos ver o livro.
Ele abriu o livro no índice, e uma palavra me chamou atenção.
- Espere. Eu...eu conheço essa palavra. Ela vem do grego, não? Dracaenai.
- Sim. Vem. Mas é de uma língua secreta dos vampiros. No século XV nossa sociedade criou um clã secreto. A ideia era que fosse uma organização para manter os vampiros na linha. Mas quando os Ivashkovi tomaram o poder do clã houve uma guerra. Ela meio que foi apagada da história. Mas os anciãos criaram uma nova lingua, chamada Dracaenai. Ela há muito foi esquecida. Mas reza a lenda, que eles não foram exterminados. Que ainda recrutam aqueles que querem vingança ou apenas um lugar novo. Eles não são maus. Apenas são mal compreendidos.
- Está errado.
- Como assim?
- Falta uma parte na sua história.
- Qual?
- No século XVI os anciãos foram secretamente caçados. Grande parte for exterminada. Mas Rose Soryal sobreviveu. Ela criou a língua nova. Ela é escrita em códigos. Por isso, nunca encontraram o esconderijo deles até hoje. Por isso os livros de historia dizem que são lendas a existecia desse clã. Mas isso é só porque não sabem admitir a derrota e o fracasso. Não sei porquê, mas sempre gostei nesses assuntos. Parece que, eles me....atraem. Entende?
- Sim. É como uma paixão?
- Sim...Não..
- Sim ou não?
- Não exatamente.
- Uhum. Vem, vou ligar para o meu avô. E eu estou morrendo de fome. Quer comer alguma coisa?
- Claro - respondi levantando em um pulo e indo para a porta. Não tinha saído do biblioteca quando escutei:
- E quando você não está com fome, Sophye?
Apenas sorri e me sentei na cadeira da escrivaninha dele.
- Oi vô. - disse o Jack sentando em sua cama com o celular no ouvido.
- Ta sim. É a diretora me colocou de castigo....qual o castigo?...andar com a sua...-ele olhou para mim e ergueu uma sombracelha- hã...com a Sophye... Okay...sabe o caminho, não é?.....não se esqueça da comida....tchau vovô.
- Vovô? Que meigo! - disse eu rindo.
- Não enche.
- Ficou nervosinho, é?
- Você não tem mais o que fazer não?
- Na verdade não tenho, não.
- O...kay. Já vi que essa semana vai ser longa!
- Espero que se divirta!
Então alguém bateu na porta e o Jack se endireitou e foi atender.
- Hey! Oi vovô! Entra.
- Certo. - então James entrou no quarto.
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Destino Estranho.
AdventureStephanie Sophye Jackson tem uma vida turbulenta desde que se entende por gente. Ela é bastante dura, porém não é de ferro, tem seus pontos fracos. Ela sonha em com uma paz inexistente e se depara com pessoas escandalosas e traiçoeiras. Mas o que el...