Prólogo

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(...)

Como é imensa a felicidade da virgem sem culpa.
Esquecendo o mundo, e pelo mundo sendo esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças!
Cada prece é aceita, e cada desejo realizado;
Trabalho e descanso mantidos em iguais períodos;
Obedientes sonhos dos quais podemos acordar e chorar;
Calmos desejos, afetos sempre furiosos.
Deliciosas lágrimas, e suspiros que boiam no paraíso.
Graça que brilha a seu arredor com raios serenos.
O murmúrio dos anjos arrulha seus sonhos dourados.
Por sua eterna rosa que floresceu no Éden.
E as asas dos serafins derramam perfumes divinos,
Para ela, o esposo prepara o anel nupcial,
Para ela as brancas virgens cantam a canção da boda,
E ao som das harpas celestiais ela morre
E se desfaz em visões do dia eterno.
(...)"
A Terra desolada – T. S. Eliot

Finalmente o sinal bateu, sinalizando o final do meu expediente. Minha cabeça estava explodindo com o barulho, as crianças estavam bem agitadas hoje.

— Bom, crianças, estão liberados. — Recolhi minhas coisas e sai logo após os alunos.

Encontrei a professora Dóris, ao sair da minha sala.

— Enfim, encerramos o dia.

— Sim, estou bem cansada, hoje as crianças estavam tão agitadas.

— Nós sabemos que elas adoram você, mas nesse ano, os meninos estão terríveis. Peguei uma aula sua, quando estava doente e não pôde vir.

— Bom, eles estão crescendo e deixando de ser crianças, esses dias, colocaram chiclete no cabelo de Laura. Passei quase duas horas conversando com os pais.

— Isso é normal, eles crescem e começam a aprontar. — Continuamos a conversar, até chegar na sala. Coloquei os livros e meu estojo no armário e peguei minha bolsa. Pelo resto do dia, relaxaria na minha varanda, observando o movimento da rua, e acompanhada de um vinho do mercado.

Meu apartamento era perto da escola, então eu ia e voltava andando. A rua estava calma, ouvi quando um carro se aproximou, olhei de relance e observei uma BMW preta.

Voltei a olhar para frente e andei mais rápido. Ao chegar em frente ao prédio, procurei a chave na minha bolsa, surpreendentemente o carro parou na frente. Respirei fundo e virei para encarar a pessoa que saia do carro.

— Senhorita Maya Johnson. — O homem, careca e alto, abriu a porta do carro. — Por favor, entre.

— Entra? Não, não vou entrar aí.

— Por favor, senhorita Johnson.

— Já disse, não entrarei nesse carro e com licença. — Dei as costas a ele, mas quando ouvi, uma voz mais grossa, que me fez arrepiar.

— Deixe, Nicolas. — Eu me forcei a não virar e descobrir o dono daquela voz.

— Como você quiser. — Fingi não querer conhecê-lo e abri o portão.

— Maya, só um minuto da sua atenção. — Suas mãos suaves tocaram o meu braço, de certa forma, eu sabia quem era ele.

— Um minuto e mais nada. — Apertei a alça da bolsa, tentando não parecer muito nervosa e me controlar. Ao me virar, fiquei sem fôlego, o homem das minhas cartas.

— Pois não...

— Luke, Luke Petkovic. — Eu conhecia aquele homem e finalmente ele tinha um rosto...


Senhor Perigoso - DEGUSTAÇÃO - 1º - Série SenhoresOnde histórias criam vida. Descubra agora