P.O.V Kaira
A noite estava fria, apesar disso não me incomodar. Os celestiais não se importam com a temperatura, salvo em caso de uma batalha com a casta dos ishins, elementares entre os anjos. E como sou uma ishin do fogo, o vento gelado do fim de tarde de Nova York não me dizia nada.
- E então, centelha? Vamos?
Suspirei. A impaciência dos querubins acaba com qualquer momento. Estávamos em no meio da Manhattan Bridge (ponte de Manhattan), e eu parei para admirar a linda vista do rio East. Apesar da ousadia dos humanos em poluir e explorar a natureza para sua preciosa evolução, é necessário admitir que eles conseguem fazer coisas lindas, e suas cidades são impressionantes.
Nada que se compare às magníficas cidades dos sete céus, mas em sua simplicidade eles realmente se superam.
- Temos uma missão, arconte. Avlon está certo em nos apressarmos.
E mais uma vez sou tirada de meus devaneios por outro querubim. Nosso coro era formado por Urakin, o punho de Deus; Ablon, o general; e eu, uma ishin do fogo, arconte e sentinela designada pelo próprio Jeová. E em toda a história, desde a criação do firmamento, nunca houve uma única vez em que os sete céus responderam a um chamado dos reinos etéreos.
- Vamos então - resolvi, já que não conseguiria apreciar a linda vista com os dois brutamontes me enchendo. Abrimos nossas asas e levantamos vôo.
Fomos em direção ao extinto Empire State. Agora, mesmo de longe podíamos ver as muralhas do então Novo Olimpo. A ilha de Manhattan tinha uma cidade etérea dentro dela: a cidade dos deuses olimpianos. Em uma reviravolta nunca vista antes, os seres das trevas e do caos se uniram em uma aliança profana e nevasta, atacando o Olimpo e matando o rei Zeus.
Uma carta foi enviada aos arcanjos, e as guerras civis dos celestiais foram suspensas para que pudéssemos entender o que estava realmente em jogo.
Ao nos aproximarmos do portão sudeste, ouvimos o alerta. Centenas de guerreiros voaram ao nosso encontro, e quando flechas foram tiradas em nós, Urakin berrou a plenos pulmões.
- Olimpianos! A arconte Kaira, centelha divina, sentinela designada por Jeová e diplomata dos sete céus vem em nome dos quatro arcanjos para se encontrar com o rei Poseidon, senhor do Olimpo.
Um guerreiro voando em uma carruagem puxada por um... Javali? Bem, ele se adiantou. Vi Ablon se retesar e pude ver a encrenca se formando.
- Ares - disse Ablon.
- Ablon - respondeu Ares, que descobri em meus estudos ser filho de Zeus. - Não pensei que o veria novamente.
- Muito menos eu. Em todo caso, estamos aqui a convite do rei Poseidon.
- Sim. O velho alga marinha acha que não daremos conta do que virá, então saiu mandando cartinhas para todo mundo. Bem, fazer o que. Sigam-me.
Não era bem essa a recepção que eu esperava. Ainda bem que Rafael aconselhou Miguel a não vir pessoalmente. Esquentado como o primogênito era, aquela demonstração de pouco caso iniciaria outra guerra etérea.
Descemos até o portão.
- Porque simplesmente não voamos por cima, diretamente para o palácio de Poseidon? Perguntou Urakin. Querubins eram práticos e nada mudava isso.
Ares olhou para ele com desdém.
- Não pense que sou idiota. Sou um deus da guerra, franguinho alado. Não vou revelar para vocês nossas defesas mágicas. Só lhe digo que, pode tentar voar por cima dos muros se quiser.
E continuou rindo. Alguns Olimpianos juntaram-se a ele, uma cinco ou seis. A grande maioria voltou para o que quer que estivessem fazendo antes de chegarmos.
Nós os seguimos, pois não tínhamos ideia de onde era o palácio.
- Apesar de estarem em constante atividade civil, eles estão preparados para a menor das ofensivas - disse Urakin.
- Eles não são tolos - retrucou Ablon. O Olimpo foi um dos reinos em que fracassados nas guerras etéreas. Ares especialmente levou muitos celestes à morte com suas habilidades e sede de sangue. É um adversário valoroso.
Urakin olhava todos os habitantes daquele reino. Centauros, sátiros, ciclopes, ninfas, harpias... Seres que eram considerados mitos por muitos, transitavam por ali normalmente. Eu mesma estava pasma com a variedade de raças presentes.
A arquitetura também era linda. Uma inusitada mistura do período romano com as técnicas modernas de construção. As coisas simplesmente se encaixavam. Não haviam casas feias, pois as mais simples eram bem trabalhadas.
De uma caldeira, saiu um homem forte, rústico, com avental de couro e sem camisa. Usava uma calça jeans e botas de proteção. Ergueu os óculos de segurança quando chegou perto dos anjos. Olhando diretamente para Kaira, perguntou sem rodeios.
- Sua criança. Ela está bem.
Levei algum tempo para responder.
- Sim... Sim, está. Como a conhece?
Ele parecia constrangido.
- Seu marido, Denyel. Eu o conheci e fiz umas balas para a bereta dele antes da batalha no Hades. Anjos e deuses lutando juntos... Bem, os fatos se espalham.
Levei um tempo para me recuperar. Pensei que minha filha estaria longe das bocas das pessoas, fossem anjos ou seres etéreos. Pelo visto, estava enganada.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o grandalhão acenou com a cabeça e virou-se para voltar ao seu trabalho. Deu apenas dois passos antes de voltar a cabeça por cima do ombro.
- Denyel era um bom homem. Se algum dia sua filha precisar de uma boa arma, e eu torço para que esse dia não chegue, fale para ela procurar por Hefesto, o ferreiro dos deuses. Tenho algo especial para ela.
E virando-se, voltou a andar em direção às batidas de ferro e aço sendo forjados.
- Sabe - disse Ablon, enquanto retomavam o caminho, onde um Ares bem nervoso aguardava por eles bem mais a frente -, ele tem razão. O que vocês fizeram, unindo celestiais e seres etéreos em um único propósito... Isso não é qualquer coisa. É importante. Creio... Creio que vocês deram o primeiro passo para que as coisas dêem certo aqui hoje.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, uma voz forte e amável saudou-nos.
- Salve Kaira, centelha divina; Urakin, punho de Deus; e Ablon, o general dos renegados. Sou Poseidon, rei do Olimpo. Sejam bem vindos ao primeiro Concilio dos Impérios.
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O legado dos deuses - Os Heróis do Olimpo, Crônicas dos Kane, Magnus Chase
FanfictionO Olimpo, maior reino do Maat, caiu. A legião de monstros servidores à Aliança Imortal era numerosa demais. Foram inúmeras as baixas no exército Olimpiano, muitos os que fugiram e maior ainda o número de traidores, que se juntaram ao inimigo. Só exi...