Amor a distância {BOOK ¹}

Desespero (Fim)

LAUREN

Já se fazia um mês que eu estava nesta maldita ilha, ficar presa aqui faz todo o meu amor pelo mar se dissipar um pouco a cada dia, tornando-se quase o meu pior pesadelo. Em compensação Alexa estava adorando, quase todos os dias me enchia de pedidos para irmos até a praia para que ela pudesse fazer seus castelos de areia, mas eu tentava não ir todos os dias ou não aguentaríamos de tanto tomar sol.

Felizmente a pequenina não se mostrava mais tão triste quanto no início tampouco me perguntava sobre seus pais ou suas irmãs, entretanto antes de dormir sempre me questionava quando voltaríamos para casa, mas eu tentava contornar toda aquela situação embaraçosa contanto mais uma das histórias dos livros que estavam entre os brinquedos que Cody comprou antes de pararmos nessa situação.

Conviver com Alexa estava fazendo com que sentimentos novos surgissem dentro de mim, algo como amor, fraternidade e empatia, sem contar todo o carinho que surgira desde que meus olhos encontraram a pequena criança chorosa sob a cama totalmente frágil, amedrontada e indefesa. A única coisa que eu queria era poder cuidar dela e deixá-la segura, poder fazer com que ela se sentisse em segurança e acho que funcionou.

Eu nunca havia pensado em ser mãe, talvez em algum momento ou outro eu já tivesse imaginado como seria, mas não era algo do qual eu desejasse constantemente como o meu sonho de ser fotógrafa e de inaugurar a minha galeria. Mas até que esta idéia tem me rodeado a alguns dias, cuidar da menina estava fazendo um sentimento materno ferver no meu peito como uma faísca pequena que talvez comecasse a crescer em breve e me incendiasse por inteira. Certo de que cuidar de uma criança já um pouco mais crescida é muito descomplicado e desenvolvido, mas eu cuidava da criança tão bem que talvez não houvessem problemas caso tivesse um bebê, mas obviamente pensar em ser mãe nessa situação não era a coisa mais inteligente a se fazer, ainda mais com o homem do qual vem me mantendo em cativeiro como um passarinho.

Ultimamente Cody vinha se mostrando mais calmo, pensativo e amoroso, mas vez ou outra ainda tinha os seus acessos de raiva e possessão. Eu tentava ter empatia por ele e entender todas as razões por ele ter feito tudo isso, entretanto não funcionava, a única coisa que eu conseguia nutrir por ele era raiva. Raiva por tudo o que ele estava me fazendo passar por nao compreender que eu não o amo mais e talvez nunca tivesse o amado, raiva por não ter mais voz sob a minha vida e ter que viver como um cachorrinho obedecendo ordens do seu maldito dono, raiva por não conseguir mais ver o lado bom da vida e isso estava me matando aos poucos e talvez rápido de mais.

Nojo também é um dos sentimentos que vêm crescendo dentro de mim durante esse mês, nojo por todas as vezes em que era obrigada a me deitar com ele e ter de deixá-lo me tocar em todas as partes do meu corpo, tudo para não acabar sendo agredida novamente, já não aguentava mais apanhar. Na maioria das vezes eu me embriagava para não acabar vomitando e também me ajudava a me entregar, mesmo que a contragosto, para o maldito homem.

- O que você tanto pensa, querida?

Cody surgiu em minha frente e tocou meus cabelos, eu já havia perdido todas as forças para protestar contra suas aproximações carinhosas, até porquê ir contra ele era um pedido para ser maltratada como um cachorro, aliás nem deveria estar fazendo essa comparação, animal nenhum deveria ser tratado desta forma tampouco eu mesma.

Às vezes eu até me permitia sentir seus carinhos, mas era somente quando me sentia extremamente carente e precisava sentir algo mais humano. Alexa supria isso algumas vezes, mas ela é muito pequena para entender certas coisas mais profundas, como a minha carência de Camila.

- Odeio quando você não me responde, Lauren!

Cody voltou a dizer e eu iria continuar em silêncio, por algum motivo desconhecido eu estava me sentindo estranha hoje. Uma mistura de desespero, saudades e toda a esperança que eu tinha no começo havia desaparecido completamente, já não conseguia mais imaginar que no fim tudo acabaria bem.