Deixamos a área em frente a Floresta da Luz e o cemitério dos vagões de trem que era próximo dali, onde vivem algumas pessoas aglomeradas. Era possível a distância notar diversas pessoas vivendo no local. Porém isto era durante o dia. Já era o meio da tarde, quase três horas... E já era preciso chegar ao Bom Retiro rapidamente, antes que anoitecesse.
O grupo viajou com relativa segurança, sem grandes problemas. Caminhamos em uma velocidade calma, mas constante. Marcos caminha a alguns passos a minha direita, usando o facão que ele trouxe da Sé para cortar algumas plantas que ocasionalmente o incomodava e reclamando várias vezes do calor. Lucas seguia atendo alguns passos atrás de mim, pela minha esquerda, atento a alguma coisa que atraísse o seu interesse.
Atravessamos uma parte da região dos Campos Elíseos, notando que não era possível notar mais nenhum viajante ou morador visível na região. Marcos começa a tossir muito, continuando a reclamar muito do calor. Paramos por alguns momentos, para que ele possa recuperar seu fôlego. Lucas olha para ele, percebendo que ele estava suando muito e confirmando que estava com febre.
Lucas e eu checamos as mãos, braços e pernas do Marcos, procurando algum tipo de corte, picada ou mordida de algum tipo. Lucas notou que havia algumas pequenas marcas de picadas na mão esquerda do Marcos, começando a ficar inflamado e com um pó amarelado, bem leve no lugar do ferimento. Lucas trata do ferimento, lavando, limpando e enfaixando.
- O que causou isto? - Perguntava Marcos, tossindo, já sentado no chão, se sentindo exausto.
- Poderia ser algum inseto, mas e este pó amarelado que estava nas feridas? Alguma ideia, Adri?
- Pólen de algum tipo. Marcos deve ter cortado alguma planta perigosa no meio do mato, que soltou algum espinho venenoso.
- Tem tratamento?
- Deverá ter, se eu achar a planta certa. Mas não podemos fazer isto agora. Logo vai escurecer e será perigoso demais ficar na rua. Lucas, ajude a carregar o Marcos. Eu levo a mochila dele.
Seguimos em direção a um conjunto de prédios abandonados a alguns bons minutos de caminhada dali. Queria evitar casas e outras estruturas por causa da dificuldade em proteger eles em uma casa em ruinas. Enquanto eu levava a mochila do Marcos e o facão dele, notei uma seiva amarelada que estava presa na lâmina. Ao chegar na frente de um prédio comercial de oito andares, peço para que os dois esperem enquanto eu verifico o lugar rapidamente. Após quase vinte minutos olhando rapidamente os sete primeiros andares, não acho nada além de entulho e móveis antigos quebrados. O oitavo andar já ruiu, indicando que o prédio estava em estado deplorável, e ninguém.
Ao voltar para os dois eu ajudo Lucas a carregar Marcos até o quinto andar, perdendo um bom tempo nisto. Escolhemos um apartamento residencial localizado longe da escadaria. Lucas faz uma limpeza rápida do entulho do local, para deixar Marcos deitado encostado em uma das paredes. Enquanto isto, eu voltava a entrada do prédio, para pegar de volta as mochilas que deixamos lá em baixo. Observo o céu, calculando que teria pelo menos uma hora e meia, duas horas antes de começar a escurecer.
- Lucas, vou voltar pelo caminho que fizemos a pouco para procurar a planta que causou o envenenamento antes que escureça. Até eu voltar, feche a porta do apartamento e do quarto, não façam nenhuma fogueira, barulho alto ou foco de luz com a janela aberta.
- O que eu posso fazer então?
- Dê um pouco de água a ele se pedir, trate dos ferimentos e deixe ele descansar. Se ouvirem alguém rondando o prédio, apenas fiquem quietos. Se alguém tentar invadir este quarto, basta dar um tiro.
- Tiro?
Eu entrego para Lucas a pistola de um tiro só que Antônio me deu. Explico rapidamente como usa-la, deixando claro que eu baterei em cada porta 3 vezes, indicando que sou eu. Eu oriento o rapaz a dar um tiro sem aviso, se alguém tentar invadir o quarto. Deixo o apartamento com o Marcos dormindo no chão, bem febril e suando muito, sendo vigiado pelo Lucas.
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Nômade Adri
Science FictionHistórias da nômade Adriana, que sobrevive em uma São Paulo pós-apocalíptica depois de um desastre natural que afetou todo o mundo gerações atrás. Literatura adulta.