Sentei no chão, no lugar mais afastado da multidão e ali chorei por um bom tempo, desejando que tudo aquilo fosse realmente um pesadelo. Senti minha barriga doer e fazer um barulho bem alto e feio era fome e muita fome.
Procurei minha bolsa e não a encontrei, na pressa em sair de casa em busca dos meus pais eu não havia pensando em pegar a bolsa, tinham lojas enormes e muita gente nas ruas, eu estava perdida e sem dinheiro.
Andei um pouco até encontrar uma loja com muitas roupas penduradas na vitrine, as roupas eram bem feias e estranhas, era evidente que era um brechó, eu poderia vender meu chapéu e usar o dinheiro para comer.
- Seja bem-vinda! Posso ajudar? – Uma moça apareceu sorridente, ela estava bem mal vestida e usava um batom roxo, R-O-X-O, ela era bem diferente de todas as moças que eu já havia visto, porém ela era simpática.
- Obrigada. Eu gostaria de vender meu chapéu. – Sorri docilmente.
- Nós não compramos roupas moça, nós vendemos. – Ela disse.
- Como? – Falei perplexa. – Isso não é um brechó?
- Não. – Ela riu. – Nós somos a Forever 21.
- E aonde arrumam tantas roupas estranhas para vender?
- A senhora quer falar com a gerente?
- Eu adoraria.
- Não precisa moça. – Um rapaz de olhos verdes e cabelos cacheados apareceu, ele era realmente muito bonito. – Eu não pude evitar ouvir sua conversa e eu adoraria comprar seu chapéu.
- Adoraria? – Falei junto com a moça, eu disse feliz e ela pareceu surpresa.
- Sim. – Ele riu. – Minha avó adoraria esse chapéu. Eu andei procurando muito por algo assim para ela, mas não achei.
- Sua avó? – Perguntei irritada, meu chapéu era moda entre as moças da minha idade.
- Sim. Eu pago vinte reais por ele.
- Vinte reais? O que é isso?
- Dinheiro? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- E isso é muito? Por que esse chapéu veio de Nova York.
- É até demais. – A moça riu. – Ele está sendo generoso.
- Com licença. – Pigarreei. – Estamos fazendo negócio aqui.
- Vocês podem, por favor, fazer isso fora da loja? – Ela perguntou.
- Claro! – O rapaz puxou meu braço e me levou para fora da loja. – Olha aqui estão os vinte reais. – Ele me entregou um pedaço de papel e eu o entreguei meu chapéu. – Se seu chapéu veio mesmo de Nova York, porque você quer vende-lo?
- Eu estou com fome, preciso comer e estou sem dinheiro. – Suspirei triste, eu realmente amava aquele chapéu.
- Eu te pago um almoço. – Ele sorriu.
- Serio? Não precisa! – Disse sem jeito.
- Vamos? – Ele começou a caminhar e eu andei atrás dele.
- Aonde vamos? – Perguntei depois de alguns passos.
- Ao Mc Donalds.
- É um restaurante?
- É parecido. – Ele riu novamente, ele ficava muito lindo sorrindo, ele tinha covinhas.
- É um restaurante caro? – Perguntei animada.
- Você não sai muito, né? – Ele gargalhou.
- Saio sim. – Revirei os olhos. – Só nunca andei por aqui.
- Em toda esquina tem um Mc Donalds. – Ele me olhou serio dessa vez. – Está tudo bem com você?
- Esta está sendo uma manhã estranha. – Olhei para o chão. – Mas não quero falar sobre isso.
- Eu também não quero saber. Só quero te alimentar.
- Hum. – O olhei um tempo e fiquei imaginando se ele estava sendo grosso ou educado, mas ele sorriu novamente e preferi acreditar que esse era o jeito dele de ser educado. – Vamos comer?
- Vamos!
Entramos em um grande prédio, havia muitas pessoas ali, todas falavam ao mesmo tempo e comiam. Esperei por ele sentada em uma mesa e pouco tempo ele surgiu carregando uma bandeja.
****
- Nossa isso é bom! – Disse dando mais uma mordida no meu lanche.
- Deve ser o molho especial. – Ele deu de ombros.
- E essa música que está tocando. – Balancei a cabeça no ritmo da música. – Quem canta?
- One Direction. – Ele disse sem me olhar, levando seu copo de Coca Cola para boca.
- Quem são? – Perguntei.
- O que? – Ele tossiu um pouco, quase engasgou com a Coca. – Você não os conhece?
- Acho que não.
- Já te saquei. – Ele piscou para mim. – É fã da Taylor Swift, não é?
- Da Taylor o que?
- Eu devia saber. Esse seu vestido. – Ele apontou com a cabeça. – E todo aquele lance com o chapéu. Você curte coisas retros como ela, né?
- Taylor o que? – Repeti.
- Cara você é bem estranha. – Ele me encarou. – Quantos anos você dormiu?
- É isso que eu quero saber. – Inclinei meu corpo na mesa de modo que ficasse bem próximo a ele. – Você sabe quanto tempo eu dormi? Onde estão meus pais? Ou o que está acontecendo aqui?
- Tá, agora você me assustou. – Ele disse se afastando.
- Desculpa? Eu não queria.
- Tudo bem. – Ele voltou a comer o lanche. – Mas que história é essa de onde estão seus pais e quanto tempo você dormiu?
- Olha isso pode parecer estranho. – Falei enquanto ele me olhava calmamente. – Ontem eu descobri que o rapaz que eu amo iria se casar com minha melhor amiga no dia trinta e é claro que eu chorei muito.
- Nossa. – Ele me olhou chocado. – Sinto muito.
- Chorei tanto até adormecer e quando eu acordei meus pais haviam sumido, minha casa parecia abandonada e as coisas aqui, você não acha que elas estão bem diferentes de ontem?
- Diferente tipo?
- É 1966, mas parece que estamos numa espécie de futuro.
- 1966? – Ele arregalou os olhos e me encarou assustado.
- Sim, hoje dever ser 27 de junho de 1966.
- Você usou drogas?
- Porque tudo mundo está me perguntando isso? – Estava ficando irritada com esse tipo de pergunta.
- Deve ser porque hoje é dia 27 de junho de 2016.
- Como? – Gritei ao mesmo tempo em que me levantava da mesa.
Caminhei um pouco e vi meu reflexo em uma janela, eu não havia mudado era a mesma garota de ontem à noite, algo estava bem errado, talvez o garoto estivesse mentindo para mim.
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Cindy
FantasyE se você sem pensar muito fizesse um pedido e ele fosse atendido? Cuidado! Esteja preparado para quando seus desejos forem atendidos.