Capítulo 15 - Parte 2

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- Então esse é mesmo meu ultimo dia?

- Nós passamos uma noite toda lendo livros, pesquisamos em tudo quanto é canto e nada. Talvez não tenha jeito, Cindy. Talvez nós não possamos impedir. Mas eu sei que a gente pode aproveitar o agora. Se eu não posso te fazer ficar, eu vou te fazer lembrar de mim, aonde quer que você esteja.

Ele me apertou com força entre seus braços e me deu um beijo na testa, eu estava gostando cada vez mais desses beijos.

Era triste, eu não queria partir. Ficar sem os abraços do Jorge, sem as loucuras do Gabriel e perder as possíveis futuras conversas sobre bandas com a Vitória,  não era o que eu queria. Eu queria ficar ali, em 2016, com eles. Mas nem tudo é como a gente quer, as vezes as coisas são como tem que ser.

Jorge estava certo, não havia jeito, a Cinderela não conseguiu fazer seu desejo durar por mais tempo e quando o relógio soou meia noite, tudo acabou. Se aquelas eram minhas últimas horas eu iria aproveitar. Sorri de lado timidamente e dei a mão pro Jorge, talvez com muita sorte a fada madrinha me deixasse ficar com meu príncipe.

***

- Seus avôs formam um lindo casal. - Disse ao Jorge assim que seus avôs se afastaram da mesa em que estávamos.

Todos os familiares e seus amigos estavam reunidos no quintal que ficava ao lado de um lindo jardim, nos fundos da casa. A música que tocava era calma e alguns casais arriscaram alguns passos de dança no meio de um círculo formado por meses cuidadosamente arrumadas, era uma pista de dança improvisada no gramado.

Essa festa estava totalmente diferente do que eu podia imaginar que havia sido a da Olívia depois de termos dado um "jeitinho" nela. Tudo ali estava tão perfeito, o céu estava estrelado, as pessoas estavam bem vestidas e alegres e o Jorge estava sentado ao meu lado, segurando uma das minhas mãos e com um sorriso largo no rosto, que deixava evidente as covinhas em suas bochechas e de certo modo me tranqüilizava.

As vezes entre uma palavra e outra, eu me lembrava de que aquele era meu ultimo dia na terra, mas então eu olhava para o Jorge, e ele estava sorrindo, era como se aquele sorriso dissesse que tudo iria ficar bem e que eu não tinha com o que me preocupar. Isso me acalmava.

- Só tem casal lindo nesse festa. - Ele riu. - Meus avôs, meus tios, meus pais, o Gabriel e a garota estranha que ele convidou , eu e você ...

- Ela não é estranha. - Dei um soco de leve no ombro dele. - Ela é bem bonita.

- É mesmo... - Ele disse e eu arqueie uma das sobrancelhas e cruzei os braços fingindo ciúmes. - Não mais do que você. - Ele riu. - É só que quando eu fui conhecer ela, eu só perguntei o nome dela e ela me disse até o signo dela. Não acha isso esquisito?

- Você está sentado ao lado de uma garota morta. - Ri. - As esquisitices te perseguem.

- Você está certa. - Ele bebeu um pouco do suco. - Mas essa Thamires é obcecada por signos.

- O Gabriel parece feliz ao lado dela.

- Isso é porque ele também é esquisito.

***

- Vamos dançar?

- Primeiro as damas. - Ele piscou e sorriu.

Levantei da mesa com cuidado e caminhamos até a pista de dança. Jorge envolveu minha cintura com os braços e eu encostei minha cabeça no seu peito, ele me girou para longe e me trouxe de volta para ele, isso me fez lembrar da primeira vez que dançamos.

- Que horas são? - Minha voz saiu falha.

- São... - Ele tirou o celular do bolso da calça, olhou a hora e o colocou de volta no bolso. - São vinte e três e cinqüenta e nove.

- Eu não quero ir. - Fechei meus olhos com força e o abracei. - Eu não quero.

- Está tudo bem. - Ele passou a mão pelo meu cabelo. - Confia em mim.

- Obrigada. - Sussurrei baixinho,  tentando segurar as lágrimas. - Por tudo.

- Eu acho que eu mereço um beijo. Você sabe... Por tudo.

- Eu não vou transar com você.

- Eu que disse isso. - Ele riu. - É que eu sou um moço de família.

- Sem graça. - Sorri balançando a cabeça. - Obrigada.

- Cinco, quatro... - Ele começou a contar e eu me apressei para beija-lo.

Nosso beijo foi intenso, naquele momento era só eu e ele, nada mais importava. Ele queria mesmo me fazer lembrar daquele momento, ele sorria cada vez que nossos lábios se afastavam, era como se tivesse certeza de que eu nunca mais me esqueceria dele.

Nos afastamos, levei meus dedos até meus lábios e permaneci de olhos fechados por um tempo, torcendo silenciosamente para que ele ainda estivesse lá quando eu abrisse os olhos.

1 de julho de 2016

E ele estava.

- Você contou errado?

- Não. - Ele balançou a cabeça negando enquanto ria.

- Como? O que houve? - Perguntei atônita. - Espera... Você sabia que eu não ia sumir? - Ele assentiu com a cabeça. - Mas como?

- Você é meu desejo.

CindyOnde histórias criam vida. Descubra agora