Capítulo 10

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- Só tem um problema. - Gabriel falou fazendo com que Jorge e eu nos afastássemos. - É a lei da atratividade.

- O que isso significa? - Jorge perguntou.

- Ela desejou estragar a festa deles e de algum modo o desejo foi atraído e ela não pode evitar, ela vai estragar a festa.

- Eu não vou. Eu me tranco em casa e nunca mais saiu e eu já não quero mais. Eu desejo não estragar essa festa.

- Não adianta. - Gabriel caminhou até um livro, pegou e folheou-o. - Eu sabia que já tinha lido isso em algum lugar. Veja! - Ele mostrou a página do livro e eu e Jorge nos aproximamos para ler. - Você não pode cancelar um desejo com outro.

- Deve ter um jeito. - Jorge pegou alguns livros espalhados pelo quarto e começou a folhea-los rapidamente. - Vocês não vão ajudar?

- Ajudar como? - Perguntei me aproximando dele.

- Deve ter alguma exceção, um feitiço ou qualquer coisa que possa cancelar esse desejo e fazer você ficar.

- Eu sinto muito, Jorge. - Depositei um beijo na bochecha dele. - Eu não devia ter feito um pedido sem pensar, eu sinto muito mesmo.

- Você lê os da estante, eu os do chão e o Gabriel procura algo no Google. - Ele falava rápido.

- Não adianta. - Sussurrei parada no meio do quarto enquanto ele corria de um canto para outro juntando todos os livros que encontrava.

- Talvez adiante. - Gabriel disse. - Vamos todos procurar, sempre há um jeito de quebrar um feitiço, então talvez haja um jeito pra isso também.

- Jura?

- Sim, Cindy! - Ele sorriu timidamente. - Nós podemos tentar.

- Estão ouvindo essa música? - Perguntei.

- É meu celular tocando. - Jorge começou a procurar o celular nos bolsos do jeans que usava. - É minha mãe.

- Desliga! - Gabriel gritou enquanto nos entreolhávamos assustados.

- Eu disse que ajudaria com a festa. - Ele jogou o celular na cama do Gabriel. - A gente só sai desse quarto quando descobrir um modo de resolver isso.

- Eu não posso nem ir no banheiro?

- Droga Gabriel. - Jorge disse irritado. - Não é hora pra piadas.

- Eu achei engraçado. - Disse piscando um dos olhos para o Gabriel.

- Agora vocês são melhores amigos?

- Alguém está com ciúmes de uma fantasma aqui. - Gabriel gargalhou e eu não pude evitar e acabei rindo com ele.

- Vão procurar resposta e me deixem em paz.

Jorge sentou-se na cama rodeado por livros, Gabriel sentou-se no chão com o celular na mão e eu me dirigi até a janela do quarto e observei a rua por um tempo. Depois fui até a estante recheada de livros do Gabriel e comecei a procurar pelos sumários dos livros algo relacionado a desejos.

***

- Está tudo bem, Cindy? - Jorge se aproximou de mim. Já estava escuro lá fora e nós ainda não havíamos achado nada naqueles livros que pudesse ajudar.

- Só estou com sono. - Menti.

- Não é só isso. - Ele me abraçou e eu não recuei, eu queria ficar o mais próximo possível dele até que tudo acontecesse e eu tivesse que deixá-lo. - Vai ficar tudo bem.

- E como você sabe?

- Porque eu me recuso a deixar você ir embora. - Ele sussurrou passando uma das mãos pelo meu cabelo.

- Já é quase meia noite. - Estávamos presos naquele quarto fazia horas. - Você pode fazer uma coisa por mim antes que eu desapareça ou estrague a festa dos seus avôs ?

- Claro, Cindy. - Ele sorriu mostrando as covinhas e eu mudei logo de pedido, pois eu planejava pedir para ele sorrir mais  uma  vez.

- Eu quero ouvir a música que tocava no restaurante novamente.

- Mc Donalds ? - Ele riu.

- Sim. Você pode cantar ?

- Eu posso fazer melhor do que te obrigar a me ouvir cantar.

- Pode?

- Posso. - Ele se afastou. - Aqui no computador do Gabriel.

- O que tem?

- Aqui, está a sua música. - Ele apontou. - O nome dela é Perfect.

- A letra é linda. - Em alguns segundos as primeiras notas da música começaram a sair do computador.

- Vamos dançar?

Ele me puxou para perto dele , segurou uma das minhas mãos e me girou para longe , fechei os olhos entre um giro e outro e depois ele me girou para perto novamente, mesmo eu estando de olhos fechados tinha certeza que ele também sorria, eu já não sabia onde Gabriel estava.

- Você se arrepende? - Perguntei enquanto dançamos abraçados.

- Como?

- Você disse para eu não fazer você se arrepender de me ajudar. Você se arrepende?

- Nem um pouco.

Ele segurou meu queixo de leve, inclinou meu rosto de modo que nos olhássemos nos olhos e sorriu antes de encostar seus lábios nos meus.

CindyOnde histórias criam vida. Descubra agora