Capítulo 12

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- Como assim não é? - Jorge gritou no meio da confusão. Era uma completa confusão, a mãe do Jorge e a mãe do Gabriel perguntavam o que estava acontecendo, a avó do Jorge perguntava o que estava acontecendo e eu me perguntava o que estava acontecendo. - Você está mentindo, Cindy?

- Não estou! Eu juro. Olha, a senhora não me conhece não é ? - Direcionei a pergunta a avó do Jorge e ela negou com um simples balançar de cabeça para um lado e para o outro. - Eu não me lembro da Olívia assim, não é ela.

- Mas quantas Olivias casadas com Geraldos existem nesse mundo? - Gabriel perguntou. - E quantas delas fazem cinqüenta anos de casadas hoje?

- Geraldos?

- É. Meu avô se chama Geraldo. - Disse Jorge, ele estava perplexo mas talvez não tanto quanto eu.

- Mas é José. - Sussurrei baixo levando minhas mãos a boca enquanto ela se abria devido ao choque. - O nome dele é José.

- Não são meus avôs? - Os olhos de Jorge estavam em mim assim como os das outras pessoas que estavam no quarto.

- Não são. - Falei baixo. - Não são! - Repeti dessa vez mais alto.

Jorge abriu os braços e eu corri para abraçá-lo, não sei quanto tempo durou o abraço mas pareceu muito tempo. Eu estava feliz, eu poderia estragar a festa da Olívia sem sentir remorso por fazer isso, sem me preocupar com o Jorge e os sentimentos dele, mas a felicidade durou pouco, quando Jorge me soltou do abraço Gabriel nos lembrou de um detalhe.

- A gente não pode ficar tão feliz, ela vai poder estragar a festa mas e quanto a ela desaparecer?

- Vocês iam estragar a festa da mamãe? - A mãe do Jorge colocou a mão na cintura e nos olhou brava.

- Longa história mãe. - Jorge revirou os olhos e caminhou em direção a avó dele. - Nunca estive tão feliz por a senhora ser está Olívia e não outra. - A avó de Jorge franziu a sobrancelhas, talvez por não ter entendido ao que Jorge se referia mas o abraçou com carinho, assim como ele fez com ela. - Vovó eu irei te recompensar, nós vamos agora para sua festa e lhe ajudamos com os detalhes finais. É bem melhor três ajudantes do que um só não?

- Vocês três? - A mãe do Jorge apontoou com o dedo indicador para cada um de nós, a mãe do Gabriel só nós olhava, ela não parecia entender nada. - Vocês estão loucos! Olha o teatro que fizeram aqui.

- Sinto muito. - Disse. - Nós prometemos que não haverá mais loucuras.

- Okay. - Ela disse por fim, depois de nos olhar de cima em baixo, talvez ela tenha concordado por nós sermos a única opção, já que seu olhar não era dos melhores.

- Vão na frente. - Jorge disse. - Nós já vamos.

***

Depois que as três saíram do quarto, Gabriel correu para se arrumar e eu e Jorge tivemos tempo para falar sobre o que tinha acabado de acontecer.

- Tem certeza que não é meu avô?

- Se seu avô se chamar mesmo Geraldo, então não é ele.

- Mas não faz sentido, Cindy. Eu achei que a gente tivesse se conhecido porque eu poderia de certo modo te ajudar a encontrar a Olívia e você conseguir realizar seu desejo. Mas se não são meus avôs, então quem são?

- Eu achei a mesma coisa. Quando eu me lembrei das coisas, foi por causa do seu cheiro e eu achei que você usasse o mesmo perfume que seu avô, o cheiro familiar me fez lembrar das coisas.

- Meu cheiro?

- Sim. Seu perfume entranhado no seu travesseiro, é o cheiro do José. Do meu grande amor. Por isso eu me lembrei das coisas. Depois que você me disse que sua avó se chamava Olívia, eu liguei os pontos, só podia ser, você usa o mesmo perfume do seu avô, fazia sentido pra mim.

- Não uso. Meu avô nem usa perfume, ele diz que só pessoas fedidas usam perfume pra esconder seus odores com outros, eu ganhei esse perfume. - Ele me arregalou os olhos e se agitou. - Eu ganhei esse perfume da Nicolle, ela disse que era o mesmo que o avô dela usava.

- Avô dela ? Nicolle ? Quem é essa ?

- Minha ex-namorada.

- Sua ex?

- É. A gente tem que ir atrás dela. O José deve ser avô dela.

- Você quer ir atrás da sua ex-namorada sem nem ter certeza de que o avô dela é o José? Como você não sabe o nome do avô da sua namorada?

- É ex-namorada e eu não sei porque ela não me apresentou a família dela.

- Porque?

- Porque ela traiu ele antes disso. - Gabriel surgiu. - Desculpa cara, eu sei que você não superou, mas precisa.

- Não superou? - Perguntei, eu não sabia sobre a história mas queria muito saber.

- Ela me traiu com um garoto da escola e isso já faz tempo.

- Tempo e você ainda guarda roupas dela?

- Guarda? - Gabriel perguntou.

- Puta merda eu fiz algo muito ruim na minha vida pra merecer vocês dois. Se ela esqueceu as roupas, ela podia lembrar delas e ir atrás. Eu só guardei.

- Aham. - Eu e Gabriel falamos juntos, aquilo era tão improvável, era mais provável que ele tivesse guardado as roupas porque ainda gostava dela.

- Nós vamos na casa dela e descobrimos tudo.

- Você ainda gosta dela? - Perguntei receosa, de certo modo eu tinha medo da resposta.

- Não. - Ele respondeu com tanta segurança que eu acreditei e não encompridei a conversa. - Vamos atrás dela e se a Olívia e o José não forem os avôs da Nicolle a gente desiste de viver, porque na boa, não tem outra explicação.

- Mas e sua avó, cara? E a festa? - Perguntou Gabriel.

- Estragar uma festa é bem mais rápido que organiza-lá. Nós resolvemos isso rápido. A casa da Nicolle é caminho.

CindyOnde histórias criam vida. Descubra agora