Capítulo 14

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- Pega o laxante no carro! – Jorge ordenou. – Nós vamos entrar!

- E se alguém nos vir?

- A gente corre, Cindy. – Gabriel caminhou até o carro e voltou de lá com vidros de laxante nas mãos e um sorriso enorme no rosto. – Os caras que estão organizando acham que somos convidados, então só precisamos ficar longe da família.

- Isso é loucura! – Eles entraram na casa e eu fui logo atrás me misturando no meio das pessoas que organizavam a festa e rezando para que ninguém nós perguntasse algo ou nos descobrisse. – Meninos, é ali. – Apontei para um moço que carregava salgados. O entra e sai de pessoas era grande, de modo que conseguimos chegar a cozinha sem sermos notados.

- Espera essa galera sair e a gente derrama um pouco de laxante no bolo! – Jorge sussurrou. – Coloca nos salgados também, pode ter gente que não come doce.

- Quando foi que você virou essa pessoa vingativa? – Gabriel riu baixinho para não chamar atenção.

Jorge e eu ficamos quietos, Jorge disfarçava mexendo no celular e eu olhava quadros da família pendurados na parede, já Gabriel encarnou um personagem e tentava organizar as coisas na cozinha como se fosse realmente da família ou amigo muito próximo, mal sabiam aquelas pessoas a quantidade de vidros de laxante que ele escondia no bolso. Esperamos por uns dois minutos até que homens e mulheres vestidos com uniformes, provavelmente eram todos do buffet, deixassem as coisas na cozinha e fossem para fora buscar mais. Até o momento estava ocorrendo tudo bem.

Caminhamos até a mesa onde haviam coxinhas, risoles, brigadeiros e o enorme bolo branco com decoração dourada, enfeitado com um casal de bonequinhos idosos em cima, era bem bonito na verdade e fiquei com dó de estragar aquilo, afinal, era comida.

- Anda logo! – Jorge disse. – Eles já estão voltando.

Dito isso Jorge me entregou o vidrinho com laxante e eu cuidadosamente abri e derramei um pouco sobre o bolo, a parte boa é que por fora o bolo não mudou, a parte ruim e que eu havia acabado de estragar comida.

- Vocês terminam! – Corri para porta para vigiar se alguém estava vindo. – Eu vigio.

- Espera! – Jorge correu para perto de mim. – Caso você suma. - Sua mão segurou minha cintura, seus dedos a apertaram com certa força, a outra mão foi para minha nuca, ele entrelaçou seus dedos no meu cabelo e trouxe de leve meu rosto para mais próximo do dele. Seus lábios encostaram nos meus, um arrepio percorreu por todo meu corpo, ele sorria e me dava olhares repletos de intenções quando nosso lábios se separaram, o beijo foi intenso e demorado, como um beijo de despedida dever ser.

- Podem colocar isso aqui. – Ouvi a voz de Nicolle soar e me afastei de Jorge, nos encarávamos desesperados, ela estava vindo.

- Aqui. – Gabriel entrou de baixo da mesa e eu e Jorge corremos e nos esprememos junto com ele debaixo dela. – Xiu! – Ele levou o dedo indicador até a boca pedindo por silencio.

Nicolle entrou na cozinha falando alto, pelo jeito a nossa quase briga havia a deixado irritada. Podíamos ver os pés das pessoas passando para um lado e para outro, Gabriel continuava gesticulando para que fizemos silencio, minha boca estava completamente fechada mas meu coração saltava no peito, acho que por isso que ele pedia silencio, eu não podia controlar o tum-tum-tum alto que meu coração fazia.

- Vovó onde estão os vidros de molho de pimenta? – Nicolle perguntou e meu coração quase fugiu pela boca. Olivia estava ali, no mesmo lugar que eu, estávamos separadas por uma mesa. – Os convidados podem querer colocar no salgados. Eu só estou vendo os Katchups. – "Mas que tipo de pessoas servia molho de pimenta em uma festa?" Pensei.

CindyOnde histórias criam vida. Descubra agora