Quatro

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-Para com isso seu panaca! - Rube gritou alto. Muito alto.  Os corredores do armazém por sorte não estavam muito cheios então apenas o "cara se sempre" que fica me encarando ouviu a reclamação e viu o dedo do meio de Rube erguido pra ele - NÃO OLHE PARA NOSSAS BUNDAS! - Gritou mais alto e o cara parou de olhar para nós e fingiu organizar bebidas na prateleira.  Rube riu empurrando o carrinho cheio de garrafas. - Ele não vai mais encher você.

Revirei os olhos e peguei duas garrafas de vinho branco -o predileto do George que fazem parte da lista - e coloquei cuidadosamente sobre as outras garrafas.

- Sua mãe ainda está doente? - Rube mudou de assunto enquanto íamos para o caixa.

- Ela parou de agir como se o meu pai fosse entrar pela porta da frente - Respondi abrindo um pequeno sorriso para Lizbeth, a garota do caixa. - Liguei pro Dr. Miguel e ele disse que não entende como ela dá um passo pra frente e depois corre para trás.  - Soltei a respiração exasperada - Ou ela não se esforça ou , minha mãe enlouqueceu de vez.

-Que droga.  - Rube tirou um cigarro do bolso e enfiou na minha boca - Fuma aí, vai te fazer relaxar.

- Me da o isqueiro. - Ela mesma acendeu o cigarro e traguei levemente. 

- A StrikeOver que vai tocar lá hoje né?- Lizbeth disse enquanto passava as garrafas.

- É.  - Confirmei soltando a fumaça - Conheçe eles?

- O vocalista é meu amigo.

- Huh, amigo mesmo ? - Rube provocou erguendo as sobrancelhas - Não quero transar com ele e depois ser odiada por você.

Lizbeth riu meio incrédula.

- Ele é quase da minha família, bem, ele é... Irmão adotivo.  - Explicou.  - E , ele tem namorada Rube duvido que ele a deixe ou muito menos ignore as outras que ele tem só pra transar com você.

Olhei para Rube que encarava Lizbeth como se ela fosse o almoço.
Traguei esperando o retrucar fantástico da minha amiga mas ela só olhava para Lizbeth que a ignorava enquanto passava as garrafas concentrada nos bips da registradora.

- Fazia parte da alucinação da sua mãe ou ela estava certa quando comentou que um professor esteve lá ontem?

Rube não retrucou.
Franzi o cenho tragando forte e soltei a fumaça pelo nariz.

- Esteve.

- Quem?

- O Sr. Gunner.

- Porque?

- Nada demais.

-Fez alguma coisa errada?

- Não.

- O que não está me contando?

Dei de ombros.
Ele pediu para eu não contar e se caso a Rube soubesse o resto do planeta terra , saberia.

Rube cerrou os olhos feito um gavião.

- O quê não está me contando e por quê?  - Repetiu, ameaçadora.

- Eu o conheçi na boate outro dia. - Não era mentira.  - E aí, ele foi lá em casa me pedir pra ficar calada, tipo, eu não vejo problema em ter visto meu professor bebendo na Passenger - Dei de ombros.  Mentir usando o corpo é fácil.  - E então ele  logo foi embora. 

- Ah. - Ela aceitou a explicação - Então ele bebe?

- Bebe.  - E tem atos meio suicidas quando é abandonado por noivas. Segurei o riso.  Ele tinha razão, fazer piada com isso é quase automático!

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