Capítulo 2

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            - De acordo com o quadro do senhor Rivers, ele precisará ficar em observação durante vinte e quatro horas após o acidente. Como estava dizendo aos meus companheiros de plantão, este rapaz, ele teve sorte. Foi um carro, não foi? Poucas são as pessoas que sobrevivem a um atropelamento como esses e saí com algumas partes do corpo fraturadas. Quer dizer...

O pigarro que veio seguido da próxima frase foi o que mais preocupou os amigos do rapaz:

- Algumas partes fraturas e uma leve batida na cabeça. Se é que podemos chamar de leve.

Como esse homem era capaz de dizer algo assim, tão tranquilamente? Como ele conseguia demonstrar tamanha frieza ou não sentir importância alguma diante daquela situação um tanto quanto preocupante?

Spencer viu o exato momento em que Caleb foi atropelado e se sente culpada demais por isso, pois, tudo resultou de uma briga que tiveram. E, isso, porque o rapaz foi flagrado lendo uma matéria onde falava sobre o casamento de sua ex-namorada e melhor amiga de Spencer, não dele, Hanna Marin, com um dos empresários mais bem sucedidos de Nova Iorque.

Agora, toda a briga sem sentido – ao menos agora, os levou para este momento: o rapaz em estado grave até que se prove ao contrário, também, recém-saído de uma cirurgia que lhe custaria seus movimentos caso não o fizesse, e assim, correndo risco de ter algum outro sério problema, dependendo dos últimos exames que ficaram de sair em uma hora: poderia ficar pior?

O que é uma hora para alguém que se sente pesarosamente culpada? Um martírio.

- Doutor, por favor, tem que haver algum jeito de transferi-lo para outro Hospital. Em Filadélfia, talvez? Eu posso cuidar disso, eu, eu...

- Spencer, venha aqui. – Toby aproximou-se da ex-namorada e tentou abraça-la, confortando-a. – Doutor, por favor, faça o que for possível. Só, só salve o meu amigo.

- Por favor! – Spencer reforçava o pedido do rapaz, grudando-se a ele.

- Eu entendo suas preocupações, jovens, mas, não há nada mais a fazer. Como disse assim que Rivers chegou à emergência: seu caso é extremamente delicado por conta da pancada que recebeu em sua cabeça. Por agora, o rapaz está em coma. Em coma induzido para tentar amenizar o problema, mas, nós estamos monitorando-o o tempo todo. Não se preocupem.

Termos médicos, termos médicos, termos médicos, termos médicos: por mais inteligente que se sentisse, Spencer sabia que aquilo era inútil porque nenhum de seus dotes seria capaz de fazer Caleb acordar para ao menos pedir perdão por ter escondido à ele algo que toda Rosewood sabia, menos ele:

O casamento de Hanna que, a mulher sabia, jamais seria capaz de fazê-lo superá-la. Nem tampouco, Spencer esperava que fosse capaz de superar Toby, o atual detetive da cidade que agora está fazendo o que não deveria: cuidando-a ao invés de cuidar da cidade e seus problemas.

Vinte e quatro horas atrás...

- Como pôde fazer isso comigo, Spencer? Você não tinha o direito. Não tinha!

- O que você queria que eu fizesse? Te desse um convite que nem mesmo foi enviado?

- Eu não, droga, eu não acredito que você escondeu isso de mim.

Caleb chegara de sua viagem a trabalho há exatamente duas horas. Duas horas que, poderia estar em qualquer lugar, duas horas que, poderia estar até mesmo em Nova Iorque, pedindo, implorando para que Hanna o perdoasse e voltasse para ele, voltasse para eles porque eles se pertenciam, entretanto, o fato de saber que enquanto estava passando uma temporada em outro continente após o último beijo que deram, ela estava seguindo com sua vida, por Deus, como poderia ter forças ao menos para pensar nela dizendo um "sim" para outro que sabe, nem mesmo, ama?

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