Hanna Marin estava se perguntando, em seu mais íntimo, como poderia, ou melhor, como faria para desaparecer do mundo por uma fração de segundo, porque, se isso fosse possível, por Deus, ela agradeceria imensamente. Sumir por nem que seja um segundo seria melhor do que ter que escutar Lucas, seu melhor amigo e sócio, surtar na sala de um apartamento que é seu por direito, não dela.
Pela primeira vez então, Hanna sentiu-se sem um lugar no mundo para ficar, o que, parecia como o inferno porque sua cabeça estava girando, seus pés não tocavam o chão e seu coração estava se apertando a cada minuto que se passava desde a noite em que estivera com Caleb.
Se, tentara entrar em contato com ele? Sim, inúmeras vezes onde ele não a atendeu, tampouco Spencer ou qualquer uma das outras amigas pareciam querer se intrometer num assunto do qual não dizia respeito a ela por mais que, bom, por mais que fosse uma situação um tanto quanto complicada ter que lidar com uma Hanna que uma hora estava triste, outra hora estava frustrada ao extremo e outra hora, como agora, estava num mau humor insuportável que estava sendo descontado num Lucas que desde que passara pela porta do apartamento, não parava de falar e já estava irritando à Hanna aos montes. Então, cansada de ouvi-lo ela o interrompeu no meio de uma fala um tanto quanto rude:
- Se você quiser a droga do seu apartamento de volta, fique a vontade. Eu não vou ficar aqui te ouvindo dizer todas essas porcarias quando você não faz ideia de pelo que estou passando. Bastava uma droga de telefonema, Lucas, uma droga de telefonema e você saberia que eu não estava bem. Eu não estou bem!
- Então volte para Nova Iorque e tente consertar as coisas, Hanna.
- Eu não posso voltar para Nova Iorque, Lucas. Não posso!
- O que devo fazer, se for assim? Eu não posso ficar o tempo todo lá, tentando tapas os buracos que deveria ser você a responsável por cuidar. Hanna, desde que você deixou a cidade, a sua empresa está um caos. Tudo está um caos e todos precisam de você lá, da sua presença e você não está nem um pouco interessada. Era esse o seu plano? Lançar a marca no mercado e simplesmente fugir como uma garota irresponsável?
A todo discurso dito por Lucas, Hanna estava sentada, tremendo, encarando o chão para não encará-lo de volta até que tomou uma respiração e gritou, gritou pedindo para que ele ficasse em silêncio, gritou para ele, principalmente, ir embora, tendo a audácia inconsequente de expulsá-lo de seu próprio apartamento. Sendo assim, num súbito que seguiu após o grito, a loira se levantou e Lucas a segurou pelos antebraços de modo que pudesse chacoalha-la como quem a faz acordar a todo custo de um sonho do qual ela havia mergulhado.
- Para com isso! Hanna, por favor, para com isso!
- Eu estou cansada de todos me mandarem fazer as coisas. Cansada!
- Então pare de fugir.
- Eu não, eu não estou fugindo, Lucas!
Numa força que ela não sabe de onde tirou, conseguiu se libertar dos braços do amigo e o olhou com o rosto ardendo, vermelho, em pura raiva, mas, acima de tudo, cansada por de fato ver todos a mandando fazer o que ela não pensa em fazer.
Um minuto de silêncio se seguiu e Lucas após esfregar o rosto com suas próprias mãos, soltou o ar pesadamente e contou até dez mentalmente, para aí sim, tentar uma vez mais conversar com uma loira que parecia irredutível, embora, agora, também parecia estar um pouco mais calma, pois por vontade própria caminhou até a geladeira onde de lá tirou uma garrafa d'água e logo a bebeu, depositando-a em seguida sobre a bancada de mármore que agora servia para separar ela de um rapaz que a encarava preocupado demais.
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Amnesia
FanfictionO que você faria se o amor da sua vida, aquele que conhecera em seu colegial, virara o seu parceiro de crimes - no bom sentido, e seu melhor amigo, passasse por um inesperado acidente e isso o fizesse perder suas memórias? Não suas memórias em si...