- Ei, vá com calma, mocinha. Com calma. Você está um pouco impossibilitada no momento. Retirou certa quantidade de sangue e precisa se recuperar. Vamos com calma!
A enfermeira que dava água à Hanna Marin, que deitada em um simples leito, parecia perdida mais do que o normal, tentava fazê-la relaxar, porém, a mulher estava agitada demais para um alguém que precisou fazer uma transfusão sanguínea e em seguida, passou ligeiramente mal, talvez quem sabe por conta da emoção que sentia ao saber que estava prestes a salvar o amor da sua vida.
- Eu preciso vê-lo. Eu preciso vê-lo antes de...
- O rapaz já foi levado para a sala cirúrgica.
- O quê?
A pergunta saiu em um tom tão alto que, foi impossível a mulher não receber um olhar feio da enfermeira que fechou a cortina que separava as alas dos leitos, dando assim, mais privacidade para Hanna que estava com uma aparência pálida, muito pálida.
- Querida? Você está passando bem?
- Eu, eu, eu não sei. – Pôs a mão em seu peito, apertando-o como quem quer oprimir um sentimento ruim. – Eu realmente precisava vê-lo. Eu precisava vê-lo!
- Você irá vê-lo, senhorita Marin. Seu sangue é compatível com o dele. Isso é um milagre!
- Um milagre? Eu não quero milagres, eu quero vê-lo.
- Querida, você irá. Irá vê-lo assim que tudo isso terminar.
Hanna esqueceu completamente que estava acompanhada por uma senhora simpática e começou a chorar, chorar feito um bebê, chorar como quem não sentia vergonha alguma por simplesmente estar ali, chorando por um homem que nem mesmo imagina que ela está ali.
Mas, alguém próximo à Caleb Rivers, tanto quanto próximo dela – ou ao menos, costumava ser, sabia que ela estava ali. E Spencer Hastings, ao invés de estar em qualquer outro lugar, estava bem ali, prestes a abrir a cortina que separava a amiga dos outros pacientes, com um pequeno embrulho em uma das mãos enquanto na outra, segurava um café que provavelmente a mesma tomava, afinal, a enfermeira seguindo seu papel, lhe deu um olhar gélido e Spencer, tremula, sorriu dizendo:
- Isso não é para ela. Eu prometo.
- Bom, espero! Então, senhorita Marin... – Virou-se para a loira e lhe afagou a mão, carinhosa. – A senhorita está em boa companhia, agora. Vou deixa-la a sós para que descanse e, senhorita? – Virou-se para Spencer, lhe dando outra vez um olhar julgador. – Nada de café para essa mocinha, está bem?
Hanna calada estava com suas lágrimas, calada ficou, virando o rosto para longe do olhar piedoso que podia ver, vindo tanto de sua amiga quanto da senhora que saiu, deixando-as ali sozinha, em uma área que parecia pequena demais para o ego delas que naquele instante, estava, provavelmente, o mais depressivo daquele hospital inteiro.
- Ouviu, não é? Nada de cafés.
O silêncio permaneceu; Spencer outra vez falou:
- Mas trouxe alguns brownies pra você.
Após mais um silêncio, Spencer pigarreou e Hanna virou seu olhar para ela, finalmente falando, numa voz um pouco rouca demais até mesmo para ela:
- Spence, não precisa ser legal comigo só porque estou salvando a vida do seu namorado.
- Hanna...
- Acredite, estou fazendo isso mais por ele do quê por você.
- Hanna, eu não...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amnesia
FanfictionO que você faria se o amor da sua vida, aquele que conhecera em seu colegial, virara o seu parceiro de crimes - no bom sentido, e seu melhor amigo, passasse por um inesperado acidente e isso o fizesse perder suas memórias? Não suas memórias em si...