Capítulo 6

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- Ei, vá com calma, mocinha. Com calma. Você está um pouco impossibilitada no momento. Retirou certa quantidade de sangue e precisa se recuperar. Vamos com calma!

A enfermeira que dava água à Hanna Marin, que deitada em um simples leito, parecia perdida mais do que o normal, tentava fazê-la relaxar, porém, a mulher estava agitada demais para um alguém que precisou fazer uma transfusão sanguínea e em seguida, passou ligeiramente mal, talvez quem sabe por conta da emoção que sentia ao saber que estava prestes a salvar o amor da sua vida.

- Eu preciso vê-lo. Eu preciso vê-lo antes de...

- O rapaz já foi levado para a sala cirúrgica.

- O quê?

A pergunta saiu em um tom tão alto que, foi impossível a mulher não receber um olhar feio da enfermeira que fechou a cortina que separava as alas dos leitos, dando assim, mais privacidade para Hanna que estava com uma aparência pálida, muito pálida.

- Querida? Você está passando bem?

- Eu, eu, eu não sei. – Pôs a mão em seu peito, apertando-o como quem quer oprimir um sentimento ruim. – Eu realmente precisava vê-lo. Eu precisava vê-lo!

- Você irá vê-lo, senhorita Marin. Seu sangue é compatível com o dele. Isso é um milagre!

- Um milagre? Eu não quero milagres, eu quero vê-lo.

- Querida, você irá. Irá vê-lo assim que tudo isso terminar.

Hanna esqueceu completamente que estava acompanhada por uma senhora simpática e começou a chorar, chorar feito um bebê, chorar como quem não sentia vergonha alguma por simplesmente estar ali, chorando por um homem que nem mesmo imagina que ela está ali.

Mas, alguém próximo à Caleb Rivers, tanto quanto próximo dela – ou ao menos, costumava ser, sabia que ela estava ali. E Spencer Hastings, ao invés de estar em qualquer outro lugar, estava bem ali, prestes a abrir a cortina que separava a amiga dos outros pacientes, com um pequeno embrulho em uma das mãos enquanto na outra, segurava um café que provavelmente a mesma tomava, afinal, a enfermeira seguindo seu papel, lhe deu um olhar gélido e Spencer, tremula, sorriu dizendo:

- Isso não é para ela. Eu prometo.

- Bom, espero! Então, senhorita Marin... – Virou-se para a loira e lhe afagou a mão, carinhosa. – A senhorita está em boa companhia, agora. Vou deixa-la a sós para que descanse e, senhorita? – Virou-se para Spencer, lhe dando outra vez um olhar julgador. – Nada de café para essa mocinha, está bem?

Hanna calada estava com suas lágrimas, calada ficou, virando o rosto para longe do olhar piedoso que podia ver, vindo tanto de sua amiga quanto da senhora que saiu, deixando-as ali sozinha, em uma área que parecia pequena demais para o ego delas que naquele instante, estava, provavelmente, o mais depressivo daquele hospital inteiro.

- Ouviu, não é? Nada de cafés.

O silêncio permaneceu; Spencer outra vez falou:

- Mas trouxe alguns brownies pra você.

Após mais um silêncio, Spencer pigarreou e Hanna virou seu olhar para ela, finalmente falando, numa voz um pouco rouca demais até mesmo para ela:

- Spence, não precisa ser legal comigo só porque estou salvando a vida do seu namorado.

- Hanna...

- Acredite, estou fazendo isso mais por ele do quê por você.

- Hanna, eu não...

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