- Por que está me olhando assim? Caleb. Para.
Domingo: o dia oficial para se desperdiçar tempo jogado no sofá, zapeando por canais e mais canais, ou, simplesmente, o dia para dar seu tempo a alguém que o faz bem. Alguém que ri de suas bobagens; alguém que reclama de suas manias bizarras e até mesmo alguém que escolhe ficar em silêncio porque só de estar em sua presença, é bom, bom o suficiente para ficar encarando-o como se não houvesse mais nada ao seu redor, que valesse a pena o segundo que desperdiça focando seu olhar sobre certo movimento; por mais que seja só um movimento como o que Hanna fazia ao enxugar seu cabelo numa toalha que nem mesmo era sua, afinal, o cheiro masculino de um perfume forte estava mais do que impregnado e ela sorria ao lembrar-se dos momentos em que tivera aquele mesmo cheiro, impregnado em seu próprio corpo, em sua própria pele.
- Por nada. Só estou... Olhando para você.
- Estou percebendo bem que está me olhando. O que houve?
- Nada. Não posso olhar para você, agora?
Caleb estava deitado no sofá ao passo que Hanna, usando ainda uma das camisas dele, caminhava descalça pela sala à medida que tentava secar seu cabelo à mão, sentindo a imensa falta que fazia seus quites que são tão necessários como água no deserto, mas, que não os tinha no momento, afinal, desde a madrugada passada, estava no apartamento dele, de Caleb, e tudo o que lhe servia como mudas de roupa, eram as mudas de roupa dele, logo, não via razão alguma para fazer charme quanto aos números que nem eram tão grandes assim: era bom ter novamente a chance de usar aquelas camisas que de fato, só ficavam bem, nele.
- Conheço esse seu olhar.
- Você é linda.
- Qualquer pessoa pode ser linda depois de sair de uma boa ducha.
- Você é linda desde o segundo em que acorda, até quando está dormindo.
- Bizarro.
- O quê?
- Você dizer que sou linda até mesmo quando estou... – Ela deu uma pausa, fez um barulho estranho com o nariz e riu. – Dormindo. Que tipo de pessoa diz à outra que ela é bonita até quando está dormindo? Isso é bizarro, sim.
- Qual o problema nisso? Sempre gostei de te ver dormir.
- Como na madrugada passada?
Sentindo-se que foi pego em puro flagra, Caleb resolveu sentar no sofá onde antes estava deitado por completo, espalhado como quem estava numa cama, e Hanna, notando e entendendo a menção que ele fizera diante de tal gesto, não pôde deixar de ir a sua direção e se juntar a ele, não mais se importando com seus cabelos, pois os mesmos não iriam secar se permanecesse chacoalhando-os com aquela toalha que, não estava mesmo fazendo efeito algum.
Caleb riu quando a ouvira xingar baixinho ao deixar a toalha que tinha em mãos, cair, juntando-se quase que em seus braços quando abrira os mesmos para ela. Era bom tê-la ali. Era tão bom tê-la ali quanto era bom vê-la dormir por mais que... Hanna, de um jeito que não saberia explicar sua certa implicância, achasse sim, bizarro.
- Quer dizer que você tem um ar sensitivo para saber que pessoas te observam enquanto dorme?
- Eu já fui observada antes por um stalker psicopata, lembra? Precisei aprender a lidar com esse meu lado sensitivo. Não que me ache isso porque, que estranho sentir coisas sem nem mesmo estar de olhos abertos. Não gosto disso.
- Ainda com medo de filmes de terror?
- Eu não tenho medo de filmes de terror. Assisto, mas, sinto, sei lá, medo.

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Amnesia
FanfictionO que você faria se o amor da sua vida, aquele que conhecera em seu colegial, virara o seu parceiro de crimes - no bom sentido, e seu melhor amigo, passasse por um inesperado acidente e isso o fizesse perder suas memórias? Não suas memórias em si...