Amnesia

Capítulo 12

- Você vai mais uma vez ficar em silêncio? É só isso que consegue fazer? Ficar em silêncio?

Caleb estava nervoso e extremamente perturbado ao aparecer no apartamento de Hanna, na madrugada. Mas, era certeza de que quem mais estava perdido naquilo tudo não era ele e sim ela que o olhava fixamente, tentando, buscando entender o que ele estava fazendo ali àquela altura e por que lhe atirava perguntas sem parar, questionando algo que não deveria saber.

Se havia algo que Caleb Rivers não deveria saber, definitivamente, era isso.

- Caleb, eu, eu não sei do que você está falando.

- Não minta para mim. Por favor, não minta para mim mais uma vez.

- Mais uma vez? Eu, eu realmente não sei do que você está falando!

- Você sabe que eu costumava te conhecer muito bem e sei quando...

- Isso mesmo! – Exclamou, com dor, caminhando para o interior da sala e tentando ao máximo se manter distante dele. – Você costumava me conhecer muito bem, agora, nós não passamos de dois estranhos que têm um passado em comum.

Hanna quando desejava ser fria e dura, conseguia. E o efeito que suas palavras causaram em Caleb foi o suficiente para que ele fechasse os olhos, apertasse a ponte entre os mesmos e respirasse fundo numa contagem mental que não resultou em nada, afinal, ele não conseguiu ficar calmo ao erguer seu olhar e encarar a bela loira que estava a sua frente usando nada mais nada menos do quê um pijama de flanelas, o cabelo preso num coque e um óculos de grau que a deixava diferente; Não se lembrava de vê-la usando óculos como aqueles, mas...

Ela estava linda.

- Ao menos nós ainda temos um passado em comum. – Murmurou infeliz.

- Não me parece nem um pouco justo você esconder algo importante de mim.

- Quem você pensa que é para vir até a minha casa no meio da noite para, não só me chamar de mentirosa como também me cobrar algo que nem mesmo sei do que se trata? Se bem me lembro, foi você quem me pediu para me manter distante de você, distante do seu apartamento, distante de tudo o que fomos um dia, então, de algum jeito que não sei como, estou tentando fazer o que você me pediu.

- Você quer saber quem eu sou?

- Talvez nem mesmo você saiba quem você é.

- É. Você tem razão, não sei. Tudo o que sei é que sou um homem infeliz que tenta buscar uma razão para estar vivo depois de tudo pelo que passei. É pedir demais? Buscar uma explicação sobre o porquê de estar vivo quando deveria estar morto?

- E por que deveria ser eu a responsável por te dar essa explicação?

- Você sabe por quê.

- Não, eu não sei. – Ela continuou firmando suas palavras, negando a todo custo de que sabe muito mais do que deveria, principalmente, que ele havia mentido para todos ao sair do Hospital, quando todos acreditaram cegamente que não passava de um alguém que não poderia aguentar-se em suas próprias pernas.

- Hanna, por favor, pare de fingir que não foi a responsável por me salvar.

- Por que você acha que eu seria a responsável por salvar você?

- Porque sei que é o seu sangue que corre junto aos meus agora mesmo. O nosso sangue.

Hanna fechou os olhos e escondeu o rosto entre suas mãos, tentando apagar de sua memória o momento em que lhe disseram que ela seria a única que poderia salvá-lo. E tentou, também, apagar de sua memória o momento em que se ajoelhou na pequena igreja do Hospital e fez a promessa de que, se ele se mantivesse vivo, ela quem se manteria distante dele para sempre e tentaria viver sua vida. Entretanto...