Capitulo I

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Sentia que todo o meu corpo poderia agüentar aquele baque. Perder alguém que ama muito faz com percamos o nosso chão e entrar em um beco sem saída, por não saber o que fazer da sua vida sem aquela pessoa. Exagero, talvez, mas não deixa de ser verdade. Olhava seu caixão ser enterrado na terra úmida daquele outono chuvoso, sentia meu coração perder o compasso de seus batimentos já sentindo falta daquela pessoa tão amada por mim. Olhava ao redor vendo amigos e familiares perto de mim chorando em tristeza, alguns nem lágrimas tinham, mas a tristeza era estampada no olhar de cada um. Suspirei jogando a rosa branca no caixão, aquilo era um adeus uma despedida que eu não queria compreender por agora. O que era a morte afinal de contas? Gostaria de descobrir isso mais tarde, e não agora.

Olho para trás novamente vendo minha mãe e um garoto baixinho ao seu lado, sorrio indo ao seu lado acariciando os fios do menor que passara a me olhar com um bico nos lábios enquanto segurava a mão de seu pai. Suspirei abraçando minha mãe, que chorava desolada ao ver o ex marido falecer. Sorrio acariciando seus fios, logo me viro para o homem alto e moreno que é meu padrasto, seu olhar triste porém o sorriso confortável fazia com que meu coração se aquecesse por um instante, fico feliz por ver que minha mãe tem alguém para servir de suporte para sua tristeza.

- Para onde vai agora? - Perguntava ele em seu chinês falhado mantendo sua pronuncia.

- Quero ficar um pouco sozinho e resolver algumas coisas que ele deixou para trás. - Sorrio triste olhando para a lápide onde seu nome fora gravado. - Assim que tiver tudo resolvido, eu irei embora.

- Não demore estaremos á sua espera. - Sorria ele acariciando meus cabelos.

Olho para baixo encarando o jovem garoto sorrindo leve enquanto acaricio seus cabelos, tento me lembrar das palavras coreanas para lhe expressar um sentimento e acalmá-lo.

- Hyung logo estará contigo. - Sorrio vendo ele sorrir igualmente.

- Irei esperar hyung, vou deixar sua cama sempre arrumada e os vídeo games prontos para serem jogados. - Sorria ele.

Levanto-me trocando algumas palavras com minha mãe para assim me virar e ir embora para a aquela casa que agora se tornara vazia e sem nenhum sentimento. Durante o caminho trato de me lembrar de cada pedaço de lembrança, quero tanto poder guardá-las para sempre e com total nitidez em minha mente, mas sabia que isso seria impossível, aos poucos minha vida vai se seguindo e eu logo esquecerei, deixando guardado pequenos retratos seus e breves lembranças.

Chego em casa observando os móveis, tal como ele deixou. Passo a ponta do indicador sobre a tv rindo baixo quando havíamos combinado de limpar a casa. Sento no sofá me lembrando da vida bagunçada que levava, não que isso fosse algum prejuízo, muito bem pelo contrário, amava aquela agitação.

Aos meus nove anos mamãe e papai se separaram, mãe engravidou de um outro cara quando completei um ano de idade. Não a culpo por trair meu pai, afinal de contas as lutas e treinos lhe tomavam tanto tempo que ele se sentia carente, um dia não agüentou e dormiu fora. Por um descuido acabou por engravidar, meu pai não ficou bravo, ele apenas sorriu e pediu desculpas por estar tão ausente, e prometeu ajudar a cuidar da criança que estava por vir. Com o passar dos anos papai decolou em sua carreira, não poderia mais se prender em casa, mamãe já havia perdido metade dos seus sentimentos por ele, mas ainda o amava e o admirava como seu herói. Assim ela conheceu meu padrasto, começaram um romance assim que papai pediu divorcio.

Lembro-me que chorei horrores, não queria ficar longe de meu pai, tínhamos uma amizade tão bela, sem contar que ele me dava toda sua atenção. Éramos uma boa família, apesar de adorar meu padrasto pedi para mamãe para viver junto de meu pai, eu adorava ficar ao lado dele e vê-lo treinar dentro dos ringues, adorava torcer por ele e ver seus adversários brincarem comigo rindo e dizendo o quanto meu pai era forte. Claro que minha mãe chorou e pediu para que pensasse, mas a minha amizade com meu pai era forte demais, assim ela cedeu. Fui morar com ele na China enquanto minha mãe tinha uma nova família, nos feriados todos nós se reuníamos, meu padrasto e meu pai eram amigos de infância, mesmo os dois gostando da mesma mulher eles mantinham uma boa atmosfera entre si. Conversavam sobre futebol e riam com piadas, isso mantinha minha mãe sadia, que tinha medo dos dois se odiarem. Assim que meu irmão nasceu criamos um laço como se fossemos do mesmo pai, brincávamos e mandávamos carta um para o outro.

Love Between RinksOnde histórias criam vida. Descubra agora