Um
Naitan
Era por volta das 18:00horas quando Louse entrou em meu quarto e me pegou, num descuido, olhando para o céu límpido pela janela. Isso não era algo que eu costumava fazer, há tempos não via mais beleza alguma em observá-lo, no geral, mantinha minha janela fechada e esse era meu protesto insignificante e silencioso.
— Não quer ir? — ela sabia a resposta antes de fazer a pergunta e por isso consentiu meu silêncio. Continuei a observar lá fora e pude ouvir seus passos enquanto se aproximava. Ela me abraçou e deitou a cabeça em meu ombro — Não me odeie por te chamar. Sei que não está feliz, Naitan.
— Eu estou bem. — garanti afável e depositei um beijo em sua testa — Não se preocupe. — ela sorriu murcho — Vou caminhar um pouco, tome cuidado e ligue caso precisar de alguma coisa. — minha irmã confirmou obediente e depois de ficar algum tempo ali com ela, parti em direção às ruas.
Era dia 21 de dezembro e as lojas ferviam, lotadas de pessoas empolgadas com o Natal, vislumbradas com a quantidade exorbitante de luzes e enfeites. Particularmente, não era algo que me agradava. Gostava de ver o Natal como apenas uma data, mas é claro que Louse odiava me ouvir falando assim de seu feriado preferido.
Sem dúvida me parecia um feriado esquisito. Um dia para celebrar um velho gordo e barbudo invadindo a sua casa e te subornando com presentes pra que você não conte a polícia. Isso, ou toda a baboseira religiosa, que é tão louca quanto, já que Jesus não nasceu no natal, além disso tudo, não havia família para me reunir por tradição.
Ainda que minha tese fizesse sentido, refleti me sentindo um tanto rancoroso e tentei evitar meu próprio mau humor.
Caminhei mais e absorvi o vento quente apontar que logo o calor, que por sinal, persistira insistentemente por vários dias no inverno, estaria soprando suas carícias ainda mais intensas em nossos rostos.
Andei distraidamente até passar em frente minha universidade, resolvi aproveitar para pegar alguns papéis na secretaria e entrei.
Enquanto caminhava pelo corredor fui atraído pela luz alaranjada que tomava o céu. O sol começava a partir. Debrucei-me na sacada e encarei o poente, vislumbrando a eminência de cores que surgiram de apenas uma. O vento soprava frágil e me permiti ficar ali por alguns instantes até que um perfume tocar meus sentidos, era suave e levemente doce, não me preocupei de onde vinha, apenas aspirei profundamente de olhos fechados e mentalmente me dei conta de que o sol estava se pondo mais tarde.
— Solstício. — a ouvi dizer sem olhar para mim e pela primeira vez notei que alguém havia se aproximado e se debruçado ao meu lado — É o dia mais longo do ano. — comentou.
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Um Toque Celeste - Repostando
RomanceA vida tem mais cores do que vemos, há uma beleza oculta a ser revelada. O amor faz isso, revela o que há de bom em nós, traz beleza aos dias maus e encobre nossa multidão de pecados. Este livro é sobre amor, graça, reconciliação com o passado e a b...