A vida tem mais cores do que vemos, há uma beleza oculta a ser revelada. O amor faz isso, revela o que há de bom em nós, traz beleza aos dias maus e encobre nossa multidão de pecados. Este livro é sobre amor, graça, reconciliação com o passado e a b...
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Naitan
SEIS
Seus olhos verdes tremeluziram surpresos e assustados, parecia que a qualquer momento ela sairia correndo.
— O que houve? — perguntei.
— Você falou de um jeito que... — eu sorri, me sentia à vontade para ser sincero com ela.
— Talvez meus sentimentos não sejam tão intensos quanto os de Peter, mas eu também te vejo assim. — expliquei — E sim, você brilha. Parece bobeira, mas é verdade! É quase igual aquele vampiro do filme! — ela riu e me empurrou com um soco.
Um choque rápido e translúcido fez meus sentidos se perturbarem. Não havia cor, não havia nada. O mais puro vazio e cálido branco.
— Elena? — chamei. Nunca me ocorrera chamá-la nas outras vezes, mas daquela vez parecia diferente. Fiz sem o perceber, mas não obtive resposta. Não soube bem se deveria andar ou ficar parado, mas um vento forte zumbia em meu ouvido e em meio a ele pude ouvir sua voz me chamando.
— Naitan? — como se uma venda fosse tirada de meus olhos, eu pude vê-la enquanto vinha ao meu encontro. O mundo ao nosso redor rodopiou antes que ela chegasse perto o suficiente e tudo se foi junto ao vento nos trazendo para a realidade, abri os olhos e arfei inquieto. — Me desculpe! — pediu logo em seguida.
— Você está bem? — perguntei e ela assentiu. — O que foi aquilo? Foi diferente. — falei.
— Eu sei. Dessa vez Ele falou.
— Falou? Eu não ouvi nada, só barulho. E "ele" quem?
— Onde Deus não está? — um longo silêncio caiu sobre nós e vi um grande choque entre nossa fé.
— Não sei. Se está em algum lugar, nunca O vi e nem muito menos O ouvi. — rebati brando.
— E como você acha que é a voz de Deus? Como um trovão o tempo todo? A voz de Deus é ouvida na medida em que você está disposto a ouvir, o quão sensível você estiver para ouvir. — ela falou — Entenda, Naitan. Você não pode ouvir o vento agora, simplesmente porque está prestando atenção no que eu estou falando e não no vento, mas se eu ficar em silêncio e você esperar um momento a brisa soprar, vai perceber que ela está falando. — suas palavras cessaram por ali. De repente o nosso silêncio parecia desconfortável. Ela pegou o livro e se levantou — Vou terminar de ler no quarto. Se precisar pode me chamar. — e partiu deixando a tensão entre nós.
