16. A DESENCARNAÇÃO

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De acordo com o dicionário On Line de português, desencarnar significa: abandonar (o Espírito) a carne; passar para o mundo espiritual. Morrer.

Desde muito tempo o homem tem se questionado acerca da morte, e muitas ações já foram, e ainda são realizadas no intuito de evitá-la, de prorrogá-la e até mesmo de extingui-la da face da Terra.

A morte sempre foi e ainda é a causa de muitas fantasias, de muito temor e de muito mistério. Na realidade, segundo boa parte da humanidade, é até melhor nem falar sobre ela. Por via das dúvidas.

Contudo, todos os dias, milhares de pessoas morrem e outras milhares nascem, e isso ocorre de maneira inexorável, desde que os primeiros seres vivos surgiram aqui na Terra.

A morte é um fenômeno tão comum quanto a vida. Ela faz parte das leis Divinas e, independente das ideias equivocadas existentes, ela nada tem de místico nem de sobrenatural. Aliás, ela é a única certeza que temos sobre o nosso futuro como Espíritos reencarnados que somos. E isso independe de argumentos científicos, filosóficos e religiosos.

O grande problema acerca da morte não é somente o fato dela extinguir a vida biológica do ser, e sim o de por termo a tudo o que ele representava, a tudo o que ele possuía, a tudo que ele almejava, enquanto animava a personalidade atual.

O ser, ao pensar a respeito do assunto, irá se ver afastado das pessoas pelas quais tem afeto, irá ver perdido tudo o que conquistou, as vezes com grande esforço, irá ver todos os seus sonhos e planos desfeitos, enfim, ele se verá extinto da vida. E isso, para quem desconhece o que sucederá após a morte consumar-se é motivo de grande tormento. Por isso muitas pessoas resolvem ignorar a morte. Decidem por viver como se ela não existisse. Daí o apego às coisas materiais.

Como vimos, a ignorância acerca do assunto é o que provoca tantos sofrimentos, tantas angústias, tantos desesperos, quando o momento fatídico se apresenta.

Mais uma vez, podemos perceber que as religiões tradicionais falharam em um dos seus principais papéis, que é o de esclarecer os homens acerca do que é a morte, o que ela representa, qual a sua finalidade e o que sucederá após ela. Pelo contrário, além de terem suprimido as verdades sobre o destino dos homens após a morte, ao apresentarem aos seus seguidores castigos e punições eternas, em ambientes infernais repletos de dores inimagináveis, centuplicaram ainda mais o pavor que se tem a respeito dela. E isso ocorre porque os homens sabem o quanto é difícil ser bom e o quanto é muito mais fácil cair nas tentações. Logo, o inferno seria o seu destino após o decesso.

No entanto, a história da humanidade está repleta de ensinamentos sobre a imortalidade da alma. Sobre a sobrevivência do Espírito após o túmulo. Muitas outras doutrinas religiosas, principalmente as oriundas do oriente, sempre ensinaram que a vida não acaba após a morte. Falamos disso no capítulo trinta deste livro.

Mais uma vez, a Doutrina Espírita, no seu papel de libertar o homem, através do conhecimento da verdade, vem provar que a morte só existe para o corpo. O ser continuará sempre a existir, mantendo sua individualidade e continuará, de forma incessante, a trabalhar em prol de seu progresso espiritual. Através desses ensinamentos, todos sabemos que os erros cometidos não serão motivo para penas eternas e implacáveis, mas sim, serão motivo para novas oportunidades de arrependimento, expiação e reparação, em novos processos reencarnatórios.

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Para que possamos falar da morte, é imprescindível que falemos também da vida. Vida e morte se completam e interagem entre si num ciclo incessante.

Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume IIOnde histórias criam vida. Descubra agora