Após estudarmos, no capítulo anterior, sobre a lei de causa e efeito, iremos agora discorrer sobre a questão do determinismo, do livre arbítrio, e também da fatalidade.
É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que quando algo nos acontece é porque estava escrito, e o que é mais interessante, é que nada poderíamos ter feito para mudar. Por isso, frases como: "tinha que acontecer!"; "ninguém escapa do destino"; "só acontece conosco o que está determinado"; "foi uma fatalidade!", e tantas outras do gênero, são bastante comuns de serem ouvidas, em se tratando de fatos ocorridos e que, em princípio, pareciam inevitáveis.
Ao analisamos essas ocorrências dentro da ótica de que tudo está "previamente determinado", não seria estranho se chegássemos a conclusão de que existe "uma força na natureza" cuja finalidade é nos impelir para o fatalismo. Seria algo tão irresistível, que a única coisa que poderia ser feita era nos submeter, sem nenhum tipo de questionamento, a essa poderosa vontade. Teríamos que aceitar, gostando ou não, que somos completamente impotentes para que dela nos libertássemos. No entanto, ainda dentro dessa análise, se parássemos para refletir mais, sobre a existência dessa "força", só poderíamos chegar a conclusão de que ela nada mais seria do que a vontade de Deus se fazendo imperiosa. Seria a demonstração irretorquível de seu poder sobre nós, o que significa que, quando Ele determinasse alguma coisa com relação a nós, não teríamos mais escapatória! Seríamos totalmente arrastados pela "correnteza" determinística de Sua vontade onipotente.
Ao raciocinarmos dessa maneira, teremos que, fatalmente, acreditar que Deus é quem nos dirige pelos caminhos por Ele escolhido, e o que é mais grave, nenhum de nós teríamos qualquer poder para modificar essa situação, assim como não teríamos nenhuma chance de escolha. Contudo, se isso de fato ocorresse, seria a comprovação de que nenhum de nós seríamos responsáveis pelos nossos atos. Então, perguntaríamos, para que tantos ensinamentos para sermos mais irmãos, mais fraternos, mais caridosos, e seguirmos sempre o caminho do bem, se as diretrizes básicas de nossos destinos já estariam irremediavelmente traçadas por Deus? Onde estaria o livre arbítrio nesse caso? Para que ele serviria?
Se isso de fato procedesse, o homem nunca seria responsável pelos seus atos, consequentemente, não teria que responder por nada perante as leis de Deus.
Dessa forma, só nos restaria mesmo compreender que o nosso direito de escolha nunca existiu de fato, e assim, aqueles que cometem assassinatos, agressões, roubos, que praticam suicídio, abortos, eutanásia, que são viciados em drogas, que exploram outras pessoas, que promovem desequilíbrios a si mesmo e a outrem, enfim, que cometem quaisquer tipos de transgressões às leis divinas, nada teriam de responsabilidade pelos seus atos, sendo eles então, meros participantes de um roteiro previamente estabelecido por Deus.
Como o leitor pode observar, tudo isso que vimos aqui não faz nenhum tipo de sentido. Não existe lógica nem bom senso nesse tipo de entendimento acerca de Deus e de seus desígnios.
Com a compreensão do Espiritismo, e, ajuntando-se o bom senso que devemos ter, ao analisarmos Deus e suas leis, chegaremos a irrefutável conclusão de que não é assim que as coisas funcionam. Deus não poderia ser igual ou pior do que nós, que somos suas criaturas. Nós temos o nosso livre arbítrio sim, e Ele sempre respeita as nossas decisões, sejam elas quais forem. Entretanto, como vimos no capítulo 33, responderemos sempre pelas decisões que tomarmos.
Todos somos, e seremos sempre, os únicos artífices do nosso destino. Tudo o que acontece conosco faz parte da lei de Ação e Reação, cujo objetivo é fazer com que só recebamos aquilo que merecemos, ou seja, "a vida" nos devolverá, sempre, aquilo que um dia ofertamos a ela. Se nossas ações são positivas, a vida devolve reações positivas; se são negativas, o retorno será sempre negativo.
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Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume II
EspiritualTodos os dias, nas Casas Espíritas, aporta uma quantidade regular de irmãos, interessados no conhecimento do Espiritismo. Curiosos uns, desesperados outros, enfermos aqueloutros, porém, todos eles, de uma forma geral, são carentes e necessitados da...