18. DETERMINISMO E LIVRE ARBÍTRIO

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Após estudarmos, no capítulo anterior, sobre a lei de causa e efeito, iremos agora discorrer sobre a questão do determinismo, do livre arbítrio, e também da fatalidade.

É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que quando algo nos acontece é porque estava escrito, e o que é mais interessante, é que nada poderíamos ter feito para mudar. Por isso, frases como: "tinha que acontecer!"; "ninguém escapa do destino"; "só acontece conosco o que está determinado"; "foi uma fatalidade!", e tantas outras do gênero, são bastante comuns de serem ouvidas, em se tratando de fatos ocorridos e que, em princípio, pareciam inevitáveis.

Ao analisamos essas ocorrências dentro da ótica de que tudo está "previamente determinado", não seria estranho se chegássemos a conclusão de que existe "uma força na natureza" cuja finalidade é nos impelir para o fatalismo. Seria algo tão irresistível, que a única coisa que poderia ser feita era nos submeter, sem nenhum tipo de questionamento, a essa poderosa vontade. Teríamos que aceitar, gostando ou não, que somos completamente impotentes para que dela nos libertássemos. No entanto, ainda dentro dessa análise, se parássemos para refletir mais, sobre a existência dessa "força", só poderíamos chegar a conclusão de que ela nada mais seria do que a vontade de Deus se fazendo imperiosa. Seria a demonstração irretorquível de seu poder sobre nós, o que significa que, quando Ele determinasse alguma coisa com relação a nós, não teríamos mais escapatória! Seríamos totalmente arrastados pela "correnteza" determinística de Sua vontade onipotente.

Ao raciocinarmos dessa maneira, teremos que, fatalmente, acreditar que Deus é quem nos dirige pelos caminhos por Ele escolhido, e o que é mais grave, nenhum de nós teríamos qualquer poder para modificar essa situação, assim como não teríamos nenhuma chance de escolha. Contudo, se isso de fato ocorresse, seria a comprovação de que nenhum de nós seríamos responsáveis pelos nossos atos. Então, perguntaríamos, para que tantos ensinamentos para sermos mais irmãos, mais fraternos, mais caridosos, e seguirmos sempre o caminho do bem, se as diretrizes básicas de nossos destinos já estariam irremediavelmente traçadas por Deus? Onde estaria o livre arbítrio nesse caso? Para que ele serviria?

Se isso de fato procedesse, o homem nunca seria responsável pelos seus atos, consequentemente, não teria que responder por nada perante as leis de Deus.

Dessa forma, só nos restaria mesmo compreender que o nosso direito de escolha nunca existiu de fato, e assim, aqueles que cometem assassinatos, agressões, roubos, que praticam suicídio, abortos, eutanásia, que são viciados em drogas, que exploram outras pessoas, que promovem desequilíbrios a si mesmo e a outrem, enfim, que cometem quaisquer tipos de transgressões às leis divinas, nada teriam de responsabilidade pelos seus atos, sendo eles então, meros participantes de um roteiro previamente estabelecido por Deus.

Como o leitor pode observar, tudo isso que vimos aqui não faz nenhum tipo de sentido. Não existe lógica nem bom senso nesse tipo de entendimento acerca de Deus e de seus desígnios.

Com a compreensão do Espiritismo, e, ajuntando-se o bom senso que devemos ter, ao analisarmos Deus e suas leis, chegaremos a irrefutável conclusão de que não é assim que as coisas funcionam. Deus não poderia ser igual ou pior do que nós, que somos suas criaturas. Nós temos o nosso livre arbítrio sim, e Ele sempre respeita as nossas decisões, sejam elas quais forem. Entretanto, como vimos no capítulo 33, responderemos sempre pelas decisões que tomarmos.

Todos somos, e seremos sempre, os únicos artífices do nosso destino. Tudo o que acontece conosco faz parte da lei de Ação e Reação, cujo objetivo é fazer com que só recebamos aquilo que merecemos, ou seja, "a vida" nos devolverá, sempre, aquilo que um dia ofertamos a ela. Se nossas ações são positivas, a vida devolve reações positivas; se são negativas, o retorno será sempre negativo.

Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume IIOnde histórias criam vida. Descubra agora