#16 - O Sonho de Jai

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Jai andava olhando para cima vendo os finos raios de luz passarem por entre o topo das árvores absurdamente altas. Altas como prédios! Gigantescas! Faziam Jai sentir-se minúsculo, como uma formiguinha.

As árvores foram a primeira surpresa de Jai. Já havia visto árvores grandes, inúmeras árvores grandes, infinitas ele diria, mas não eram como aquelas.

Jai piscou seus pequenos olhos azuis de cílios perfeitos e assobiou impressionado ao olhar para baixo. Eram arvorezinhas abaixo de seus pés, pequenas pessoas moravam ali, pessoinhas do menores de seu dedo mindinho.

Os joelhos de Jai tocaram o chão macio e então deitou-se deixando seu olhar na altura do topo das árvores. Era um mundo minúsculo, ele poderia correr e pisotear tudo ali em baixo.

Jai sentiu-se grande, poderoso. Todos que habitassem aquela mini floresta eram seus bonequinhos, mas não pareceria divertido brincar com eles.

Cheio de curiosidade tocou as folhinhas das árvores. Minúsculas. Riu divertindo-se. Tudo era tão fofinho! Soprou com fraco criando uma pequena ventania.

Escutou em resposta o vento soar e levar consigo seu chapéu verde de três pontas. O chapéu deu três rodopios e então pousou sobre o meio da floresta. Era um chapéu leve feito de fios de avaratros (ele não sabia o que era, mas fora o nome que lhe viera a mente), um tecido era macio divertido de tocar, fazia cócegas (precisou de um tempo para acostumar-se com ele).

Os galinhos não se quebraram, mas qualquer um na pequena florestas teria se assustado com a aterrissagem daquele objeto.

Jai levantou-se preocupado. Precisava recuperar o chapéu, precisava tirar a sombra que ele criava, precisava não afugentar os moradores daquele lugarzinho.

Correu os olhos pelo enorme círculo que era aquela floresta. Olhou para seu lado onde uma ponte enorme cruzava toda a mini e infinita pequena floresta. A ponte servia para que o pequeno mundo não fosse pisoteado.

Andou até a ponte de madeira clara tocando o chão. A madeira polida era quase macia, chegava a limão, entalhes colossais faziam desenhos nos corrimãos que Jai nunca alcançaria por isso estarem metros acima dele.

Jai então escutou o som dos galhos atras dele se mexendo. Eram sons altos e aterrorizantes. Olhou para o outro lado da ponte onde um gigante começava a atravessar.

Dessa vez, ele era a formiguinha. Sentiu-se minúsculo e sem poder.

Acordou assustado. Olhou seu irmãozinho deitado na pequena cama. Jai já tinha 12 anos, seu irmão tinha só 2 e meio. Ele era o gigante, mas ao lado dos pais era tão pequeno.

Puxou a coberta e virou para o lado percebendo algo novo. Sempre haveriam momentos em que seria grande ou pequeno, mas ser grande significava ter poder e ter poder significava criar pontes para cuidar e proteger, para não pisotear os pequenos.

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