Maya estava jogada encima de sua bolsa na carteira porque não aguentava mais ouvir seus amigos ensaindo para a peça, aquelas mesmas falas irritantes e que ninguém entende uma só palavra, inclusive os atores. Por que ainda fazem peças disso? Maya saberia que se dissesse isso em voz alta, Sr. Mathews iria olhá-la com um ar de reprovação e responderia "porque, Sra. Hart, ele revolucionou o teatro e a arte". Como se isso fosse motivo suficiente.
Mesmo achando tudo aquilo ridículo, ouvir Riley recitar as falas tão animada deixou Maya mais alegre. A peça seria naquela noite, "para encerrar o seu dia com chave de ouro", como dizia a cada cinco minutos o Sr. Stuart. Aquilo parecia frase de propaganda de pasta de dente, credo.
Sem nada há fazer, Maya fez a única coisa útil que poderia fazer: dormir. Mas foi interrompida por Sr. Mathews, que bateu suas mãos na carteira.
-POR QUEEE?!- gritou a garota, fazendo manha
-Você é a única que não está fazendo nada...
-Porque eu não estou na peça!
Aquilo não era óbvio?!
-agora eu que pergunto, POR QUE?!- Sr. Mathews imitou Maya
-Como assim?
-Por que não está na peça como todo mundo?
-Porque eu não sou todo mundo
Sr. Mathews ficou um pouco em silêncio depois da resposta, se sentindo humilhado.
-Você estava tentando começar uma lição?- Maya perguntou, fingindo estar sensibilizada
Sr. Mathews adorava juntar os problemas de sua filha e companhia com as histórias dos livros.
Ele fez sim com a cabeça, como se fosse uma criança que tinha acabado de fazer um berreiro e estava profundamente magoada, não querendo falar nada.
-Você não faz ideia do que ensinar não é?
Ele repetiu o gesto anterior, agora incluindo, entre sussurros:
-Me ajuda!
Maya tinha opções, ou ajudava seu professor a dar aula ou ninguém teria aula e ela poderia dormir.
Ela sorriu para sr. Mathews, que sorriu de volta, esperançoso e ela se jogou novamente encima de sua bolsa, pronta para dormir.
Respirou fundo, ainda tinha mais quatro opções, mesmo que a sala fosse de 20 alunos.
-Farkle! Sempre aprendemos alguma coisa na hora do Farkle, hora do Farkle agora, Farkle?
-Agora não senhor, estou ensaindo minhas falas
Chateado, respirou fundo mais uma vez, e foi atrás de outro da lista.
-Lucas! Me diga rapaz, qual é o seu problema?
Ele olhou confuso ao professor, e pensando bem, respondeu:
-Eu não sei se vou a roupa do meu personagem vai caber em mim senhor.
O professor olhou bem para aquele adolescente há sua frente, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir
-Os problemas das crianças de hoje- murmurou- inacreditável!
Tentou mais uma vez, estava ficando sem opções:
-Zay! Me diga rapaz...- Sr. Mathews começou o discurso até ver que Zay estava dormindo, ele também não estava na peça
Desesperado, o professor foi até a última pessoa de sua lista, a que sempre tinha algum problema adolescente(bem mais importante que uma roupa que não serve) que servisse para suas lições: sua filha.
-Meu bem, filhinha, ajude seu pobre pai!
Ao se virar, Rileu estava com um sorriso radiante, e nem precisou falar nada para seu pai/ professor ver o quão (mais quão) feliz estava.
-Será que eu não vou conseguir dar uma lição hoje?!- disse olhando para cima
De repente, sr. Mathews ouviu uma voz o chamando, falando seu nome, salvando a pátria. Era Yogi. O professor deu um sorriso igual à de sua filha.
-Sim, Yogi?
Ele podia jurar que anjos estavam cantando, mas na verdade era o sinal, e quando percebeu isso, seu sorriso desapareceu. E agora quem estava ouvindo anjos era os alunos, a aula tinha acabado. Até Yogi saiu correndo em desparada.
-Nunca vou saber o que ele queria dizer-choramingou
-provavelmente se podia ir ao banheiro, pelo jeito que correu- opinou Zay, que tinha acordado.
Sr. Mathews expulsou os cinco que tinham restado ali e suspirou. Mais um dia na aula de história.
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Hope is for Suckers
FanfictionQuando se perde a esperança, deve ter algum motivo? Ou seria alguns? Nessa história, acompanhamos a vida de Maya hart, enquanto vemos suas razões à dizer "a esperança é para otários"