As Listas de Ex-namorados de Ellen

9 - Mais ex-namorados

No terceiro dia, foi a vez não de Brandon, mas de Brenda me decepcionar em toda essa história de Francesca dominando meu mundo. Foram, realmente, três dias de overdose.

Eu estava cuidando do bebê Arthur enquanto Brenda se preparava para uma entrevista de emprego e eu me concentrava em pular no prédio da Social o mais rápido possível. Minha lista da semana já estava pronta – um combo sobre relacionamentos e nevasca – mas eu sentia que precisava do contato olho-no-olho de Lucy mais uma vez. E não, não tinha nada a ver com o fato de Francesca ter estado lá um dia antes. Obvio que não. Não!

— Ah, meu Deus. — Brenda se agitou quando a campainha tocou.

— Calma. Pode continuar se arrumando, eu atendo. — Me ofereci, levando Arthur nos braços. Ele babou meu ombro numa mordida inofensiva e sorriu quando a porta foi aberta.

— Oi, bebê! — Francesca guinchou entusiasmada. — Animado para nosso dia juntos?

Continuei parada na porta, mas Arthur apontou os bracinhos na direção de Francesca, sua babá pelo dia. Só vi o borrão cinza do casaco de Brandon vindo por trás da prima segundos depois.

— Ei, que cara é essa? — Ele perguntou, depois de beijar meus lábios secos e fechar a porta atrás de nós. Francesca já havia tomado Arthur de meus braços e ido ao encontro de Brenda, no quarto.

— Como assim, Francesca será babá de Arthur? — Não disfarcei o espanto na voz. Brandon sentou-se no sofá, 100% relaxado.

— Ora, qual o problema? — Perguntou, com uma dose de cinismo de outro planeta.

— Qual o problema?

— Sim. Ela está ajudando, não está?

— Ela estava doente, ontem mesmo! — Lembro-me da febre e congestão nasal e me sinto feliz por poder usar o argumento. — E se passar algo para o bebê?

— Ela já está melhor. — Brandon cruzou a perna por cima do joelho e bateu a mão no sofá, apontando que eu me juntasse a ele. Fui, hesitante. — Não vai acontecer nada. — Brandon passou o braço por trás dos meus ombros e me apertou contra seu corpo. — Por que está tão preocupada?

Abaixei o olhar para o chão e pensei se deveria ou não contar sobre meu incômodo. Estaria arriscando deixa-lo bravo por nada, e Francesca iria embora em apenas um dia. Relutante, neguei.

— Não estou preocupada. É só que... — E voltei atrás depois de dois segundos — Ela tem passado muito tempo aqui, com você, e agora Brenda... não sei. — Franzi os lábios e esperei a reação de Brandon.

Ele não disse nada por um tempo.

— O que você estava esperando? Que eu a deixasse sozinha?

— Não! — Balancei a cabeça, negando. De repente me senti agitada e me desvencilhei dos braços de Brandon, o olhando nos olhos. — Não queria que a deixasse sozinha, mas, onde estão seus pais? Ela veio com eles, para ficar com eles, e não para tomar posse de você! — Desabafei e, no mesmo minuto, me arrependi amargamente.

Não deveria ter falado nada.

É, nadinha.

Tudo acabaria no outro dia e eu teria sobrevivido. Claro que teria. Não precisaria criar um ambiente desconfortável entre mim e Brandon por causa de qualquer pessoa. Depois de muito tempo, percebi: se Francesca tivesse mesmo querendo provocar-me dando em cima de Brandon, uma reação exagerada era tudo o que ela desejava.

Brandon olhou duro para a ponta do corredor e respondeu, sem levantar a voz:

— Ellen, ela não está tomando posse de mim. O que é isso, uma disputa?