— Ela não me disse nada! — Ele suplica.
— Você jura?
— Eu juro.
— Jura mesmo?
— Eu juro! — Brandon pousa a mão em cima do peito — Eu juro.
Meu sorriso chega até a orelha e todos os meus dentes estão à mostra.
Liguei para Brandon no segundo em que Lucy saiu do café, e ele chegou vinte minutos depois. Ainda estou sentada aqui, na mesma cadeira. Já li uma parte do contrato, tomei uma xícara de café e estou mais agitada do que nunca. Na agonia de ter alguém para contar a novidade, não parei para pensar que estávamos distanciados.
— Agora, deixe-me ver isso aqui.
Brandon segura o contrato em mãos e analisa, sério. Seu semblante está impenetrável e ele lê cada palavra com um cuidado muito maior do que o que eu estava colocando.
Ele sorri abertamente ao final e solta:
— Estou feliz demais por isso, Ellen.
Só isso?
Está feliz demais por isso? Pela primeira vez desde que ele chegou, sinto meu peito se agitar em dúvida.
— Por que você está aqui? — Ignoro todos os comentários que ele tem a fazer sobre o contrato e vou direto ao ponto. Brandon me olha do mesmo jeito que ele sempre faz, com aquela expressão que pode significar um milhão de coisas. Ele sempre foi assim, simples, sereno, nada fácil de descrever ou decifrar. Brandon aperta os lábios, solta as páginas do contrato em cima da mesa e se remexe um pouco na cadeira.
— Porque você me ligou e pediu que eu viesse. Por que eu não viria?
— É... isso. Você veio quando eu liguei.
— Por que eu não viria, Ellen? — Brandon refaz a pergunta, agora mais reforçado.
Porque estávamos brigados, talvez? Porque eu achei que você nunca mais iria falar comigo, também? Ou quem sabe, porque você está magoado e com raiva do que acha que está acontecendo entre mim e Max? Por um milhão de razões.
Não respondo. No fim, dou de ombros apenas.
Brandon encara os papéis a sua frente e apoia os cotovelos na mesa, ainda sem tirar os olhos do contrato. O silêncio é mais alto do que meus pensamentos, e qualquer vontade que eu tenho de falar vai embora.
— Eu só estava esperando as coisas se acertarem para conversar com você.
Se eu fosse um desenho animado, interrogações estariam pairando sobre minha cabeça agora.
— Mas aí, tudo entrou no meio e aconteceu ao mesmo tempo. — Brandon entrelaça as mãos e apoia o queixo, depois ri. — E mesmo assim, Lucy conseguiu tempo para fechar um contrato e falar com você. Eu admiro a forma como ela administra o tempo... eu não consigo.
— Muito menos eu... — consigo dizer — mas, do que você está falando?
— Nós precisamos conversar sobre nós.
Para onde foi aquela animação que eu estava sentindo dez minutos atrás e por que ela se transformou nesse medo que aumenta a cada minuto, de que uma notícia muito ruim está para chegar?
— Brandon... — Suspiro e quebro a barreira que estava me impedindo e falar. — Eu não me importo com Max do jeito que você pensou. Eu não passei dias sem falar com você porque estava com ele; eu passei dias sem falar com você porque achei que você estava chateado demais para me ouvir, mas, já que você está aqui agora, eu acho que deveria. — Respiro fundo e é a única coisa que faço antes de voltar a falar: — Eu não me importo com o resto, eu não menti dizendo que te amo. Que inferno, foi a primeira vez que eu disse isso para alguém sendo totalmente verdadeira em anos! E não foi só porque você disse. Mesmo se isso tivesse acontecido, se eu não te amasse eu não falaria nada. Nada, eu ficaria calada. E outra coisa: eu te liguei sem nem pensar. Eu te liguei porque você é sempre a primeira pessoa em quem eu penso quando tenho boas notícias. Eu quero dividir com você tudo o que há de bom, tudo o que acontece de melhor comigo... tudo.
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As Listas de Ex-namorados de Ellen
ChickLitSEQUÊNCIA DE "AS LISTAS DE ELLEN" ***Não é necessário a leitura do primeiro para ler este, mas spoilers não serão evitados.