As Listas de Ex-namorados de Ellen

5 - As definições de desastre foram atualizadas

Capítulo dedicado à todos os leitores que participam do grupo no WhatsApp. ♥

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— As definições de desastre foram atualizadas. — Ouço a voz cansada de Brenda e viro-me, dando de cara com minha amiga parada na porta, largando a enorme bolsa do bebê no chão. Arthur dorme em seu braço, desajeitado. Andy já foi embora e o site da revista continua aberto no navegador do notebook, agora em cima do balcão da cozinha. Metade da lista sobre ciúmes e ex-namorados está completa. Continuo mexendo o chocolate em pó para que se misture ao leite e o faço rapidamente quando percebo que já são oito horas da noite e Brandon pode chegar no apartamento a qualquer momento. Me ver tomando cinco colheres de chocolate em pó diluídas no leite o faria ir à loucura, por isso evito o drama. Brenda caminha até o corredor, ainda com o bebê no braço e eu espero até que ela volte sem ele e desabafe.

— Eu não deveria ter saído de casa hoje! — Ela solta, esbaforida. — Deveria ter continuado na minha cama, enrolada nos lençóis com Arthur grudado em mim. Deveria ter continuado com o notebook no colo, procurando incansavelmente por sites onde eu possa contratar uma babá, ou entregar currículos on-line. Ou simplesmente, você sabe, atualizando o Twitter ou o status do Facebook, rolando a tela para cima e para baixo, lendo as novidades das vidas das pessoas que realmente fazem algo de interessante. — Ela gesticula exageradamente e anda pela sala para lá e para cá, sem me olhar realmente. Não interrompo o discurso e também não faço nenhuma pergunta, mas de repente Brenda gira o corpo em minha direção e aponta o dedo indicador para o meu rosto. Seu pescoço está vermelho e sua testa sua um pouco. — Você sabe qual a primeira coisa que minha mãe disse, ao ver o neto? "Oh, que lindo!"? Não, não foi isso que ela disse! — Ela exclama, aumentando a voz. — Ela disse que eu deveria saber por onde ando, porque se ele puxar um por cento a mim, estou ferrada. Sabe o que foi minha tarde hoje, Ellen? Três horas ouvindo meus pais me julgando, me colocando para baixo e apontando todos os erros que eu já cometi na vida. — Ela joga o corpo no sofá de braços abertos, e suspira pesadamente. Abro a boca três vezes, procurando palavras para dizer que a façam sentir melhor, mas descubro que não há nada que eu possa fazer agora. Brenda continua, agora aparentemente mais calma. Pelo menos mais controlada... — E eles nem sabem que fui demitida, não tenho um apartamento e não tenho nem ideia do que vai ser de agora em diante. Eles acham que Arthur foi um erro, mas não foi. Foi, de longe, a melhor coisa que aconteceu no último ano. Não me arrependo. — Ela dá de ombros e, ao olhar bem para seu rosto, percebo um brilho triste em seus olhos. — E sabe o pior de tudo? Eu ainda fiquei presa no salão do hotel, por causa da neve.

— Presa? — Consegui perguntar, ignorando todo o resto. Não foi por querer, mas minha atenção foi puxada pela neve.

— Sim. Estamos com alerta de tempestade. As próximas vinte e quatro horas serão de nevasca. — Brenda diz sem parecer que está prestando atenção ao que está falando. Só está me contando fatos. — Aliás — ela finalmente vira-se para mim, focando a visão —, onde está Brandon? Pensei que ele apareceria por aqui hoje.

— Foi ao Rockfeller Center com a família. Ele deve aparecer ainda, se não ficar preso em casa.

— Ele vai deixar os pais sozinhos em casa e vem para cá? Sei não, Ellen. Acho que enquanto eles estiverem na cidade, você terá que dividir a atenção...

— Dividir a atenção... não. — Reviro os olhos e murcho as bochechas, soltando todo o ar da boca. — Não estou "dividindo a atenção" — exagero nas aspas — não é... assim.

Brenda enxuga a bochecha e sorri, chacoalhando a cabeça para trás.

— Hm. Você está ficando incomodada com tudo isso? Ellen... — Ela levanta-se e vem correndo até mim, cutucando minha barriga. Curvo o corpo para a frente e um pouco do chocolate que eu pretendia tomar cai no chão, deixando respingos marrons espalhados pela sala.