10 - Desencontros

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- Eu ainda não superei a coincidência. - Voltando para casa, Andy ainda resmungava sobre Max e sua filha estarem no mesmo estúdio que nós dois, no mesmo dia, na mesma hora. No mesmo segundo! - E ele falou com você. Não achou que era demais?

- Ah. - Abracei meu próprio corpo, andando em ritmo pelas calçadas de Nova Iorque. - Não sei. Achei natural a forma como ele falou comigo. E achei legal, também.

- Legal?! - Andy quase parou o tempo para falar. - Como assim "legal"? Não há nada de legal nisso. Ele te traiu. E o fruto da traição estava lá.

- A criança não tem culpa. E nós temos que crescer e deixar isso para trás.

- Não. Claro que não. Ah, minha pequena Ellen. Quem está colocando minhocas em sua cabeça? Ex-namorados não existem para voltar e "nos fazer crescer". - Eu ri. Andy continuava a todo vapor - Eles existem para nos fazer lembrar dos nossos erros, e nunca cometer o mesmo erro novamente.

- Você já cometeu o mesmo erro várias vezes. - Apontei, lembrando de todas as histórias envolvendo ex-namorados que Andy já me contou.

- É, mas nenhum deles me traiu e teve um filho com outra enquanto estava comigo. - Andy descontou, parando no meio dos degraus em frente ao prédio. Passei rapidamente por ele e abri a porta de madeira pesada, entrando de uma vez. O vento frio não estava me deixando parar no meio da rua.

- Eu sei disso, mas, ah. - Relaxei os ombros e resmunguei. - Eu não sinto nada. Só queria esquecer que tudo isso aconteceu.

Andy se aproximou de mim e passou o braço por cima dos meus ombros.

- Estou aqui brincando, mas admiro você.

- Como assim?

- Eu queria muito esquecer alguns ex-namorados e ter uma boa relação com eles, hoje em dia. - Estávamos subindo as escadas grudados, lado a lado. - Mas acho que sou rancoroso demais para isso.

Eu ri, sem dizer mais nada até chegar em frente à porta do meu apartamento. Lá, estava meu atual namorado. E como ainda é estranho pensar nisso! Andy e eu nos despedimos com um aceno e ele logo entrou em seu apartamento vazio.

Suspirei antes de abrir a porta e respirei pesado quando não encontrei Brandon na sala, como esperava. Lá só estavam Francesca e o bebê Arthur, este dormindo. A TV estava ligada e exibia um programa de calouros - The Voice.

- Er... oi, Francesca. - Cumprimentei, esperando que ela me desse as direções de onde Brandon está. Ela me olhou, sorriu dissimulada e voltou a atenção para a TV. Quis matá-la, mas controlei minhas emoções e perguntei: - Brandon não está aqui?

Ela balançou a cabeça, negando.

- Oh. Certo. Você sabe para onde ele foi?

Mais um "não" silencioso. Bufei, cerrando os punhos. Não havia ninguém no apartamento. Eu poderia muito bem matá-la, depois diria que ela voltou para Seattle sozinha. Será que alguém desconfiaria? Sorri, cínica - porém, tinha certeza de que estava assustadora.

- E Brenda voltou? - Continuei com as perguntas.

- Não tem ninguém no apartamento e eu não sei onde ninguém está.

- Ah, que engraçado. Achei que você não queria ficar sozinha.

Francesca deu de ombros. Minhas unhas estavam fincadas na palma da mão.

- Certo. Boa sorte estando sozinha com o bebê. Tchau.

•••

Andy abriu a porta na primeira batida.

As Listas de Ex-namorados de EllenOnde histórias criam vida. Descubra agora