20 - Podemos entrar para o AA juntos

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A entrevista de emprego de Brenda no mesmo dia da minha "reunião casual" com Lucy a deixou empregada. Três dias depois recebemos um telefonema informando que a vaga na Gigi tinha sido preenchida por ela, e era só aguardar de uma a duas semanas para ser informada sobre carga horária e o primeiro dia no trabalho. Estamos a três dias de isso acontecer, e a apenas um dia de irmos ver seu apartamento novo. Sinto que as coisas estão finalmente dando certo para Brenda, como se estivéssemos vivendo o fim de um filme muito longo: tudo caminhando para o final feliz.

Minha reunião com Lucy ainda pipoca na minha cabeça sempre que penso sobre Brenda. Ela está embarcando num emprego novo, e eu... ainda não assinei o contrato. Continuo repetindo para mim mesma que o motivo disso é Lucy ainda não ter voltado do Brasil (nem Brandon) e eu não tenho motivos para apressar a assinatura, já que trabalharei com ela, e quero entregar a minha decisão diretamente a ela.

Pelo menos é isso que estou me convencendo até agora. Enquanto Lucy não volta, não tenho motivos para pensar freneticamente sobre isso. E é um alívio para meus ombros cansados, já que tanto está acontecendo.

Andy não terminou com Malcom – ainda. Segundo ele, está sempre a um passo disso, mas o namorado, sempre que Andy está 100% convencido, apronta algo inesperado e reduz o 100 para 20%.

— Você não imagina o quanto é frustrante ensaiar uma frase milhões de vezes em frente ao espelho, pensar em como será a reação dele, já ter tudo arquitetado, e aí... pfff, ele chega em casa com uma surpresa. Todas as vezes em que pensei nisso, sem excessão.

— Quem sabe ele não desenvolveu o poder de ler mentes? — Questiono.

E adoro como Andy parece realmente pensar sobre isso, só para depois descartar a ideia.

— Não. Se fosse isso, ele saberia muito mais... — Ele tosse uma risada e eu o olho de soslaio enquanto passo a mão pelas araras de uma loja de decorações para festa. Brenda me deu a ideia de uma festa a fantasia, mas não há boas fantasias disponíveis em março. E estamos numa loja pequena da Clinton St., então eu não tenho muitas esperanças.

— Ele pode estar tentando disfarçar qualquer coisa ruim com presentes. Já vi esse filme uma vez.

— Não gosto de pensar que é isso. — Andy enrosca uma máscara de baile no rosto e eu só enxergo sua boca e olhos.

— Você acha que ele está te traindo com o ex-namorado, okay... mas não acha que ele pode estar te enganando com presentes? Falta coerência, Romeu. — Eu rio.

Andy tira a máscara e a joga na cesta de onde tirou.

— O que você já tem aí? — Pergunta ele, espiando minha sacola de compras. Está abarrotada de coisas, mas nada muito sensato. Combinações esquisitas e nem um item sequer que tenha feito meus olhos brilharem.

Eu ainda quero matar Brandon por ter me abandonado com a organização da festa. Mesmo que ele esteja com algo muito mais sério para tratar... não consigo deixar de imagina-lo nas praias do Rio de Janeiro, tomando água de coco e assistindo a um show de samba.

— Não tem uma festa super animada no Brasil nesta época do ano? — Pergunto, mas depois percebo que minha intenção não era falar em voz alta.

— Hã... tem, sim. O Carnaval, eu acho. Por que está pensando sobre isso?

— Por nada!

Continuo com o pensamento a mil e com cuidado para não deixar mais nada escapar. Chega uma hora em que o pensamento de Brandon dançando na praia de Copacabana me causa acesso de riso, e Andy encerra de uma vez por todas o dia de compras numa loja barata da trigésima quinta avenida.

As Listas de Ex-namorados de EllenOnde histórias criam vida. Descubra agora