Vou conseguir superar tudo isso! Não há motivo para pânico. Hoje será o melhor dia da minha vida, eu posso sentir. Sim, eu sei que será. Não estou com nenhum pensamento negativo para me colocar para baixo hoje. Nada me derrubará. Estou 100% confiante.
Piso os dois pés no chão ao mesmo tempo e não me deixo cair na onda do "acordei com o pé esquerdo". Hoje sou tudo ou nada. Sorrio para a parede e me espreguiço, espantando o resto do sono que ainda habitava em mim. Coço a testa, abro bem os olhos e dou tapas na cabeça, abaixando o volume que bagunçava meu cabelo. Sinto-me revigorada.
E daí que há cinco dias não falo com Brandon? Não importa. Não sinto sua falta e não estou nada ressentida por ter caído numa armadilha tão injusta do destino. Estou pensando positivamente.
E daí, também, que hoje tenho uma "reunião" com Lucy Rigby, a chefe da minha chefe, e esse é o primeiro contato que tenho com alguém da revista depois daquele texto fracassado que mandei para o site – ou melhor, Arthur mandou para o site – sem querer? E daí que justamente a chefe de ponta deseja falar comigo pessoalmente e em particular? Não estou nervosa! Nem um pouco ansiosa. Estou ótima. Mesmo que isso nunca tenha acontecido. Pff. Estou maravilhosa.
Depois de meia hora me arrumando, saio do quarto e corro para a sala, literalmente. Meus passos estão acelerados, meus movimentos estão mais rápidos. Sinto que posso correr os cem metros rasos e bater o Usain Bolt. Estou nesse nível de confiança.
Respiro fundo e me sirvo de uma xícara de café já pronto, descansando no bule. Alguns minutos depois, quando já estou finalizando a segunda xícara do líquido quente e forte, Arthur aponta no corredor, correndo desequilibrado. Seus passos se tornaram mais precisos e confiantes na última semana. Assisti-lo correr dessa forma, com um sorriso vitorioso no rosto é o que eu preciso para uma manhã otimista. Que pena saber que não o verei todas as manhãs, a partir do mês que vem.
Não!
Sem esse tipo de pensamento. O dia hoje exige confiança. Balanço a cabeça de um lado para o outro e espanto a lembrança.
Brenda aponta no corredor logo atrás do filho, mas ela não corre. Abotoa o pulso de uma camisa social e parece séria, concentrada.
— Hm. — Observo sua roupa de cima a baixo. Os sapatos são pretos e brilhosos, a calça de linho preta passa seriedade e compromisso. A camisa azul claro está num caimento perfeito e, depois de ser abotoada, se mostra mais bonita, justa. Parece que foi feita para o corpo de Brenda. A área dos seios não tem pano sobrando, como a maioria das outras roupas sociais, e mais abaixo o tecido marca perfeitamente a cintura fina dela, logo caindo solta em seus quadris largos, onde a calça começa a fazer seu trabalho. — Alguém tem um compromisso.
— Por favor, não me deixe mais nervosa do que já estou.
— Não tinha essa intenção. — Esclareço. — Café? — Aponto uma xícara para ela.
— Não! Definitivamente, não. Não preciso de mais nervosismo. Mas aceito uma xícara de chá.
— Você é uma pessoa totalmente diferente da minha melhor amiga. — Espremo o nariz e a boca, voltando a atenção para a bebida.
— Você não tem uma reunião hoje? — Brenda me pergunta, guardando Arthur no quadrado cheio de brinquedos e vindo até o balcão da cozinha preparar seu chá.
— Não é bem uma reunião. É só um encontro casual com a minha chefe.
— Isso não existe. — Brenda debocha.
— Pense o que quiser. Não é uma reunião.
— Ontem você disse que era.
— Sou uma pessoa diferente hoje.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Listas de Ex-namorados de Ellen
ChickLitSEQUÊNCIA DE "AS LISTAS DE ELLEN" ***Não é necessário a leitura do primeiro para ler este, mas spoilers não serão evitados.