22 - Não acabou por aqui

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— Ah, Ellen! — Ouço Brenda me chamando e olho na direção da voz.

Ela está atravessando o local/estúdio/loft (cheguei no ponto que não sei mais do que posso chamar o prédio) e vem acenando com a mão acima da cabeça. Estou conversando com mamãe sobre seu novo livro enquanto Brandon retira a bateria do meio da sala – eu não sei porque; adoraria que ele cantasse um pouco mais – e quando minha amiga aparece do nosso lado, mamãe a agradece pelo convite.

— Ah, imagina. Claro que eu convidaria a senhora. Não iria deixar passar isso em nenhum dos e-mails.

— Sim, você fez questão de lembrar. Regra número um: não conte a aniversariante.

Abro a boca o máximo que posso.

— Vocês armaram isso juntos?

— É meio como se faz uma festa surpresa, Ellen. Nunca armou uma?

— Eu tentei. — Viro um gole de vinho tinto e esvazio a taça, lembrando do fiasco para conseguir organizar alguma coisa para Brenda, que, aliás... — Não existe, né?

— O que?

— Sua festa surpresa. Não existe.

Brenda sorri simpática e passa a mão pelo meu braço.

— Ah, Ellen. — Diz em tom penoso. Reviro os olhos, mas estou sorrindo. — E tem outra coisa! Não existe apartamento nenhum também.

Mamãe pede licença e se afasta para falar com meu pai alguma urgência de última hora, os cochichos que eles sempre repetem quando nos encontramos no mesmo lugar.

— Como assim "não existe apartamento nenhum"? E este lugar aqui?

— É um estúdio, como Andy disse. Ele não sabia da festa, porque ele não é muito bom em guardar segredos, nós sabemos disso.

— Ah, poxa vida. Eu guardei um segredo muito bem guardado, e não valeu de nada. Foi a primeira vez que consegui não tagarelar com você sobre, e aí, no final... nem adiantou. Tudo por nada. Me sinto traída, sabia?

— Ah, é mesmo? — A voz de Brandon invade meus ouvidos, e eu sinto o bafo quente saído de sua boca encostar em meu pescoço. Não consigo evitar o arrepio que percorre meu corpo inteiro. — Traída por quem?

Controlo meu instinto de beijá-lo aqui mesmo e firmo o corpo, um pouco trêmulo quando me viro para ele, apontando o dedo em seu rosto.

— Por você. E Brenda, e minha mãe. E todo mundo que está aqui e não me disse nem uma palavra a respeito. Lucy! Meu Deus, Lucy sabia de tudo. Que ótimo trabalho vocês fizeram.

— Obrigada. — Brenda se gaba. — Mas, embora eu esteja adorando receber todos os créditos pelo plano, preciso cuidar de outra coisa... — Ela sorri cínica e dá de ombros quando sai no caminho oposto ao de Andy, que está segurando a mão de Arthur com firmeza.

Sou abraçada por Brandon, apenas um de seus braços tomam conta do meu corpo inteiro. Ele suspira e me toma para si só.

— Eu senti sua falta.

Todo o barulho de pessoas falando ao meu redor se transforma em silêncio quando ouço ele falando, assim como aconteceu no momento em que entrei aqui e o vi sentado atrás da bateria, sorrindo e um pouco rosa nas bochechas.

— Eu também senti sua falta. Ou você acha que não? Estava quase chorando por uma mensagem.

Brandon suspira pesadamente, depois solta os ombros, parecendo aliviado.

— No começo eu não mandei nada por achar que seria a melhor coisa a se fazer naquela hora. — Ele tira minha franja do rosto, mas está com o olhar distante e o gesto parece ser automático — Mas isso não quer dizer que eu não estava sentindo falta, ou sofrendo; eu realmente estava. Pensei que você estava aqui, se divertindo horrores com Max, ou sei lá quem mais poderia estar com você.

As Listas de Ex-namorados de EllenOnde histórias criam vida. Descubra agora