Capítulo XIII - Falsa Esperança

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Hoje era um dia atípico em que eu sentia uma grande felicidade explodindo dentro do peito.

Não só pela noite que havia tido com Apollo, mas pelo fato de definitivamente ter conseguido bloquear todos os meus medos para enfim, conseguir me entregar ao seu amor.

Sentia um fio de esperança nascer diante nossa situação e era tudo o que eu precisava para me agarrar e acreditar até o último momento que ainda podíamos viver juntos e felizes.

Abro a cortina do meu quarto e dou bom dia para a vida que me acorda com um pequeno raio de sol á minha cama. Está uma deliciosa manhã de verão lá fora e decido ir correr para gastar um pouco da energia acumulada em meu interior.

O parque ao centro da cidade está cheio de pessoas adeptas aos exercícios antes do trabalho e a brisa que toca minha face faz-me sorrir lembrando como é bom viver e estar de bem consigo mesma.

Após algum tempo de corrida volto para casa e tomo um banho para eliminar o cansaço do corpo e fico automaticamente feliz ao lembrar que é sexta-feira e poderei descansar com Apollo depois de uma árdua semana de trabalho.

Benjamim que ficou fora alguns dias retorna hoje de viagem e esse é mais um motivo que ajuda a completar minha felicidade, pois estou tão habituada com a companhia dele que parece que falta um pedaço de mim com sua ausência.

Visto minha roupa e saio apressada de casa, pois quero chegar cedo ao escritório para preparar um café da manhã e fazer uma surpresa para comemorar o seu retorno.

─ Olá Alicia, bom dia!

─ Bom dia Senhor Cake!

É incrível como o pai e filho são tão parecidos, extremamente simpáticos e atenciosos.

Embarco ao elevador cantarolando ao som de Nick Jonas - Close ft Tove Lo com meus fones de ouvido no último volume, mas quando chego ao meu destino vejo que Rachel está chorando e parece estar tão sentida que fico com pena de seu sofrimento.

─ Rachel, posso lhe ajudar? Rachel? Estou falando com você! Está tudo bem?

Como não consigo respostas imagino eu que ela não queira conversar ou expor seu verdadeiro problema, então resolvo voltar para a preparação da surpresa de Benjamim e me empenhar ao máximo para que ele se sinta especial.

Tento me concentrar, porém não consigo fingir que não vi Rachel aos prantos sozinha na recepção. Após alguns minutos decido voltar e tentar fazer com que ela desabafe, pois mesmo sabendo que tem uma rixa comigo por causa de Apollo, não posso deixa-la chorar dessa forma porque chega a ser desumano de minha parte.

─ Rachel não adianta ficar chorando, porque ficar desse jeito não irá resolver o problema. Tome esse copo d'água e tente se acalmar.

Atordoada, chego á recepção e minha reação é tão instantânea quando vejo Apollo e Rachel que chego a assustá-los ao serem surpreendidos conversando.

─ Sobre que problema estão se referindo? Rachel você precisa de ajuda?

Novamente sem respostas! Tranquilizo-me, e sinto menos culpa ao ver que Apollo está fazendo companhia a Rachel e decido deixá-los á sós para que ela consiga desabafar com alguém.

Assim que me viro em direção á copa, Apollo larga Rachel e vem atrás de mim.

A princípio fico meio incomodada porque não era essa minha intenção quando decidi voltar e conversar com ela.

─ Alí, Rachel só está com problemas e a ajudarei a resolvê-los.

Olho com pesar em direção a Rachel e digo a Apollo que fico feliz por ele estar ajudando e que caso eles precisem de algo podem contar comigo que também prestarei ajuda.

Volto ao meu trabalho e preparo um modesto café da manhã para Benjamim, com direito a leite, café, suco, biscoito, torrada, geléia, manteiga, pão, fruta e o ingrediente principal que são bombons trufados com chocolate amargo, seu preferido.

Para finalizar coloco algumas flores em um jarro em sua sala e aguardo ansiosamente sua chegada do aeroporto.

Quando volto á minha mesa há um pequeno envelope a minha espera e ao abrir sinto que meu mundo acaba de desabar sobre minha cabeça.

Estou desolada e desato a chorar desesperadamente e a única pergunta que vem a minha mente é porque não ouvi Mat com seus conselhos de irmão mais velho.

─ Linda, o que aconteceu? Por que está chorando?

Sem pensar entrego-lhe o pequeno envelope sob minhas mãos e não consigo dizer mais nada á respeito, nem se quer esbravejar, ou dar-lhe outra bofetada como a primeira vez em nossa viagem.

─ Alí, eu sinto muito! O que posso fazer é me desculpar diante a total burrice e imaturidade!

─ Até quando iria conseguir esconder de mim Apollo? Eu o amei desde a primeira vez em que o vi, tratando-lhe bem mesmo depois de pisar em meus sentimentos, me escorraçar e me tratar pior que um cachorro com sarnas.

Não consigo conter minhas lágrimas e agradeço a Deus por não ter chego ninguém ao escritório para presenciar tal degradação de um ser humano como a que está acontecendo comigo nesse exato momento.

Aos berros e soluçando as palavras digo á ele o que mais dói em meu peito.

─ Disse que estava apaixonado por mim e eu me entreguei de corpo e alma e mais uma vez pisou em mim e não soube respeitar o que sinto por você.

Em um gesto de desespero Apollo se ajoelha aos meus pés chorando e faz sua súplica como se eu fosse acreditar novamente em suas palavras enganosas.

─ Alí, eu imploro seu perdão. Não sabia que estava apaixonado por você quando aconteceu, estava confuso em minha dor e não consegui enxergar a pessoa que é! Comportei-me como um verdadeiro idiota e estou arrependido por ter lhe tratado mal. Eu não quero viver sem você, eu não vou conseg...

─ Eu não posso ouvir mais nada que venha de você e o proíbo de continuar blasfemando suas mentiras para conseguir o que quer. Bia tem sorte de ter um amigo como Henry que lhe contou a verdade antes que você também a enganasse. E essa daí, infelizmente para ela, caiu em sua lábia e agora já é tarde para desatar o nó entre vocês.

─ Eu não sou assim Alí, e esse comportamento é só um refúgio para minha dor.

─ Apollo, o que posso dizer é que tenho pena de você que não tem nada verdadeiro em sua vida com exceção a amizade que tem com Benjamim, pois você é falso e mente para ganhar as coisas, é vazio e sempre será! Não coloque a culpa de ser do jeito que é hoje, devido a morte da sua esposa e da sua filha porque você não ama ninguém a não ser a si próprio, e de hoje em diante eu não quero nada além de distância, me deixe em paz!

Sem pensar em dar mais tempo a Apollo, corro para o banheiro e me tranco para pensar e ter espaço para sofrer sozinha sem que ninguém veja minha dor.

Depois de um longo tempo, volto a minha mesa e Benjamim está a minha espera com um longo sorriso nos lábios.

─ Obrigado por sua surpresa, você é realmente insubstituível Alí!

Benjamim me agarra em um abraço apertado e há tanto afeto e um sentimento tão verdadeiro que tomo minha decisão no mesmo instante. Esse era o verdadeiro empurrão que faltava para minha razão tomar frente ao meu coração.

Ao ver que Apollo nos observa, coloco as mãos sobre o rosto de Benjamim e digo olhando aos seus olhos forçando um sorriso o qual eu não conseguiria arrancar do lugar mais profundo em meu corpo sem ter ele por perto.

─ Também senti sua falta Benjamim! O que você acha de jantarmos hoje?

─ Eu adoraria! Pode deixar que faço a ligação para nossos amigos e reservo o restaurante.

─ Dessa vez vamos sozinhos... Você e eu!

E com um lindo sorriso em minha direção é perceptível sua felicidade ao ver-me, porque sei que Benjamim me ama verdadeiramente e preciso aprender a corresponder seu sentimento por mim.    

Amor Irreal - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora