No meio da noite eu só queria dormir, né. Eita sono que não me deixa em paz. Fico parecendo uma contorcionista na cama quando estou dormindo.
Acordo com alguém me cutucando várias e várias vezes. Semicerro os olhos e Gaia suspira aliviada.
- Me diz uma coisa, você tem demência ou não tem relógio? - perguntei sussurrando e ela revira os olhos.
- São três da manhã e eu tô morrendo de fome. Não quero ir pra cozinha sozinha.
- Fala sério, não pode comer... Sei lá, no banheiro? - bocejei e cocei os olhos. - Eu não estou com fome.
- Por favor, Sarah. O que eu tenho não é pra comer cru, além do mais, na cozinha tem um monte de coisa boa!
- Acha mesmo que eu vou...
Gaia ergueu um pacote de miojo. Miojo, cara! M-I-O-J-O!! Essa menina sempre trouxe lanche de casa, como cookies, batatinhas, doces e coisas que não podemos comer. Mas miojo já é nível de mestre! Espera, tem um olho na minha lágrima... Sequei.
- Partiu - falei me levantando e ela observou meu pijama de girafa. Escolhi a noite perfeita: a calça de moletom com estampa de girafa e a camisa branca e amarela escrito "Hey, Giraffe!". - O que foi? O Michael Bob gosta, ok? As pantufas também!
- Não preciso de detalhes. Vamos chamar a Audrey, ela vai adorar um lanchinho da madrugada!
Fomos até ela e a cutucamos, ela se remexeu na cama e falou umas coisas estranhas. Não entendi porque também estava com muito sono.
- Audrey - sussurrei e a balancei.
- Que foi? - perguntou coçando os olhos. Finalmente! A menina dorme que nem um hipopótamo.
- Vamos comer alguma coisa. Tem miojo!
- Que porra é essa?
Coloquei a mão no peito indignada e tendo um mini-infarto.
- Como assim você não sabe o que é miojo? Não teve infância? É doente? O miojo é sagrado, minha filha! Todo mundo já comeu, até o Michael Jackson já comeu e você não! - falei rápido tentando não gritar.
- Tanto faz. Mas se vamos lanchar eu quero que Alex vá, ele é um ótimo cozinheiro, pelo que me disse.
- Não brinca! - Gaia exclamou. - Vamos chamar o Max e o Luke?
- Não, não. Quatro já é demais. Vamos logo antes que eu volte para a cama - Audrey diz e saímos do chalé, uma brisa fria de vento passa por nós. Mesmo com o pijama enorme e comprido, ainda fiquei cheia de frio. Coitada da Audrey, só com uma camisola, robe e pantufas de unicórnio.
Corremos até o chalé masculino, limpamos uma das janelas embaçadas e por sorte, a cortina estava aberta, olhamos procurando Alex e vimos ele e Max dormindo nas camas, uma do lado da outra.
- Eita, porra - falei - Qual é qual?
- Aquele é o Alex - Audrey apontou para o da direita, dormindo tranquilo e quieto - E aquele é o Max - apontou para o da esquerda, dormindo todo esparramado na cama, com a boca aberta (provavelmente roncando) e a baba escorrendo. - Vamos na janela do Alex.
Contornamos o chalé e achamos a janela. Batemos várias vezes. Todos aqueles meninos têm o sono muito pesado, menos Alex. Ele acordou num instante e nos olhou como "Era só o que me faltava". Nos mandou esperar e saiu do chalé. Encontramos ele na porta.
- O que vocês estão fazendo aqui fora, nesse frio do cacete, três da manhã? - perguntou esfregando o rosto e cabelo.
- Nada não, Alex. Só viemos fazer uma caminhada pelo acampamento e morrer de frio! - falei sorrindo e ele me deu língua - Vamos pra cozinha comer. Anda! Ah, eu amei seu pijama de Star Wars.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sarah
Genç KurguSarah Baker se considera uma adolescente normal, exceto por sua dislexia e grande falta de controle emocional, ou seja, ela não é. Ela é apenas ela. Tudo muda quando nas férias de fim de ano, o seu pai a manda para o Acampamento para Jovens Problemá...