Audrey*
Vou resumir logo uma coisa importante: hoje é dia 20 de novembro e daqui a quatro dias vai ser o feriado de Ação de Graças. Então, a Johanna disse que nós vamos ter que passar uns quatro dias em casa já que é feriado e o acampamento vai ter umas reformas nos chalés e banheiros. Alguém deve ter entupido alguma coisa... Melhor nem perguntar.
Peguei meu celular e liguei para o meu pai. Ou a secretária dele.
- Alô? Casa dos Campbell - disse Mary, a empregada la de casa.
- Oi, Mary, é a Audrey. Como estão as coisas?
- Olá, senhorita Audrey! Que bom que ligou! Está tudo bem aqui, bem mais calmo sem você - dei uma risada lembrando das maravilhas de Nova Iorque - E com você?
- Tudo bem, se você considera a falta de lojas, roupas e que tem muita lama, tudo bem... Mas eu queria saber se o papai vai ficar em casa esses dias.
- Você pretende passar o feriado aqui?
- Sim.
- Sinto muito, Audrey. O Sr. David esta viajando de novo. Só volta semana que vem.
Prendi a respiração, era sempre assim. Mais um ano sem ele.
- Tudo bem, obrigada. Eu queria ficar com ele dessa vez... Tchau, Mary. Bom feriado.
- Tchau.
Desligo o telefone e jogo em qualquer canto. Meu pai, como sempre não dá bola pra mim. Eu aposto que ele está viajando com outra namorada alpinista social por aí. Poxa, faço de tudo para ele me notar de verdade: compro roupas, faço projetos, já fui aceita nas melhores faculdades do país e nada. Eu só queria um dia com ele.
Toquei minha bochecha, que estava molhada e tentei parar de chorar, mas não consegui.
A porta de abriu mas só reconheci Sarah pela voz.
- Oi, Audrey, você... Minha santa Maria de Fátima, você tá chorando...
- ME DEIXA CARALHO! - gritei e voltei a chorar.
- Vixi, a bipolaridade atacou de novo. Alguma coisa deu merda. O que houve?
Sarah se sentou ao meu lado e secou as lágrimas da bochecha.
- É o seu pai?
- Sim - respondi seca. - Eu não vou passar o feriado com ele, de novo. Deve estar viajando por aí com a namorada...
- Calma. Volta a fita: mas meu pai não estava cuidando do segundo divórcio do seu...?
- Terceiro - corrigi - Pois é, isso acontece.
- Você tá muito si fu - ela disse de repente.
- Si fu o quê?
- Si fudeu.
Dou risada e ela me abraça. Fica com uma expressão confusa por dois minutos olhando para o teto e depois volta a falar:
- Podia passar o feriado comigo.
- Sério?! Não seria incômodo?
- Claro que não. Minha casa é aqui perto em Miami, a de Luke também. Podemos ficar no meu quarto e assistir séries.
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Sarah
Teen FictionSarah Baker se considera uma adolescente normal, exceto por sua dislexia e grande falta de controle emocional, ou seja, ela não é. Ela é apenas ela. Tudo muda quando nas férias de fim de ano, o seu pai a manda para o Acampamento para Jovens Problemá...