Capítulo 27

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Audrey*

Entrei no chalé, já a noite, me preparando para dormir. Fiquei escovando o cabelo e cheguei perto da cama.

- Audrey, você viu minhas partituras? - Gaia perguntou, revirando toda a sua cama.

- Aquelas de hoje cedo? - perguntei e ela assentiu. - Vou procurar.

Larguei a escova e procurei na cabeceira. Não estavam lá. As outras poucas garotas que vieram já conversavam umas com as outras no canto do chalé.

Olhei embaixo do travesseiro. Os papéis de Gaia e um envelope azul claro lindo e delicado.

- Achei! - falei e entreguei as partituras à ela. O envelope, debaixo do travesseiro. - Ei, vocês! - falei e as meninas olharam pra mim. - Quem está no banheiro?

- A Sarah - Mary disse e revirou os olhos - Hoje é o dia dela.

- Ah.

Vesti o robe rápido e coloquei o envelope na parte de trás para ninguém ver. Corri até a porta do banheiro e bati forte.

- S! - gritei.

- Quem é? - Sarah perguntou e revirei os olhos.

- É a Hillary Clinton! Quem você acha que é, S? Eu preciso entrar, é importante.

A porta se abriu e ela me olhou com cara feia. Estava escovando os dentes e o cabelo todo bagunçado.

- Dois minutos! - disse e um pouco de pasta foi parar na minha bochecha. - Ok. Três.

Entrei no banheiro e tranquei a porta. Tirei o envelope e o abri. Dentro tinha um cartão pequeno dizendo:

"Amanhã, 03h, no lago de canoagem. Venha sozinha e vendada".

No envelope, havia uma venda preta de tecido macio. Ok, não posso pensar nada...

Não foi o Alex, ele não é assim e nunca faria uma coisa dessas. Mal sabe beijar direito, imagina isso.

Todas as minhas férias venho pra esse acampamento, desde os onze anos de idade e tudo está a mesma coisa. Houve um tempo que participei do time Pantera (sim, todo ano os nomes mudam, agora virou time Raposa) e me falaram de um grupo secreto. Você tinha que ser convidado. Nunca mais escutei nada deles, muito menos conheci alguém que participasse.

Acho que eu vou. Não sei o que pode acontecer mas vou mesmo assim. Eu sou Audrey Campbell, devem ter aprendido a me respeitar.

Guardei tudo e escondi. Abri a porta e Sarah passou correndo, reclamando que a pasta de dente ficou ardendo na boca.

• • •

Sarah*

- Gaia, Gaia, Gaia, Gaia, Gaia, Gaia, Gaia... - sussurrei enquanto a cutucava. Não sabia que horas eram é nem me importava. Só sei que quase nunca consigo dormir, só depois das 02h. Enquanto meu cérebro pensava em coisas idiotas uma ideia me veio a mente.

- Que foi? - resmungou com a cara no travesseiro.

- Se hoje eu sumir por um tempo, tipo duas horas ou três, saiba que eu estou bem e não precisam se preocupar.

No mesmo instante ela se virou para mim e tirou o cabelo dos olhos.

- Você vai fugir pro supermercado?

SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora