A história de amor final (EM REVISÃO)

Make you feel my love

leiam o capítulo ouvindo a música...

Por Simon

Isso não pode estar acontecendo. Olho para Adele a minha frente e não consigo conter as lágrimas, o vidro impede que ela me veja, mas ela sabe que estou aqui, Laura a avisou que eu estava aqui, me disse que ela se acalmou mais, mas pediu para que não deixassem eu entrar, por mais que eu queira ver o nascimento do meu filho de perto, tenho que ficar de longe, é um parto complicado, não quero aborrecê-la.

Muitos tem a oportunidade de serem pais, mas poucos a aproveitam, é impossível acreditar que crianças são abandonadas todos os dias, impossível acreditar que muitas são mortas antes mesmo de nascer, pequenos anjos que são mortos sem nem ao menos terem a oportunidade de se defenderem. Por mais que meu coração esteja em pedaços, nesse momento ele se enche de esperança, só de pensar que daqui a poucos minutos eu estarei com meu filho nos braços, é quase impossível de acreditar, a poucos dias atrás eu jamais imaginaria que seria pai, e agora tudo o que quero é finalmente poder ouvir o choro do meu pequeno.

Passo a mão sobre o vidro a minha frente e encosto minha testa, coloco as mãos no bolso da calça e observo tudo, não consigo ver Adele nitidamente, pois há uma grande movimentação, sinto um medo tomar conta de mim quando vejo a movimentação aumentar, as vozes começam a soar mais alto, meu olhos não saem um segundo sequer de sua direção. De repente eu ouço um choro, sinto meu coração sair do peito. Levo as mãos até a boca tentando controlar o choro.

- Meu filho. - sussurro baixinho.

Mal tenho tempo de controlar minha emoção e uma enfermeira sai da sala de cirurgia as presas.

- o que está acontecendo? - seguro em seu braço na hora que passa por mim, ela franze o cenho e semicerra os olhos.

- Ela sofreu uma hemorragia, estamos tentando estancar o sangramento, mas... - sinto minhas mãos começarem a tremer.

- mas o que? - não há mais como segura uma lágrima sequer.

- Eu sinto muito senhor, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.

NÃO, NÃO POSSO ACREDITAR QUE ISSO ESTÁ ACONTECENDO, NÃO, NÃO.

Bato minhas mãos sobre o vidro com força chorando descontroladamente, vejo a movimentação do outro lado sessar, olho em volta e não vejo absolutamente ninguém, choro com todas as forças possíveis, eu me recuso acreditar que isso está acontecendo. Olho mais uma vez a minha frente e percebo que estão desligando os aparelhos, nesse instante não tenho mais controle sobre meus pés, eu corro em direção a porta e entro na sala.

- Por favor, não desliga.

- Senhor, eu preciso desligar, são normas do hospital.

- Só mais alguns minutos, eu imploro, - o enfermeiro da um suspiro e se inclina para a frente.

- Senhor eu posso ser demitido.

- O coração dela ainda está batendo

- Não.

- Está sim, eu sei disso, eu posso ouvi-lo. - ele abaixa os ombros e assente com a cabeça.

- Tudo bem, só mais cinco minutos.

Respiro fundo e me aproximo do corpo de Adele, ouço um som contínuo vindo dos aparelhos, mas em minha cabeça só consigo ouvir o som do seu coração a bater, ergo minha cabeça, há apenas uma luz iluminando o quarto que está sobre ela, olho para seu rosto pálido e me assusto ao mesmo tempo em que me desespero. Levo minha mão até seu rosto e passo meu polegar sobre sua bochecha.

Chorei, por que estou me sentindo vazio, como se o que me fizesse sentir e sofrer e rir e amar tivesse sido removido cirurgicamente, me deixando oco como uma concha.