Someone Like You

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Por Adele

Observo as linhas amarelas da estrada a minha frente e me perco em pensamentos, há uma voz na minha cabeça praticamente gritando. Fecho os olhos rapidamente e sinto uma lágrima solitária cair em meu rosto, passo a ponta dos meus dedos sobre minha bochecha e a enxugo.

Vai, cria coragem, estufa esse peito e coloca pra fora o que você quer, conta o que te magoa, o que te machuca e por que está triste por dentro. Fala dos teus piores medos, conta das suas noites de insônia, diz pra ele que você sente falta dos seus braços a noite em volta do seu corpo, fala das tuas fobias e dos maiores anseios. Confessa o que te estressa e explica como te acalma. Diz que você gosta da luz acesa por que não consegue amar no escuro, diz que você gosta do brilho dos olhos dele, do sorriso, do jeito engraçado. Expõe o que te bloqueia, o que te reprime, o que te impede.

Não consigo mais conter as lágrimas.

Deixa ele saber que as cicatrizes não conseguiram apagar todos os momentos juntos, e fala que essa é a história de amor final.

Aperto minhas mãos no volante e piso fundo no acelerador, sinto minha cabeça dando voltas e não consigo tirar essa sensação de dentro de mim, é como se eu fosse explodir a qualquer segundo, ouço Laura falar algo, mas não consigo entender, as imagens estão cada vez mais embaçadas.

- ADELE. – vejo um flash de luz branca a minha frente e aperto no freio tentando evitar a colisão, minhas mãos estão segurando firme no volante, ouço os pneus derraparem na estrada e percebo que estamos na pista contrária, os gritos de Laura estão praticamente me deixando surda, posso sentir seu desespero, aos pouco o carro vai parando e bate no acostamento.

- VOCÊ TA MALUCA, QUER MATAR A GENTE? – Sinto meu supercilio latejar e percebo que há sangue escorrendo pelo lado esquerdo do meu rosto, apoio minha cabeça sobre o volante sentindo meus olhos pesarem, sinto um sono enorme e fecho meus olhos, ouço Laura retirar o cinto e apoiar sua mão nas minhas costas. – Você está bem? – Laura segura em meu peito e me coloca encostada sobre o banco. – Ai caramba! Você está sangrando.

Laura está praticamente chorando ao meu lado, sussurro a única coisa que eu tenho forças de dizer nesse momento.

- Desculpa.

- Não quero desculpas, quero você bem, vou pegar minha maleta no porta-malas, não se mexe. – Laura abre a porta do carro com dificuldade por conta da batida e vai até a parte detrás do carro, eu fecho meus olhos e sinto as lágrimas ainda caindo, sinto os dedos de Laura em meu rosto e abro os olhos, ela está com uma maleta de primeiros socorros nas mãos e enxuga meu rosto com um algodão.

- Não precisar chorar, você ainda nem apanhou. – Laura fala com uma voz mansa e deixo um sorriso escapar dos meus lábios. Ela retira um vidro amarelo de dentro da maleta e molha o algodão limpando o sangue em meu rosto.

- Você acha que ainda da pra chegar na fazenda?

- Acho que sim, só a lateral do carro que está um pouco danificada, mas isso não é problema, além disse estamos a poucos metros da entrada para fazenda, eu já estou morrendo de fome.

- Você comeu durante o caminho inteiro, e ainda dormiu.

- Não interessa, minha fome é infinita assim como meu sono. – Viro meu rosto para Laura fazer o curativo e ela olha no fundo dos meus olhos. – O que aconteceu? – as palavras fogem da minha cabeça, como se esperassem para serem ditas a pessoa certa, então eu apenas abraço Laura com força. Fecho meus olhos e encosto minha bochecha sobre seu ombro.

- Tudo o que eu tinha a dizer já foi dito Laura, apesar de não querer voltar ao passado, você é a única pessoa que sabe sobre tudo a meu respeito.

A história de amor final (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora