Capítulo 4

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Beatrice

Todos os olhos estavam voltados à mim enquanto Anna me segurava pelos ombros junto com Niccolas e John. A polícia queria falar comigo, mas eu não sabia o que pensar.

Só havia visto aquele tipo de situação em filmes de terror, nunca havia presenciado. O que estava acontecendo? Tentei unir todas as peças na minha cabeça e nada fazia sentido. Eu jamais havia rejeitado nenhum nerd rancoroso ou dado um fora muito cabuloso em alguém, não tinha inimigos na internet, nada disso! Quem estaria fazendo aquelas coisas horrorosas?

Entramos na diretoria, a polícia estava lá.

— Posso ficar a sós com Beatrice? — O policial perguntou, sarcástico.

— Não — John disse, de braços cruzados e encarando o policial — E pode me prender, mas não vou deixar minha irmã.

— Senhor policial, o que John quer dizer é que Beatrice está muito frágil — Anna falou, fazendo carinho no meu rosto — Já lhe dei água com açúcar, mas acho melhor ficarmos aqui com ela.

— Por favor, senhor policial — Niccolas murmurou — O senhor pode nos interrogar juntos.

O policial suspirou. Ele era amigo do meu pai, já o havia visto diversas vezes na delegacia pra lá e pra cá com ele, então deixou passar. No seu crachá, lia-se "Thompson". Thompson sentou-se e passou a mão nos cabelos grisalhos.

— Muito bem. Vou fazer uma pergunta e vocês respondem um de cada vez — Assentimos e ele se virou para o computador — Quero os nomes de vocês, menos o da Anna. Já estou com a ficha dela aberta aqui.

— Niccolas Alcântara, Beatrice e John Vecchi — Anna respondeu, sentando-se na cadeira ao lado da minha e deixando os meninos em pé atrás de nós duas. Ela tomou a minha mão na dela e apertou — Niccolas está no último ano, Beatrice e John estão no segundo.

O policial assentiu e começou a digitar e clicar aqui e ali. Minha mente tentou se concentrar nele e esquecer as imagens horríveis que rodavam a minha cabeça. O coração em formato de gente. A outra na parede. Imaginei Jake enforcado, Wendy esfaqueada... Meu estômago revirou e eu me mexi na cadeira, incomodada. John apertou meus ombros e eu o olhei.

— Tudo bem, senhorita Vecchi? — O policial perguntou — Precisa de mais água com açúcar?

— Não! — Falei rapidamente, passando as mãos nos olhos — Eu só... Não entendo. Nada.

O celular no meu bolso começou a vibrar. O policial nos olhou muito sério.

— Quem é? — Ele perguntou e eu vi que era o número desconhecido, talvez o das mensagens — Senhorita Vecchi, quem é?

— Minha mãe! — Menti descaradamente — Eu preciso atender, ela já deve saber do que houve e deve estar preocupada. O senhor sabe, ela tem pressão alta e...

— Dez minutos no máximo — Ele falou — Enquanto isso, quero falar com você, Anna.

Levantei da cara e John me encarou, mexi mais ou menos o celular e ele entendeu o recado, olhando diretamente para a tela do mesmo. Ele viu o nome e não teve expressão. Atorzinho fdp. Sai da sala e atendi o telefone rapidamente, fechando a porta atrás de mim.

— Alô?

— Oi, Beatrice — Disse uma voz feminina e estranhamente distorcida, como se fosse a mulher do Google Tradutor rouca — Gostou da minha homenagem?

— Quem é você? — Falei, de forma áspera e olhando ao meu redor — Como tem o meu número?

— Eu não só tenho seu número como sua vida em minhas mãos e eu achei que você sabia meu nome... Ou será que vou ter que fazer outra homenagem para você ler o nome do criador?

Kill EverybodyWhere stories live. Discover now