Beatrice
A cena que eu presenciei foi a coisa mais bizarra do mundo. Corpos e corpos boiando sem vida, as pessoas que estavam do lado de fora da piscina gritando e entrando em desespero e Daniel... Eu estava pronta para dar meu ombro para minha amiga quando Rebeca foi pra cima de Niccolas e o derrubou no chão. Ela tentou socá-lo, mas era fraca em comparação a ele. Niccolas segurou os punhos de Rebeca enquanto ela berrava.
— É TUDO CULPA SUA! SUA E DA BEATRICE! VOCÊS ESTAVAM TRANSANDO, NÃO ESTAVAM? NÃO CONHECEM AS REGRAS DOS FILMES DE TERROR?
— Rebeca, PARA! — Eu disse, indo pra cima dela e a pegando por trás, fazendo-a ficar de pé — NÃO FICA BATENDO NO MEU NAMORADO ASSIM! TEMOS OUTROS PROBLEMAS ALÉM DOS SEUS CIÚMES!
— OS MEUS CIÚMES? — Rebeca gritava enquanto eu a tirava de cima de Niccolas — NÃO É POR CIÚMES, É POR DANIEL!
— NÃO É POR DANIEL! — John disse, se aproximando de Rebeca e me puxando para trás — É TUDO POR VOCÊ, SEMPRE FOI POR VOCÊ! SEUS CIÚMES DESVAIRADOS DE BEATRICE, SUA PAIXÃO NÃO CORRESPONDIDA VIROU ÓDIO, REBECA? ACEITA! ACEITA!
Rebeca saiu de cima de Niccolas e olhou de mim para John como se estivéssemos a acusando das mortes. Então ela deu as costas e saiu correndo pro meio da floresta. Rubens a olhou correr, olhou para a confusão e então foi atrás dela. Kamilla estava de joelhos no chão, com James envolvendo-a enquanto ela berrava. As pessoas já estavam começando a ligar para a polícia quando eu me juntei a James.
Eu não era tão amiga de Daniel, nem sabia muito dele além de que Kamilla o amava, fazia bem à ela e seria o pai do bebê que ela esperava.
Os gritos de Kamilla pareceram se perder na noite. Eu olhava para a situação a minha frente sem saber o que fazer. John olhava em desespero para os lados com as mãos na cabeça enquanto parecia pensar no que fazer. Encarei minha amiga, sentindo as mãos trêmulas dela tentando me empurrar enquanto eu a abraçava. Niccolas foi o sensato que a segurou no colo enquanto ela se debatia porém parecia estar fraca e enjoada, a levou para a sala onde uma Kaya drogada estava caída em um dos sofás. Sentamos Kamilla ali enquanto ela berrava e tentava desesperadamente levantar e ir para a piscina. Os olhos mortos de Daniel assombravam meus pensamentos, assim como os olhos de cada amigo morto meu.
— POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO? — Gritou Kamilla — POR QUE NOS ODEIA TANTO?
Smile estava levando todos quem eu amava e precisava ser parado. Olhei pra Niccolas que tentava segurar e falar algo para Kamilla e imaginei se fosse ele no lugar de Daniel... Meu coração afundou e me senti enjoada na hora, mas não era momento de pensar em mim. Abracei Kamilla que estava parando de se debater e gritar, como se estivesse aceitando o que havia acontecido e só sabia chorar. Rubens entra segundos depois e nos olha, engolindo em seco. Só haviam sobrado nós, ele e mais umas quatro pessoas na festa, já que o resto havia morrido. Rubens começou a falar com Niccolas que aparentemente era o mais calmo, não processei as palavras, apenas encarava os olhos de Kamilla que chorava e fazia o mesmo comigo. Minhas mãos apertaram as dela e ela perguntou.
— E agora? O que eu vou fazer sem ele? Como eu vou viver sem ele?
— Nós vamos achar um jeito, Kami — Respondi, beijando as mãos muito trêmulas dela — Você não está sozinha.
Dois meses depois
A tragédia na cabana havia sido gravada na mente do pessoal que havia sobrevivido. Dois meses haviam se passado e Smile não estava mais dando as caras por ali, porque a cidade estava abarrotada de viaturas por todos os lados, câmeras nas ruas e todo esse resto.

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Kill Everybody
Hayran KurguUma cidade, diversos assassinatos. Você é capaz de descobrir quem é o assassino, antes que seja tarde?