Capítulo 9

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Beatrice

As semanas que se seguiram foram de luto total. A escola fez homenagens com dezenas de seguranças dessa vez, a polícia rondava dia e noite qualquer lugar que achavam suspeito, toque de recolher, alarmes nas portas e nas janelas... Eu me sentia em uma verdadeira prisão domiciliar maior parte do tempo. Teria sido um tédio se eu não tivesse meu irmão comigo.

James finalmente havia feito o pedido. Meu pai não tinha gostado e tinha saído de casa a três dias, estava na delegacia e dizia que só ia voltar quando meu irmão "parasse de palhaçada". Minha mãe apoiou tanto que James dormia sem parar lá em casa, descobrimos que ele era um cozinheiro fantástico inclusive.

Smile havia parado de ligar e mandar mensagens.  Talvez a sede doentia de sangue dele estivesse finalmente no fim.

Niccolas e eu estávamos conversando mais que o normal desde aquele beijo. Ele era tão incrível que parecia até magia. Rebeca, por sua vez, havia se afastado de mim porque não queria sofrer. Queria me superar, dizia ela. Eu lhe dei espaço, ela precisava disso, certo? Minha preocupação me sufocava, mas John tinha contato com ela e dizia que Rebeca estava bem, só não estava sorrindo.

A repórter havia se tornado quase visitante fixa lá em casa. Desde que meu pai saiu de casa por conta de birra de John, ela se revelou lésbica e disse que havia passado isso com os pais. Minha mãe a hospedou na sala de tanto que havia gostado da jornalista, seu nome era Kayla, precisava lembrar disso!

Kami e Daniel estavam na casa de praia dos pais de Kami pro bem do bebê. A gravidez ia se complicar se ela continuasse naquela cidade maluca, mas Kami era muito preocupada e não parava de me mandar mensagens. Era bom ver os vídeos do casal na praia, ver as fotos deles sorrindo e as fotos dos ultrassons do bebê.

A festa de Rubens? Reprogramada. Seria na próxima semana e aparentemente as pessoas estavam muito ansiosas para isso. Ele garantiu que teriam policiais nas redondezas e que ia buscar e levar a todos no jipe do pai. Foi horrível para convencer minha mãe, mas no final ela acabou admitindo que todos nós precisávamos descansar a mente.

E a minha mãe... Ela não estava feliz com meu pai longe, porém fazia um esforço danado para esconder isso de todos nós. Estava tão animada com novos projetos, tinha em mente até fazer uma nova faculdade e talvez virar a enfermeira lá da escola de Anna.

John estava se sentindo muito culpado com tudo que estava acontecendo, porém com James lá o tempo todo parecia difícil ver uma expressão chateada no rosto dele.

Tudo parecia estar se equilibrando quando aconteceu.

O relógio bateu 20:57 quando meu pai voltou pra casa. Minha mãe ouviu a chave girar na porta e ficou de pé com um pulo, largando o prato de macarrão que James havia feito. Kayla foi para trás na cadeira, engolindo em seco e olhando em volta sem saber como reagir. John, eu e James ficamos congelados nas cadeiras. Meu pai então entrou, completamente bêbado, com a pistola na mão esquerda e o cabelo da minha mãe na mão direita. Fiquei de pé e quase fui pra cima dele, porém James segurou a manga da minha blusa. Nessa hora o tiro atingiu meu braço.

Não era como nos filmes, não mesmo! A dor fazia meu braço todo queimar, mas eu dei o gostinho que meu pai queria, não abri a boca para nada, nem para gritar nem chorar... Mesmo que eu quisesse sair correndo em círculos pedindo ajuda para o presidente, porque estava doendo para um excelentíssimo senhor caralho. Segurei o choro o máximo que pude e fiquei sentada. Kayla ameaçou levantar para vir me ajudar quando meu pai atirou no chão e ela deu um pulo pra trás.

  — NÃO VOU TER FILHO VIADO! — Ele urrou, depois cuspiu no chão ao seus pés e jogou minha mãe em cima do cuspe— PREFIRO TER FILHO MORTO DO QUE VIADO!

Kill EverybodyWhere stories live. Discover now