Beatrice
Meu grupo era o mais animado, eu tinha certeza.
Kamilla estava cantarolando musiquinhas antigas e puxando coro com o pessoal. Rubens parava volta e meia para girar Rebeca em meio de uma música, volta e meia porque a própria estava correndo e dando estrelinhas pela mata, caindo sem parar, mas ela não ligava, estava tão feliz que era até estranho. James estava andando do meu lado, estávamos conversando sobre John.
— Eu estou preocupado— Ele falou, franzindo a testa e desviando de uma Rebeca saltitante— Ele é muito competitivo. Pode ficar magoado comigo por ter ganho ou ficar jogando sem parar na minha cara que eu perdi.
— Ele vai mesmo!— Falei, rindo e passando a mão nos cabelos azuis que estavam um pouco mais longos— John nunca se controla, chega a ser inconveniente as vezes.
Então o celular de James toca, ele olha a tela e franzi o cenho. Não vi o número que era, mas assim que ele atendeu, ele ficou branco como cera. Ficou quieto do outro lado da linha, depois me olhou nos olhos e murmurou.
— Eu preciso dar um pulo na casa, estou com dor de barriga.
Ele saiu correndo antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Fiquei parada olhando-o correr sem entender nada, mas decidi deixá-lo. Voltei a caminhar com o pessoal, indo parar com Kamilla e puxando as músicas com ela. Fomos cantando juntos até um pequeno riacho, onde sentamos todos para lavar o rosto, os pulsos e tomar um pouco da cristalina água corrente que, de acordo com Rebeca, sempre fora muito limpa.
— Aonde James foi?— Ela perguntou, estando entre as pernas de Rubens e com o cabelo completamente molhado— Ele saiu correndo igual um louco.
— Dor de barriga— Falei, dando de ombros— Mas foi logo depois que ele atendeu o celular. Ele e John devem querer um momento a sós. Não vou julgar.
A expressão de Rebeca ficou lívida e ela revirou os olhos, saindo do meio das pernas de Rubens e indo em direção as árvores.
— Vou subir aqui para tentar ver ao redor, vem comigo, meu bem?
Rubens levantou e foi juntamente com ela. Eles não foram muito alto, dava para ouvir as táticas deles de onde eu estava com Kamilla. Essa alisava a barriga calmamente enquanto observava a água que corria. Fiquei olhando-a e não pude deixar de sorrir.
Todos nós havíamos sofrido muitas perdas, porém Kamilla havia perdido o pai do filho que estava esperando. Seria mãe solteira em uma sociedade extremamente machista e nojenta... E estava feliz! Levantei rapidamente para não acabar derretendo igual uma manteigona e fui até um arbusto próximo, analisando as frutinhas... Como saber que não eram venenosas?
Joguei uma para dentro da boca.
— LOUCA!— Kamilla berrou, me fazendo dar um pulo e quase cair no riacho— COMO SABE QUE NÃO SÃO VENENOSAS?
— SÃO VERMELHAS!— Berrei de volta sem olhar para ela, enchendo minha mão de frutinhas doces e vermelhas— AS ROXAS SÃO VENENOSAS, LEMBRA? TEORIA DO GUILHERME DAMIANI!
Não olhei para trás para saber que ela tinha noção de que eu estava certa. Enchi a camisa com as frutinhas, fazendo uma bolsa. Fui caminhando até ela e me sentei ao seu lado. Kamilla jogou uma frutinha para dentro da boca e voltamos a observar a água.
— Sabe o que eu quero?— Ela disse, quebrando o silêncio— Eu quero morar com todos vocês. Menos a Kayla. Ela me dá medo.
— Tadinha! — Eu falei, comendo outra frutinha e rindo— Ela dá um pouquinho de medo as vezes, mas é um amor, vai?
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Kill Everybody
FanfictionUma cidade, diversos assassinatos. Você é capaz de descobrir quem é o assassino, antes que seja tarde?