Capítulo 6

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Smile*

Era um bom observador. Sabia como olhar, sabia como fazer. Sabia o que tinha que ser feito. Seu arsenal era diversificado, poderia matar como quisesse. A sede de sangue arrepiou todos os pelos do corpo de Smile, enquanto ele sorria abertamente. Sabia o que devia ser feito. Por baixo da máscara, sorriu. Já havia visto a baixinha com as mãos sob a barriga, teria que matar dois de uma vez? Ou não mataria? A lista das mortes passou em sua mente. Ele tinha mais um alvo pra hoje, mas pensava seriamente se seria feito ou não. Pegou um dos seus maiores facões, observando a lâmina enquanto pensava cuidadosamente. Era só mais uma. Devia ser morta. Mas ele... Ele queria fazer os outros sofrerem! Isso daria muito certo, é!

Então, na calada da noite, ele pega o telefone que havia comprado apenas para isso. Viu o número e deixou com que chamasse... E chamou... E chamou... Até que...

— O que você quer?

Smile ficou todo arrepiado naquele momento. Adorava ouvir o ódio das pessoas, isso dava certo. Porém o que o deixava melhor ainda... Era o medo.

— Olá, James — Cumprimenta o assassino, sorrindo por baixo da máscara — Como vai a panturrilha?

— Seu desgraçado! Por que não nos deixa em paz?

— Porque eu amo todos vocês... Pessoas que amam não podem ir embora.

James fica mudo do outro lado da linha, então Smile avança até a parede mais próxima, passando a faca contra a mesma e fazendo barulho.

— Você também ama alguém, não ama, James?

O silêncio apavorado deixa Smile quase que excitado. Então a voz trêmula lhe faz fechar os olhos de prazer e respirar fundo.

— Não chegue perto dele, por favor... F-Faça o que quiser comigo, m-mas não chegue perto dele...

— Ora! — Smile corta James, falando de forma quase estridente. Se não fosse pelo modificador de voz, certamente ele seria descoberto — Você viu filmes de terror por um ano, leu livros de terror e suspense por um ano para impressionar seu namoradinho!

— Como você sab...

— Não era terror que você queria? Vou lhe dar terror!

E com esse último grito, Smile desliga o telefone. Olha para o facão e sorri... Lembrou do sangue escorrendo e dos gritos. Tremeu novamente, precisava daquilo... E agora tinha a isca perfeita.

Beatrice

Sentei na minha cama encarando a lua enquanto ouvia a voz de Niccolas do outro lado do telefone. Ele havia me ligado o dia todo para saber como eu estava, mas eu fiquei tanto tempo com John no hospital que nem olhei o telefone, e esse tinha que estar no silencioso lá dentro. Quando eu atendi, ele parecia meio apavorado, mas com certeza alguém devia ter dito à ele que eu estava lá, já que todos os meus amigos sabiam. Mas Niccolas não olhava o grupo do whatsapp, por isso nunca era informado de nada.

Estávamos falando de comida naquele exato momento.

— ... E açaí, puxa! Eu amo açaí! — Ele dizia, animado — Com bastante paçoca e leite em pó. Sou apaixonado!

— Eu também amo, mas amo assim, de verdade. Aquele amor implacável e real, tipo! — Coloquei uma das mãos sob o peito e estendi a outra, como se estivesse me declarando —Açaí, oh açaí... Fique comigo e terás uma bela vida em meu estômago!

Niccolas riu. Meu fone de ouvido era muito alto, mas a risada dele era maravilhosa de se ouvir, então caguei. A risada dele me fez sorrir também. Conversar com Niccolas naquela época tensa era tão... Existe uma palavra mais forte que "espetacular"? Ele era incrível...

Kill EverybodyWhere stories live. Discover now