Seis

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Eu realmente estava atolada em trabalhos para fazer, mesmo depois de ter feito uns seis, mas era o preço que eu tinha que pagar se quisesse mesmo fazer faculdade em Harvard.

Mesmo assim, sai de casa as 16:00h, porque sabia que seria difícil para achar vaga para estacionar naquele horário, o píer ficava sempre lotado no sábado.

Estacionei o carro, e desci junto com Yan, esperamos uns quinze minutos, até que Kalik apareceu.

- Você esta atrasado!

- E você chata como sempre, foram só quinze minutos, ninguém vai morrer. – ele começou a rir, até que estava gargalhando alto.

- Você esta doido menino?

- É só que eu disse que ninguém vai morrer, mas bem, nós estamos aqui por causa de um morto, isso é ridículo.

- Se é ridículo, o que você esta fazendo aqui?

- Vamos mesmo discutir sobre isso de novo? Ele é meu irmão, grava isso, e não fale mais nada a respeito.

- Insuportável, é isso que você é, um insuportável, você consegue ser mil vezes pior que ele.

- Vai ver, que é por isso que eu ainda estou vivo.

- Ei, que tal vocês pararem de brigar e irmos fazer. o que viemos fazer hoje?

- Certo. – falei.

- Tanto faz. – falou Kalik.

Yan colocou os braços ao meu redor.

E fomos andando para o fim do pier, onde jogaríamos as cinzas.

Abri a mochila, e tirei a tampa do jarro, sem tirar o jarro de dentro da mochila, peguei um punhado, tentando não imaginar novamente que ali estava os restos mortais do meu melhor amigo, Yan pegou em seguida e depois Kalik.

- Primeiro as damas. - falou Kalik.

- Pelo menos uma vez, ele decidiu ser educado.

- Então aproveita, antes que eu faça primeiro. – respirei fundo diante daquela resposta.

- Malik, esses últimos dias sem você não tem sido fáceis, e eu achei que nunca fosse dizer isso, mas a saudade é maior do que as chatices que você fazia. Aqui neste pier foi o lugar que a gente se conheceu, eu acredito que era um lugar que você gostava quando criança, porque você estava aqui sozinho aquele dia, então nada mais justo do que uma parte sua ficar aqui também. – Kalik começou a rir junto com Yan.

- Você não acredita que ele te escuta, mas ainda teima em falar com ele, como se ele te escutasse, qual o seu problema? – falou Kalik.

- Você contou para ele? – falei para Yan.

- Sim, eu contei.

- Você esta me saindo um belo de um amigo Yan, valeu! Mas em fim, que se dane esses dois aqui! Por você Malik, estou com saudades! – falei e joguei.

- Vai cara, sua vez! – falou Kalik para Yan.

- Estou fazendo isso aqui por respeito a você, e o que você foi, eu não sei para onde você foi, porque honestamente não sei se um ateu vai para algum lugar depois da morte, vocês não acreditam em nada, então sei lá, mas caso esteja aí em algum lugar, saiba que a Endy esta cada vez mais paranoica, mas estou aqui e vou cuidar dela para ela não surtar, porque sei que é o que você faria no meu lugar. É isso aí cara! Por você Malik!

- Da última vez que eu fiz isso, eu falei que você tinha ido pro inferno, mas a Endy ficou enchendo o meu saco, então hoje não vou falar sobre isso, porque assim como o Yan disse, para onde um ateu vai afinal de contas? Mas eu preciso dizer, que eu ainda acredito que você foi la pro...

- Não repita isso de novo Kalik.

- Em fim cara, você entendeu! Por você mano, e por essa merda de vida que você deixou para trás, e que todos nós temos que viver todo dia! – falou e jogou as cinzas, então se virou para o Yan – E aí vocês querem ir em uma festa, vai acontecer algo legal hoje nessa festa, e vocês deveriam ir ver. 

- Eu só vou, se ela for.

- Não é como se ir em um festa com ela fosse o que eu mais quero da vida, ela é chata, mas vocês dois tem que ir hoje. 

- Eu não quero ir.

- Para de ser chata, você não tem nada de importante para fazer, todos os seus trabalhos podem ser feitos no domingo, eu sei que você daria um jeito se o Malik estivesse aqui, você vai sim! - falou Yan. 

- Você fala pro Kalik tudo o que eu te conto e você ainda quer que eu vá para uma festa em que esse insuportável vai estar? Você só pode estar de brincadeira.

- Não, eu não estou, você vai e pronto acabou!

- Eu não tenho escolha, é isso?

- Exatamente, você não tem escolha.

- Então vamos lá seus babacas, vamos encher a cara e viver! - falou Kalik indo em direção ao carro dele. 

Entramos no carro, e fui seguindo Kalik até estarmos em frente uma estrada de terra, para onde Kalik estava nos levando? Estacionei em frente a uma casa enorme,  e espera, aquilo era uma fazenda?

Desci do carro junto com Yan, e já escutei uma música tocar: Sia – Cheap Thrills.

Eu e Yan fomos até o carro do Kalik.

- Eu vejo vocês lá atrás. Você já conhece esse lugar, então leva ela, eu preciso ir avisar que você vai participar também. 

- Participar do que? – falei, olhando para o Yan.

- Você não contou nada para ela, enquanto estávamos vindo para cá, cara?

- Não.

- Então entrem, ela vai descobrir de qualquer jeito mesmo.

- Do que você estão falando?

- Vamos Endy! – falou Yan.

Eu e Yan fomos até o fundo da casa, ali no fundo da casa tinha uma piscina enorme, e o que mais me deixou revoltada, foi quando olhei para trás da casa, era tudo de terra, tudo amplo, sem muros, sem nada, nada de grama, só terra de pedra. Foi aí que eu vi um monte de carros correndo. Kalik havia nos levado no lugar de rachas de carro, onde Malik costumava frequentar.

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