Jason Lewis

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Chegue à escola e uma rapariga foi contra o meu carro. Se ela o riscou vai ter que pagar a pintura. Ela nem reparou que era eu, Jason Lewis. Aliás, eu nunca a vi antes, deve ser nova. Entramos na escola, e vejo a tal rapariga na outra ponta do edificio falar com a Livía. Ignorei, não havia relevancia nisso. Mas estranhei, será que ela é da minha turma? Elas foram embora e não resisti em dar alguns passos para ver onde elas iam. Talvez já fosse hora, mas eu tinha acabado de chegar e relaxar um pouco nos sofás da sala dos professores não fazia mal a ninguém. O professor Hugo ainda estava na sala a preparar a aula, mas logo saíu. A Gabriela, a minha prima, avisava-nos sobre a aula de 10 em 10 segundos. Não aguentei mais e fiz a sua vontade. Entrei na sala e o professor deu-me a maior novidade do ano.

- Estão atrasados!

Pressionei as minhas mãos na secretária de Hugo e olhei-o bem no fundo dos seus olhos pretos. Mostrei-lhe a sua morte e hipnotizei-o.

- A aula só começa quando eu chego! - sussurrei apenas para ele ouvir.

- A aula ainda não começou, chegaram a tempo!

Sorri, as minhas capacidades estão cada vez melhores. Olhei pela sala e a tal rapariga estava no meu lugar. Dirigi-me a ela e disse:

- Estás no meu lugar!

- Olha mas que pena. Sabes tens um aqui a trás. - ela disse e ninguém podia acreditar no que ouviu, nem mesmo eu.

Aproximei-me e pousei as mãos na sua mesa, olhei-a bem nos seus olhos verdes acinzentados e mostrei-lhe o seu pior pesadelo.  Ela resistiu, ela não se hipnotizou. É a primeira vez que isto me acontece. É a primeira vez que acontece com uma mortal na nossa história. E acreditem que a história é bem grande.

- Tens algum problema de pernas ou já podes sentar-te? Estás perto demais, nunca te dei esta intimidade! - disse a rapariga e todos se admiraram.

- Como é? - perguntei afastando-me ligeiramente.

- Eu não saiu daqui, agora pira-te!

Todos espantaram-se pela sua atitude, esta miúda não sabe onde se meteu. Sentei-me na mesa atrás e aproximei-me do seu ouvido.

- Isto não fica assim!

Sentei-me novamente na cadeira e logo a Livia virou-se para trás e disse a minha "história" para a rapariga nova. Eu ouvi tudo, exceto algo que a Livia sussurrou para a rapariga. Eu não me devia preocupar mas eu tenho uma qualidade e ao mesmo tempo um defeito: Curiosidade!
A aula passou rápidamente, nem percebi que o professor falou, até porque dormi. Senti alguém cutucar-me o ombro e vi que era Gabriela a informar que a aula tinha acabado. Saí e passei pelo corredor dos cacifos, avistei a Livia com a rapariga a tirar os livros do cacifo. Larguei um sorriso, não sei porquê, e andei até elas. Fui contra a rapariga e fiz com que os seus livros caíssem no chão.

- Vê por onde andas cretino! - ela disse assim que os livros caíram.

Eu baixei-me para a ajudar e por instantes, os nossos olhares cruzaram-se. Um brilho diferente e especial surgiu nos seus olhos. Admirei-me. Ela ficou confusa e revirou os olhos quando se levantou com os livros. Levantei-me e fiquei frente a frente com ela. Ela é tão...misteriosa!

- Um "desculpa" seria simpático, mas de ti já não espero muita coisa. Muito menos simpatia! - ela disse e foi embora.

- Espera! - gritei, mas o que é que eu estou a fazer? - Posso ao menos saber o teu nome?

Ela riu-se, virou costas e foi-se embora. Gostei! Voltei para o meu grupo e fomos para o carro.

- Como é que ela resistiu? - Suzanna perguntou.

- Pois, eu não sei! Eu mostrei-lhe -o seu pior pesadelo mas ela não se hipnotizou! Como é possível!

- Ah não era isso, como é que ela te resistiu! Pensas que não vimos o acontecimento do corredor? - riu-se.

- Ela é diferente! - disse e sem perceber, soltei um sorriso bobo.

- Arranca já o carro! - Lary ordenou impaciente.

Nem respondi, liguei o carro e avancei um pouco mas tive de parar, a rapariga nova voltou a chocar com o meu carro. Mas o que é que ela tem contra o meu carro? Saí do carro para ver como ficou a parte da frente do carro e ela diz furiosa sem olhar para mim.

- Tiraste o dia para tentar matar-me!? - levantou o olhar para mim e surpreendeu-se, talvez já caíu em si e viu bem quem eu sou - Tu! És tu o dono deste carro? Era só o que me faltava, podes parar de me assombrar cretino?

Nem deu tempo para lhe respondeu, ela saiu dali e colocou os auscultadores. Segui-a com o olhar até ela desaparecer do meu campo de visão. Sorri sem perceber, e sinto alguém tocar-me no ombro.

- O que foi? - perguntei impaciente, detesto quando interrompem os meus pensamentos.

- Vamos embora, ou aquela miúda baralhou-te os sentidos? - perguntou Suzanna.

Dei um último sorriso e entrei no carro.

Sedenta De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora