Lua, Câmera, Confusão - Kat

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Estou aqui, ao frio, no campo entre a floresta e a lagoa à espera do ótario do Jason. Passaram-se exatamente 18 minutos e nada. Decidi começar! Olhei ao redor, foquei a câmera e tirei uma fotografia ao castelo do Conde Drácula, com a lua quase cheia, provavelmente será só amanhã, o castelo parecia transmitir uma luz natural, algo que atraía a atenção, a energia de tudo. Havia árvores e arbústos que transparecia um ar mais natural à imagem.

Aproximei-me mais da lagoa e tirei outra fotografia. O reflexo da lua na água, as várias plantas, os insetos e os sapos que lá haviam. Eu ri baixo, a natureza consegue ser tão mágica.

- Olá!

Assustei-me. Gritei subressaltada e acabei por cair na lagoa. Eu só me lembro de apagar.

Os meus olhos abriram-se lentamente, estava no chão, completamente enxarcada e com uns lábios a tocarem nos meus. Quando se separaram, tossi água. Quando olho bem para a pessoa, vejo que é o Jason. Afastei-me, indo para trás rápidamente ainda sentada, e olhei para ele preplexa.

- O que...o que foi que fizeste? - perguntei ofugante.

Passei a mão pela boca e encarei os seus olhos castanhos. Senti algo escorrer para a testa, toquei e vi que era sangue.

- Parece que precisas-te de mim para respirar.

Eu não liguei para a sua resposta, foquei-me no sangue. Senti uma ardência nos olhos insuportável mas eu não consegui desviar o olhar, era demasiado forte.

- Estás bem? - perguntou.

Eu quero completar o simbolo do outro dia. Fiz um risco na bochecha e outro por cima, como se fosse uma cruz, ía para fazer outra mas uma mão agarra no meu braço. Olho para o lado raivosa, com os olhos ardentes e a respiração demasiado pesada. Eu não sabia o que fazer, eu apenas queria, mais que tudo no mundo, terminar aquele simbolo e eliminar quem o impedisse.

- Kat!?

Abri bem a boca, e uma dor nos dentes surgiu. Aquelas dores todas desapreceram e a minha expressão transformou-se num grito. Perdi as forças e caí nos braços de Jason. Apaguei de vez.

- Kat!? Kat por favor acorda, Kat! Ai, ainda vão culpar-me por isto. - ouvi os murmuros de Jason.

Ele reparou que eu estava acordada e disse:

- Ah! Ainda bem, sou novo demais para ir para a cadeia! E bonito também.

- Idiota! - murmurei.

Sentei-me e continuava no mesmo sítio. Olhei para o relógio e só depois é que me lembrei que não é à prova de água. Nem o meu telemóvel! Nem...a minha câmera!

- Não! Não! - gritei aflita - A minha câmera, onde está a minha câmera?! - perguntei.

- Provavelmente dentro de água! - respondeu.

- O quê? Porque não a apanhas-te? - perguntei extremamente irritada.

- Ou eras tu, ou a máquina! - respostou.

- Então salvá-vas a máquina, cretino! - respondi.

A expressão dele mudou de confuso a indignado.

- Pois talvez devia mesmo ter salvo a câmera, ela pelo menos podia agradecer-me! - repostou.

Caí em mim, ele tem razão! Ai que dor, não acredito que disse isto!

- Des...Desculpa ok! - desculpei-me - Tu...tu tens razão! - completei com bastanta dificuldade.

- Desculpa podes repetir?

- Andas a pedir demais, tu ouviste-me bem! - respondi.

- Não, isto é a sério, o teu grito deixou-me surdo.

Eu ri, até teve a sua piada. Mas estou bastante triste pela minha câmera, até me deu vontade de chorar. Olhei novamente para a lagoa e levantei-me. Agarrei nas minhas coisas e dei três passos na esperânça de ir embora.

- Ei onde vais? - perguntou Jason confuso.

- Embora, para casa! - respondi.

- Porquê? Ainda não fizemos o trabalho! - repostou.

- Já não tenho a minha câmera, já não tenho o meu trabalho!

A câmera é tudo para mim. É como um pincel para um pintou, uma ferramenta para um mecânico, uma bola para um jogador ou até uma agulha para uma costureira. Sem a câmera, não há fotógrafo!

- Toma a minha!

- O quê? - perguntei admirada.

- Sim, podes usá-la! - respondeu.

- Eu não posso aceitar, ainda mais de ti! - comentei.

- Autch! Essa maguou! - brincou com a situação.

Ambos rimo-nos e então decido agarrar na máquina. Até que este trabalho não é assim tão mau!

- Obrigada! - agradeci ao olhar para a máquina que era idêntica à minha mas um pouco mais potente - Mas continuo a odiar-te! - conpletei e olhei para ele.

Andei mais para a frente mas ouvi um "Uau!" meio sussurrado. Sorri boba mas logo desfiz-me daquele sorriso. Tiramos várias fotografias, ao que parece, o Jason sabe subir às árvores e fotografou lindas paisagens. Mas tudo o que é...suportável, acaba!

- Bem, eu...eu vou para casa! - avisei meio nervosa - T-Toma! Obrigada! - agradeci novamente e estiquei a mão com a câmera.

- Fica com ela! Apenas como lembrança! - sorriu.

Sorri também e fui-me embora! Af, noite complicada!

Sedenta De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora