▲Capitulo 7 ▼

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Ele era louco, louco, louco, um psicopata até. Mas quem ele pensa que é para fazer este tipo de chantagem comigo? “Ele é apenas um miúdo que descobriu que eras tu quem fazia todas as partidas e que te pode lixar a vida com isso a qualquer momento!” O meu sub consciente fizera questão de me relembrar que todo os meus restantes dias aqui dependiam dele.

É horrível esta sensação de que dependemos de alguém, era algo que já não sentia a uns valentes anos. A sensação de ter que ter em conta as consequências voltara e era algo a que já nem estava habituada. Sinto-me presa, presa àquele otário, tudo aqui depende dele.

A água fria começava a chegar e ainda nem despida estava. Removi a única peça de roupa que faltava e posicionei-me debaixo do chuveiro recebendo um jacto de água no topo das minhas costas. Já se ouviam algumas vozes pelo balneário e parecia que a cada segundo aparecia uma pessoa nova, fazendo-se ouvir uma voz totalmente diferente da anterior no meio da barulheira que se estabilizava. A esponja atravessou todos os cantos do meu corpo a alta velocidade, lavei os meus cabelos o mais rápido que consegui e apressei-me a sair dali já totalmente seca.

Um mar de gente apareceu à minha vista assim que saí totalmente por detrás daquela cortina. Vários olhares se prenderam em mim e o barulho diminuiu fazendo-me apenas ouvir perfeitamente alguns comentários desagradáveis do que acontecera com aquela Russa na Lagoa. Engoli em seco tentando controlar os meus nervos, tal e qual como sempre fazia quando falavam de mim e, sem dizer uma única palavra caminhei lentamente até à minha roupa que se encontrava precisamente no mesmo sitio que a deixara.

Vesti a minha roupa interior mesmo por baixo da toalha, ainda com ela enrolada a mim e removi-a assim que me ajeitei devidamente. A toalha caiu perto dos meus pés fazendo aquele barulho suave que neste momento parecia ecoar no espaço. Vários olhares se prenderam no meu corpo, fazendo-me arrepender imediatamente do que tinha acabado de fazer. Uma t-shirt preta com algumas aberturas nas costas deslizou pela minha cabeça assentando perfeitamente no meu corpo, seguida por umas calças também escuras e apertadas com um rasgão de cada lado, que ficavam mesmo no sitio dos joelhos. 

Ajeitei a minha roupa e meti-a dentro de um saco para mais tarde levar à D. Barbara. Já nem metade das pessoas aqui estavam, ouvia-se alguns risinhos, mas a maioria do som que ouvia era a água a sair do chuveiro. Caminhei até ao espelho meio embaciado e limpei com uma toalha que estava presa no lavatório ao lado, ajeitei o meu cabelo, penteando-o para trás e lavei os meus dentes.

Algumas pessoas já saíam dos chuveiros fazendo-me apressar a sair dali também. Já com tudo pronto, agarrei no saco e caminhei até à lavandaria dando a roupa do dia anterior para que fosse lavada. Barbara obrigou-me a provar um bolo de iogurte que ela tinha feito e deu-me um iogurte liquido de franboeza para acompanhar. Devo dizer que hmm, aquele bolo estava delicioso, como sempre.

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“Entre” disse assim que ouvi alguém bater.

O som irritante da porta a abanar não parava. Será que era tão complicado entender um “entre”? 

Levantei-me resmungando algumas coisas alto o suficiente para que a pessoa do lado de lá percebesse e caminhei até lá abrindo a porta. Os meus olhos arregalaram e as minhas sobrancelhas uniram-se numa só assim que encontraram o Cinzento perfeito dos de Kimbra.

“O senhor Diretor mandou chamar” a sua doce voz fez-se soar mais baixo que o normal “Ele quer falar consigo menina Collins”

Engoli em seco e assenti agradecendo.

“Ele não estava muito contente” informou sussurrando e tapando um pouco com a sua mão para que mais ninguém ouvisse.

“Vou já” disse fechando a porta e caminhando atrás de si até à ponta do campo, onde se encontrava o escritório do Diretor.

Mysteries*Where stories live. Discover now