Mysteries*

▲Capitulo 13 ▼

A porta foi aberta revelando uma grande silhueta negra que fazia um bruto contraste com a luz vinda da rua, espreitei com mais atenção e um cabelo encaracolado preencheu a minha vista.

“Olá?” perguntei confusa. “Deve ser para ti Mirian” disse e dei um passo a trás.

“Não” a sua voz rouca soou. 

“É mesmo para ti” ele aproximou-se deixando a luz do quarto iluminar o seu corpo totalmente.

“Para mim?” olhei para as meninas.

“Sim” revelou um sorriso “A propósito, estás linda”

“Mas tu estás-te a passar?” perguntei um pouco mais alto “A droga fez-te mal” caminhei até à cama da Anny sentando-me ao seu lado.

“Que queres Harry?” Mirian perguntou com algum desdém. 

“Não é nada contigo” a voz de Harry rosnou logo a seguir.

“Que queres?” foi a minha vez de perguntar.

“Eu queria-te convidar” ele entrou e encostou a porta “Podíamos ir jantar juntos” sugeriu e um sorriso cresceu na sua cara.

“Não, nem pensar” Eleanor meteu-se. 

“Ela já tem coisas combinadas” Anny tentou explicar.

“E…?” Harry rolou os olhos “É apenas um jantar, não vale de nada estarem ai a arranjar desculpas”

“Desculpas?” ri “Vai-te embora masé” disse e caminhei até à porta abrindo-a.

“Não ouviste?” Mirian disse irritada. “Além de parvalhão é surdo”

“Sempre te ouvi gemer” deixou escapar e gargalhou logo a seguir.

“Gemer?” riu “Ouves mesmo mal” Mirian contrariou-o mesmo sabendo que todas aqui sabiam que eles tinham algo.

“Não estragues as cenas” Harry contestou “Queres vir?” dirigiu-se para mim.

“Já disse para ires embora” disse rígida.

“Vá lá… Envan..Evangeline” tentou dizer o meu nome correctamente.

“Sai daqui Harry” Mirian meteu-se de novo.

“Caralho, não é nada contigo miúda”

“Sai já” falou mais alto.

“Quantas vezes tenho que te dizer que não é nada contigo?” disse um pouco alto e suspirou de seguida.

“Sai” disse eu desta vez.

“Não queres mesmo?”

“Oh claro, já estou na rua à tua espera e tudo” rolei os olhos e abri mais a porta. “Vai ver se lá estou, vai” empurrei-o fazendo-o sair e logo lhe fechei a porta na cara.

“Só cá faltava este” Eleanor suspirou.

“Deve querer comer-te” Mirian disse ainda irritada. “Ele é um palhaço” 

“Na boa meninas, o Niall deve estar a chegar” respirei fundo e o som da porta a bater fez-se ouvir “Aí está ele.”

“Ahh e nem fizeste nada ao cabelo” Anny falou

“Estou bem assim” sorri-lhe e dirigi-me à porta.

Olhei-as uma última vez esta noite e consegui ver Eleanor e Anny a sorrir-me em forma de encorajamento, já Mirian continuava amuada pela cena do Harry. Sinceramente não entendia qual era a cena deles, ora estavam juntos, ora se separavam, acho que ela já devia saber que ele é um come todas, que ele lhe dá conversa a ela e ao resto das miúdas aqui hospedadas.

Umas leves pancadas na porta ouviram-se novamente e decidi abrir a porta. Niall fez-se revelar assim que a luz entrou em contacto com todo o seu corpo, o seu cabelo loiro estava levemente levantado e penteado para trás fazendo todas as suas expressões faciais se salientarem, os seus olhos azul céu brilhavam ligeiramente e a sua pele pálida fazia os seus lábios rosados se destacarem. 

O seu corpo estava totalmente tapado por um fato preto, que, para além de cobrir o seu corpo, cobria também uma camisa fina que ele havia vestido. Okay, isto deve ser algo “Agradável” para ele. 

“Boa noite” a sua voz suave soou baixo.

“Olá” sorri.

“Bem… vamos?” 

“Sim” assenti “Até amanhã meninas” sorri-lhes e fechei a porta atrás de mim.

Ele começou a caminhar até ao portão que se encontrava do outro lado do campo e eu apenas o seguia tentando não ser vista por nenhum dos seguranças. As luzes dos quartos estavam acesas, contudo, as luzes cá de fora não. 

A noite estava mais fria do que eu achava que ia estar, mas se era um jantar, julgo que seja dentro de um edifício e que lá esteja quente o suficiente, um ambiente no mínimo agradável que é o que se quer para que uma noite seja boa.

Estávamos agora à frente do portão. Niall tentou abri-lo mas parecia algo impossível.

“Não dá para abrir” Niall bufou

“Devias ter pensado nisso antes de me fazeres preparar, podia estar na cama a esta hora” 

“São 9 e meia Eva, não ias estar na cama certamente”

“Não estarias lá para ver” contrariei.

“Vamos ter que saltar” olhou para o tamanho das grades.

“Vamos que?”

“Ter que saltar”

“Eu ouvi à primeira, mas é que nem pensar…” virei costas

“Se ouviste nem sei porque perguntaste!”

“Enfim” bufei “Vou voltar para o quarto”

“Uhhh! Evangeline com medo de saltar as grades”

“Não é medo” disse alto

“Então é o que?” perguntou em tom de gozo

“Estou de vestido, não vou subir isso”

“Com medo que te veja as cuecas é?” riu “Já te vi em menos roupa” 

“Deixa de ser otário Horan” 

“É verdade”

“Andas com umas gracinhas” abanei a minha cabeça em forma de desaprovação.

“Vamos… Tenho já tudo reservado, não vou desmarcar”

“Irias ter que desmarcar mesmo que eu não quisesse vir” rolei os olhos, “na verdade, nem sei porque vim..”

“Se quiseres ainda podes ir para o quarto” ele virou-me as costas “Mas só quando chegarmos” riu “Vamos… sobe lá, eu ajudo”

“Sei subir sozinha” 

“Ehh, mulher forte” gozou.

Com alguma dificuldade dei por mim já no topo das grades, e sem olhar para baixo uma única vez, saltei! Niall continuava do outro lado e não tardou a tomar o seu lugar a meu lado. Ajeitou o seu fato e deu-me um pequeno empurrão fazendo-me entender que deveríamos começar a andar.

Estava farta de andar, doíam-me as pernas e os pés e ainda estávamos no inicio da noite. Ele andava a um ritmo continuo e acelerado, tal como naquela noite no bosque, será que ele não entendia que as suas pernas eram quase o dobro das minhas? A estrada parecia nunca mais ter fim, havia árvores de ambos os lados e a noite estava mais escura que o habitual. Para onde será que ele me levava?