▲Capitulo 17 ▼

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▲Evangeline POV ▼

Não queria que ele se esforçasse, sabia perfeitamente as dores que ele tinha e como se sentia para as tentar esconder de mim. Quando o vi ali no chão, a sangrar, nem sabia o que fazer, nunca passei por uma situação desta antes, mas também nunca fui levada para um lugar onde não sabia onde estava.

Sinto-me culpada, deveria tê-lo ouvido e nem ter saído do carro. As vezes a minha teimosia leva-me por maus caminhos e isto apenas foi mais uma prova. Carreguei num botão e liguei o rádio para que o ambiente entre nós não fosse tão tenso.

“Estás bem?” perguntei mesmo sabendo que ele não o estava.

A sua cabeça balançou positivamente. Sabia que ele não iria dizer o quão mal estava, sabia isso perfeitamente, apenas gostava que ele o fizesse. A música da rádio não ajudava muito, a minha mão viajou até ao botão para a parar ao mesmo tempo que a sua e senti a sua mão gelada tocar na minha fazendo-me congelar também. Olhei-o e ele olhou em frente.

“Estamos quase a chegar” informou-me.

“Oh”

“Tens frio? Estás gelado..." - olhei-o e ele abanou a cabeça negativamente.

"Não tentes ser forte Harry... Ambos sabemos que não o estás agora"

O silêncio bastou para que o sentimento de culpa se apoderasse novamente de mim, eu queria ajudá-lo, queria mesmo, apenas não sabia como o fazer. Ele sempre foi tão forte, ele nunca precisou de alguém antes, e eu? Eu nunca ajudei ninguém, simplesmente não sei como isso se faz. Mas posso aprender.

“Chegámos” disse e eu limitei-me a olhá-lo “Tenho aqui um apartamento” esclareceu-me e eu apenas assenti.

Esperei que ele saísse e fiz o mesmo. Caminhámos até à entrada do prédio, que estava fechada e vi-o marcar um código para que ela se abrisse. Assim que abriu, ambos entrámos e dirigi-mo-nos ao elevador.

“Espero que não tenhas medo de elevadores” ele riu tentando cortar aquele ambiente.

“Não” ri.

“Harry?” disse assim que ele tocou num botão e o elevador começou a andar.

“Sim?” Olhou-me.

“Sei que não tenho dinheiro, mas eu arranjava maneira de te pagar a consulta no Hospital” disse brincando com os meus dedos.

“Não” riu e contorceu-se com a dor “au… Não precisas de…”

“A culpa foi minha” Atropelei as suas palavras e olhei-o. 

“Não foi” ele suspirou e olhou-me nos olhos.

“Se eu não tivesse saído d….”

“Evangeline” ele agarrou a minha face fazendo-me olhar-lhe nos olhos “Se isto aconteceu foi porque tinha que acontecer” sussurrou. “Não te sintas culpada.” 

Fechei os olhos por uns instantes tentando interiorizar e mentalizar-me de que aquilo era verdade, mesmo sabendo que não o era e, numa questão de segundos, senti os seus lábios molhados tocarem de leve nos meus. Os seus lábios mexiam-se suavemente junto aos meus, a sua língua raspou no meu lábio inferior e não cedi, apenas o empurrei levemente para que não o aleijasse.

Queria-me chatear com ele e dar-lhe um estalo, como sempre pensei em fazer, mas acho que desta vez estava abalada demais para o fazer, para não falar do facto de ele estar mal fisicamente por minha causa, óbvio que não o iria aleijar mais.

“Harry” sussurrei e olhei para baixo.

“Desculpa-me” sussurrou também.

“Que isto não se repita” falei calmamente e o plim do elevador salvou-me daquele momento.

Mysteries*Where stories live. Discover now