▲Capitulo 15 ▼

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▲Evangeline POV ▼

O comer continuava na bandeja, estava tudo igual desde que ela foi posta ali, não me atrevia a ser humilhada por este tipo de gente que até come peixe com outro tipo de talheres. Não entendo, sinceramente, qualquer tipo de garfo ou faca faz a mesma vez seja para comer uma coisa ou outra, não preciso de tanta finória.

Pensei em beber um pouco se água, precisava mesmo de molhar a garganta, contudo, tinha 2 copos postos à minha frente, não saberia em qual deles beber, eram bastante idênticos, ambos reluziam quando a luz branca daquele salão lhes embatia, ambos tinham uma parte parecida a metade de um balão que se segurava em cima de um pedaço de vidro fino que só de olhar, até tinha medo de partir.

Olhei para o relógio grande da sala, que ocupava quase metade da parede que o segurava. Já havia passado cerca de uma hora desde que o Niall desapareceu daqui, já tinham entrado várias pessoas e algumas delas ainda ali permaneciam, todas elas lançavam-me olhares estranhos, ainda não tinha comido nada e muitas delas deveriam pensar que tinha vindo aqui para jantar sozinha. Quem viria jantar a um lugar assim sem companhia? Pelos vistos é o que me está a acontecer, mesmo que não tenha esse tipo de vista e essa opinião, acho que seria melhor pensarem isso do que saberem que fui deixada aqui, que a minha companhia sumiu pedindo para que esperasse e que passado uma hora ainda aqui estava, sozinha.

“Ele não vai voltar” o meu cérebro dizia-me sempre que eu o tentava procurar com o olhar “Vai embora”, outra voz dizia na minha cabeça fazendo-me concordar com isso. Lentamente, levantei-me e compus a roupa para parecer um pouco mais passada do que realmente estava. Coloquei a cadeira no seu devido lugar e saí lentamente até ao hall de entrada na esperança de o ver neste último minuto aqui dentro, suplicando para que eu ficasse e dando uma desculpa qualquer sem sentido. Olhei novamente em meu redor e empurrei aquela porta de vidro grosso por onde nós tínhamos entrado. O ar frio embateu na minha pele fazendo-me arrepender um pouco de ter saído daquele edifício quente e acolhedor.

“Vamos lá andar mais uns ricos quilómetros” sussurrei raspando com a mão uma na outra tentando que não arrefecessem muito mais do que estavam a arrefecer.

Sem olhar uma única vez para trás, comecei a minha longa caminhada até ao Campo de Férias. A lua brilhava bastante, não deixando ver as pequenas luzes das estrelas que a acompanhavam, uma grande ventania começou fazendo cada fio dos meus cabelos loiros esvoaçarem e dançarem a seu ritmo. 

Devia ter passado já algum tempo, pois começara agora a chegar aquele bosque escuro e sombrio que acompanhava a estrada de cada lado. Pinheiros altos de cada lado bailavam com o vento fazendo uma melodia um pouco assustadora, grilos grilavam dando um pouco de suspense e o vento assobiava tal e qual como se fossem os fantasmas que se vê nos filmes. Senti-me assustada, o meu olhar percorria cada canto e o meu coração batia com uma certa pressa enquanto que eu rezava para que nada de mal me acontecesse. As minhas pernas tremiam quase perdendo a força e a minha garganta doía bastante, contudo os meus passos estavam mais apressados que o normal, queria sair dali o mais depressa possível, queria chegar ao meu quarto, quarto esse de onde eu nunca deveria ter saído!

Fechei um pouco os olhos e comecei a cantarolar para que o tempo passasse um pouco mais rápido, coisa que aprendi com a minha mãe. Cantarolava baixo tentando que a minha atenção se fixasse apenas na letra da música que tão bem me lembrava. Quando o meu medo começara a passar e a tranquilidade começava a tomar conta de mim, avistei, ao longe, umas luzes que a cada segundo, se começaram a aproximar de mim, comecei a correr para dentro do bosque escondendo-me por trás de uma árvore para que não me vissem e de um momento para o outro, a minha esperança de que isso acontecesse morreu. O carro havia parado mesmo ao lado da estrada e um corpo alto começou a andar em direção ao local onde eu estava.

Mysteries*Where stories live. Discover now