Capítulo 24

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Sofia

O caminho todo foi feito em silêncio, Olliver até que tentava puxar algum assunto, mas eu desviava de todos, ou as vezes nem respondia.

Manu ficou cansada e logo dormiu, a olhei e suspirei pesadamente. Ela está tão feliz com Olliver dormindo lá em casa, quando ela perceber que ele não fará mais isso.

Não gosto nem de pensar, eu penso apenas em minha filha. Bom, em parte. Eu penso em mim também, preciso me valorizar e não ser pisada.

Olliver parou o carro em frente ao prédio, se ofereceu para pegar Manu e logo eu subi na frente. Abri a porta e fui logo tratar de beber água, estava com a garganta seca.

Eu ia passando direto para o quarto, mas Olliver saiu dele e me impediu de sair da sala, segurando meu braço e me olhando com aquele olhar de cachorro que caiu da mudança.

- Não fuja do inevitável.- Disse e vasculhou todo o meu rosto.

- Não preciso fugir de ninguém.- Me sento no sofá e finjo que ele não está ali.

- Você sabe que eu não a convidei, não é?- Tentou manter calma na voz.

- Não sei.- Dei de ombros e fugi do seu olhar.

- Como não sabe?- Suspirou, pelo canto do olho pude vê-lo passar as mãos no cabelo.- Eu não a convidei, Sofia. Eu... Será que dá para me olhar?- Pediu e, depois de suspirar, o olhei com raiva.-Preciso dizer quantas vezes que não me importa quantas mulheres existem no mundo que eu só quero você?

- Isso não importa pra mim, não somos namorados.- Soltei, mesmo que aquilo doa em mim.

- Vai terminar comigo só por que eu não a convidei para o almoço?- O olhei com fúria.

Quem pensava que era? O último homem da terra que é um romântico? Não acredito em príncipes e muito menos em homens fiéis, Olliver pode muito bem querer, ainda, a cabelo de beterraba.

- Não, Olliver.- Me levantei e o encarei, mesmo que meu rosto ficasse centímetros mais baixo que o seu.- Não estou terminando por isso. Não sou nenhuma criança e sei que sua mãe convidou a Marina e o Paulo, você deveria saber disso e o que fez? Quis me levar assim mesmo. Olliver, eu tentei ser uma mulher elegante, uma mulher à sua altura, tentei ser alguém que você tivesse orgulho em abrir a boca e dizer, "essa é a minha namorada que tem dinheiro". Eu sei, Olliver, sei que sou pobre de tudo. Mas eu juro que tentei. E o que você faz? Me manda vesti uma calça ridícula e surrada, uma blusa velha de trabalho, alegando que sou bonita naturalmente. Mas o real motivo era me fazer sentir uma mendiga na frente de todos, não era? Me fazer sentir uma Zé ninguém, que não sabe se vestir e esfregar na cara daquela puta rica que eu sou pobre. Chega, Olliver. Posso ser pobre, mas não sou sua coisa.

- Pelo amor de Deus, Sofia, você está louca? De onde tirou isso? Não... O que você... Quando...- Suspirou e deixou seus braços caírem pesadamente ao lado do corpo.- Eu nunca faria isso com ninguém, muito menos com você. Eu nem sabia que Marina e Paulo iria para o almoço...

- Não sabia?- o cortei.- Tá bom. Sua mãe convida e você não sabe. Me poupe de suas desculpas mal contadas.- Sorri sem nenhum humor.

- Sofia, para de paranóia.- Pediu e passou as mãos nos cabelos.

- Agora eu sou louca?- Grito na sua cara.

- Que droga, para de inverter as cosias. Eu não estou dizendo que você é paranóica, estou dizendo que suas atitudes são.- Esclareceu.

- Além de pobre, órfã, esquentada, e mil e um defeitos, você ainda consegue encontrar outro e dizer que sou louca?- Balanço a cabeça para os lados.

Laços do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora